Feevale de Novo Hamburgo integra plano de estudo e sequenciamento genético do SARS-CoV-2 no Brasil

Feevale de Novo Hamburgo integra plano de estudo e sequenciamento genético do SARS-CoV-2 no Brasil

O projeto é chamado de Corona-ômica BR MCTIC/Finep

Stephany Sander

O projeto recolherá e sequenciará amostras da doença em todo o Brasil

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Um dos maiores projetos de estudo e sequenciamento genético envolvendo o Covid-19 no Brasil deve ter início em Novo Hamburgo. Uma rede de pesquisa formada por laboratórios e instituições localizadas de Norte a Sul do País terá a missão, durante dois anos, de realizar o sequenciamento genético do vírus causador da Covid-19, bem como identificar e entender a ação da doença em diferentes pessoas infectadas.

O projeto é chamado de Corona-ômica BR MCTIC/Finep: Rede Nacional de genomas, exoma e transcriptoma de Covid-19 para identificação de fatores associados à dispersão da epidemia e severidade, e é coordenada pelo professor da Universidade Feevale, com sede em Novo Hamburgo, Fernando Spilki. O grupo tem o intuito de elucidar a dinâmica epidemiológica da Covid-19 no Brasil, bem como preparar uma rede universitária altamente especializada no combate a futuras epidemias virais. O mestrado em Virologia da Feevale, por meio do Laboratório de Microbiologia Molecular da Instituição, é um dos espaços de pesquisa contemplados por fomentos oriundos da rede. Serão R$ 9 milhões em aportes financeiros para custeio de bolsas de pós-doutorado do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e formação de recursos humanos qualificados. "Estamos em fase de aquisição dos insumos para iniciar as análises, mas muitos dos laboratórios no País já começaram os testes", diz Spilki.

Ainda segundo o pesquisador, o projeto recolherá e sequenciará amostras da doença em todo o Brasil. "Pelo lado do vírus, vamos estudar a sua evolução, as cadeias epidemiológicas, como está sendo transmitida no Brasil entre as regiões, as suas origens. Com isso, podemos averiguar se há linhagens do vírus com maior ou menor virulência, quais as fontes e cadeias de contaminação por onde se disseminou e está se disseminando no Brasil, examinar se o genoma vai se manter constante ao longo do tempo e, se assim, as vacinas continuarão sendo eficazes depois que estiverem disponíveis", explica Spilki.

Outro aspecto a ser analisado é o paciente e por que alguns são mais suscetíveis à severidade da doença. Por isso, em algumas regiões, será feito, também, o sequenciamento do genoma de hospedeiros de Covid-19. " Assim, poderemos entender alguns fenômenos relativos à expressão genética das pessoas, que podem estar relacionados aos graus de severidade da doença. Isso nos permitirá averiguar se a diversidade genética de pacientes brasileiros influencia na resposta à doença e na gravidade da Covid-19", esclarece Spilki.

Este será o maior projeto de estudo e sequenciamento genético do SARS-CoV-2 no Brasil. Todos os laboratórios integrantes da rede Corona-ômica BR MCTIC/Finep farão coleta e sequenciamento de amostras. Após, os dados gerados serão centralizados e analisados pelo supercomputador Santos Dumont, o maior da América Latina, em Petrópolis (RJ).


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