Migrantes venezuelanos chegam a Chapecó para iniciar nova vida em SC e RS

Migrantes venezuelanos chegam a Chapecó para iniciar nova vida em SC e RS

Trabalhadores estavam abrigados em centros de acolhimento em Boa Vista (RR)

Agostinho Piovesan

A maioria dos venezuelanos irá trabalhar numa agroindústria de Seara (SC)

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Um grupo com 59 migrantes venezuelanos desembarcaram nesta semana, em Chapecó, para iniciar uma nova fase a partir de oportunidades de emprego em cidades do Oeste de Santa Catarina e Norte do Rio Grande do Sul. Eles estavam abrigados em centros de acolhimento em Boa Vista (RR). Trinta e um deles foram contratados para trabalhar numa indústria de alimentos na região de Seara, no Oeste catarinense, e um venezuelano segue viagem para Frederico Westphalen, no Norte do Rio Grande do Sul, onde vai trabalhar numa empresa de peças mecânicas.

A viagem da capital roraimense para Chapecó foi realizada com o apoio da Organização Internacional de Migração (OIM). Segundo a OIM as oportunidades de emprego surgiram a partir de uma parceria entre as empresas contratantes – que abriram os processos seletivos em Boa Vista (RR). O Serviço Jesuíta a Migrantes e Refugiados (SJMR Brasil) e a Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI) acompanharam as entrevistas dos venezuelanos e viabilizaram a interiorização do grupo para Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Segundo o diretor nacional do SJMR Brasil, padre Agnaldo Júnior, as ações realizadas em parceria são capazes de produzir um resultado muito melhor e garantir um impacto transformado de maior duração. “Apostamos nesse trabalho conjunto com a AVSI e esperamos que os migrantes e refugiados aproveitem bem essa oportunidade e possam viver em melhores condições, juntamente com suas famílias”, disse.

Segundo a gerente especial da AVSI, Thais Braga, uma parte do grupo irá residir na cidade de Seara (SC), um grupo menor na cidade de Itá, também em Santa Catarina e uma família seguiu para a cidade de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul. “Sabemos que essa transição merece toda atenção, já que essas pessoas estão saindo de Boa Vista e não contam com recursos para arcar com aluguel ou outras despesas neste momento. Por isso, garantimos um acompanhamento de três meses, para que eles consigam economizar seus proventos e, a partir do quarto mês, consigam sua autonomia definitiva”, afirma.

O projeto da vinda de migrantes para o Sul do Brasil também prevê a presença de uma assistente social que fará o acompanhamento junto aos grupos por três meses, visando apoiar com a integração local e com a empresa. Todos os novos contratados começam as atividades ainda neste mês de outubro, já concluíram as etapas do processo seletivo e estão com as documentações e vacinas em dia. Eles também já passaram por exames da Covid-19 e devem cumprir um período de quarentena antes das atividades laborais.

Desembarque

Os migrantes desembarcaram no aeroporto Serafim Enoss Bertaso, em Chapecó, em voos e dias alternados. Os trabalhadores demonstraram contentamento e muita expectativa ao chegarem na cidade. “Estamos aqui para uma nova vida e agradecemos pela acolhida e oportunidade oferecida pelo povo brasileiro”, disse um dos venezuelanos.

Este é o segundo grupo interiorizado por meio da parceria entre o SJMR e AVSI. Em fevereiro deste ano, 87 venezuelanos foram realocados na região e contaram com o acompanhamento durante três meses. Depois disso, todos já deixaram as acomodações temporárias e residem na região Oeste de Santa Catarina com recursos próprios. “Nossa avaliação do primeiro grupo é altamente positiva. Os venezuelanos se adaptaram bem a cidade e elogiam muito o acolhimento que receberam, tanto na empresa onde trabalham, como em suas comunidades”, disse Thais Braga.

Crise na Venezuela

Atualmente, cerca de quatro mil venezuelanos continuam abrigados em Boa Vista. A Venezuela enfrenta uma intensa situação política, econômica e social, que foi reconhecida pela comunidade internacional como uma crise humanitária. Como resultado dessa crise, desde 2018, milhares de venezuelanos fugiram pela fronteira brasileira em busca de abrigo, gerando pressões sociais e econômicas no estado de Roraima, especialmente nas cidades de Boa Vista e Pacaraima. Segundo dados da Operação Acolhida, mais de 800 mil atendimentos foram realizados na fronteira.


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