Moradora de Novo Hamburgo se forma aos 58 anos
Cerimônia de formatura dos estudantes do EJA está marcada para este sábado
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Locide foi mãe pela primeira vez aos 15 anos e não teve a oportunidade de aprender a ler e escrever. “Criei meus filhos e só depois que estavam crescidos comecei a pensar em mim. Um dia, fui me inscrever em um curso de artesanato, mas não sabia escrever meu nome na ficha. Foi aí que uma professora me indicou o curso de alfabetização”, lembra.
O início dos estudos foi há três anos, no curso para jovens e adultos do Colégio Marista São Marcelino Champagnat de Novo Hamburgo. Mesmo com percalços, como a perda de visão da filha mais nova, Locide nunca pensou em desistir. “Tinha que provar para mim e para meus filhos que sou capaz”, diz. Ela salienta que a convivência escolar a ajudou ainda a se livrar da depressão. “Todos sempre me aceitaram e me ajudaram.”
O diretor da instituição, Antonio Morés, destaca que a convivência, de diferentes perfis e faixas etárias dos alunos, é um dos grandes diferenciais do EJA - Ensino de Jovens e Adultos. “São trajetórias diferentes, mas cada um se torna protagonista da sua própria história. É um crescimento pessoal e de resgate de autoestima”, explica. Os estudantes podem receber bolsa de estudos e são acompanhados por assistentes sociais, mentores e psicólogos. Ao menos 150 pessoas se formam a cada semestre na modalidade na escola. Agora, Locide escreve uma carta por dia, para aperfeiçoar os ensinamentos. “A gente nunca pode parar de aprender, eu ainda quero fazer muitos outros cursos.”