Identificadas as quatro vítimas do incêndio em aldeia no interior de Ronda Alta

Identificadas as quatro vítimas do incêndio em aldeia no interior de Ronda Alta

Quatro índios caingangues morreram carbonizados no início da madrugada desta quarta-feira

Agostinho Piovesan

Incêndio ocorreu nesta madrugada

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Foram identificados os quatro índios caingangues que morreram carbonizados em um incêndio, na madrugada desta quarta-feira, no interior de Ronda Alta, no Norte do Rio Grande do Sul. São eles Josué Gabriel Silveira, 23 anos; Suzana Mariano, 24; Esmael Batista, 25, e Edilson Kesig Paula, 21 anos. 

O fogo teve início à 1h, na localidade de Alto Recreio, na Reserva da Serrinha, e foi controlado pelos moradores próximos. Várias guarnições da Brigada Militar, Samu, ambulâncias dos municípios da região, caminhão-pipa da Prefeitura de Ronda Alta e Bombeiros se deslocaram até o local para atender a ocorrência. Os corpos foram encaminhados ao IML no início da manhã de hoje. 

As primeiras diligências apontam que seis pessoas participavam de uma festa numa residência e as lideranças indígenas foram comunicadas da algazarra. Eles foram até o local e prenderam os "infratores", que foram presos e deixados no interior da cadeia.

A cadeira é uma estrutura utilizada na comunidade indígena para penalizar moradores da aldeia que cometeram alguma infração no interior da reserva. As normas seguem um Estatuto de Disciplina dos próprios índios.

O delegado de Polícia de Sarandi, Leandro Antunes, que responde por Ronda Alta, informou que o caso já está sendo apurado. Ele disse que estão sendo ouvidos o cacique da reserva e várias outras pessoas. Segundo Antunes, o Estatuto do Índio permite que ocorram punições próprias no interior das aldeias, mas que não podem ultrapassar os limites da ética e que todos os direitos sejam assegurados. 

De acordo com o cacique Marciano Claudino, os índios infratores normalmente são presos e no dia seguinte soltos. "Infelizmente aconteceu esse fato horrível aqui na nossa comunidade", disse. Claudino afirmou que 99% dos problemas envolvendo pessoas da comunidade indígena são solucionados com a intervenção das lideranças da aldeia. "Nossa aldeia, que possui três mil índios, numa área de 12 mil hectares, é referência no Rio Grande do Sul em termos de organização e tranquilidade", observou.

A reserva da Serrinha está localizada em partes dos municípios de Ronda Alta, Constantina, Três Palmeiras e Engenho Velho. Na área vivem índios caingangues e guaranis.

O Instituto-Geral de Perícias (IGP) informou que um Perito Criminal realizou atendimento em local das mortes na reserva da Serrinha. O laudo com as causas do sinistro deve ser concluído em 30 dias.


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