Hospital de Passo Fundo conta com ambulatório para atendimento indígena

Hospital de Passo Fundo conta com ambulatório para atendimento indígena

Segundo dados do IBGE, a região Norte possui 54% da população indígena do Estado

Agostinho Piovesan

De agosto de 2021 até esta semana já foram realizadas 200 consultas e agendamentos por meio do Sisreg

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O Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, no Norte do Estado, criou, em parceria com a Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), o Ambulatório do Índio - Pe. Elli Benincá. A estrutura funcional está localizada no campus Passo Fundo da UFFS e recebe, diariamente, moradores das aldeias indígenas da região, compostas na sua maioria por Kaigangues.

Segundo o superintendente executivo do HSVP, Ilário De David, a equipe técnica do serviço é altamente preparada para levar a medicina de ponta até os povos indígenas. “Estamos quebrando barreiras e construindo pontes para nos tornarmos referência, também, neste campo de assistência à saúde, sendo que o Ambulatório do Índio, especializado no atendimento de média e alta complexidade, é uma conquista que simboliza a união de várias entidades.”

A médica Daniela Borges, que trabalha no Ambulatório do Índio, informou que de agosto de 2021 até esta semana já foram realizadas 200 consultas e agendamentos por meio do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). Ela disse que não há critério pré-estabelecido para os atendimentos, que vão desde as gestantes, bebês até os idosos. “Os indígenas são avaliados de modo integral em todos os ciclos da vida, incluindo os programas específicos de gênero e faixa etária e, quando necessário, eles já saem com encaminhamentos para especialistas e exames”, observa. Daniela informa, ainda, que os casos mais frequentes são de cirurgias de vesículas, investigações neurológicas, ortopedistas, ginecologistas e oftalmologista.

Além do HSVP e da UFFS, a estrutura conta com o incentivo do Ministério da Saúde, através da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) e do Governo do Estado, por meio da 6ª Coordenadoria Regional da Saúde (CRS). Por sua vez os municípios, nos quais são encontradas aldeias indígenas, também auxiliam, pois o encaminhamento e transporte dos pacientes é feito pelas Secretarias Municipais da Saúde (SMS).

A UFFS afirma que, outro grande diferencial do ambulatório é o atendimento itinerante que tem o objetivo de promover ações de prevenção. O coordenador acadêmico da Universidade Fronteira Sul, professor Leandro Tuzzin detalha que as equipes prestam apoio assistencial e realizam visitas periódicas nas aldeias, acampamentos e locais com grande concentração de indígenas, como nas proximidades do Aeroporto Lauro Kurtz, da Estação Rodoviária de Passo Fundo e municípios da região Norte. “Este trabalho é uma experiência única. Para os acadêmicos do curso de Medicina, isso permite integrar o ensino teórico às atividades práticas, nos diferentes cenários de aprendizagem, além de oferecer atendimento qualificado para a população indígena e garantir o cumprimento da missão Institucional do HSVP e da UFFS”, afirma.

A inclusão de indígenas no quadro de colaboradores do Ambulatório também é um benefício para o atendimento e, desta forma, o paciente se identifica com os profissionais bilíngues. A técnica em enfermagem Angele Amaro, se formou em 2018 e já atuava na área. “Eu trabalhava na parte ambulatorial do posto de saúde de Ibiraiaras e surgiu essa grande oportunidade de crescimento, sendo que fico feliz em poder ajudar o meu povo”, disse.

Segundo a UFFS, a denominação do Ambulatório do Índio - Pe. Elli Benincá é uma homenagem ao padre e professor universitário que, em vida, manteve engajamento constante na defesa e na promoção das comunidades indígenas e das suas manifestações culturais específicas.

Segundo dados do IBGE, a região Norte possui 54% da população indígena do Rio Grande do Sul, sendo 17.814 pessoas com predominância da etnia Kaingang.


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