Na Região Sul do RS, moradores reclamam da demora na manutenção do serviço de energia

Na Região Sul do RS, moradores reclamam da demora na manutenção do serviço de energia

Em zonas rurais, produções de leite e fumo acabam sendo afetadas pela falta de luz constante

Angélica Silveira

Na Zona Sul do Estado as faltas de energia são constantes

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Na Zona Sul do Estado as faltas de energia são constantes. Conforme o presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) e prefeito do Cerrito, Douglas Silveira, a entidade se reuniu com representantes da CEEE Grupo Equatorial, mas a situação segue inalterada. “Todos os 22 municípios que fazem parte da associação registram problemas de falta de energia, principalmente nas zonas rurais”, enfatiza. Ele conta que em Cerrito famílias chegaram a passar até oito dias sem luz. 

Em Morro Redondo as comunidades também passam dias sem luz, principalmente na zona rural. O prefeito Rui Brizolara afirma que o principal problema é a demora no retorno da empresa quando há falta de energia. A cidade possui há muito tempo o Projeto São Pedro que leva luz diretamente da subestação para as comunidades de São Pedro e Santa Bernardina, que são os locais aonde mais falta luz na cidade.

“Atualmente faz uma volta para chegar até essas localidades e poderia ir direto. A CEEE fez o projeto para colocar outra rede, mas ocorreu a privatização e o assunto ainda não entrou na pauta da Equatorial, que estava previsto para setembro de 2021, mas até agora nada”, lamenta. Brizolara confirma que tem cobrado, mas a empresa diz que não há nada projetado para a execução. “Sabemos que não vai resolver todos os problemas, mas ajuda.”

A maior reclamação é a demora na reposição do fornecimento de energia. "Tivemos pessoas que ficaram seis dias sem luz, o que acarreta problemas aos produtores de leite, por exemplo, pois o produto perde qualidade”, observa. Ele conta que tem empresas que acabam cortando produtores de vender seus produtos, principalmente leite. “Na última quarta-feira, mesmo com o sol e sem vento, as pessoas me ligaram e reclamaram da falta de luz. Todas as semanas, em algum momento há falta de energia e a comunidade São Pedro é a mais afetada”, confirma.

No local, onde moram 54 famílias quilombolas, há aproximadamente 500 casas. Brizolara relata que normalmente trata destes problemas diretamente quando viaja até Porto Alegre, que antes da privatização ligava para o gerente. “Agora não tenho quem ligar, cai em 0800 e muitas vezes não atende. Já houve casos em que a equipe passou pela frente da localidade com problema para atender outra. Eles não param, por não ter informação da CEEE que tem que arrumar outro ponto de energia. Sem a liberação da empresa o funcionário não pode arrumar”, diz. 

A falta de luz também atinge Pelotas. A produtora de fumo Cristiane Hartwig possui uma propriedade na Colônia Aliança. No local ela e família plantam fumo em aproximadamente seis hectares. “Sempre tem falta de luz e na última vez passou dos limites. Ocorreu um temporal, caiu poste, pegou fogo. Eles vieram arrumar a luz de todo mundo e ficou o nosso trajeto sem conserto”, relata. Ela conta que o fumo perdeu em classe e peso, pois faltou energia para fazer a ventilação. “Ainda não comercializamos, mas pode se dizer que perdemos em torno de R$ 6 mil reais, só naquela estufa, mas ainda não calculamos o que perdemos também na questão do peso”, observa Cristiane. 

A produtora relata que ficou três dias sem luz e o vizinho mexeu no transformador tentando consertar. “No fim ficamos no total seis dias e meu vizinho nove sem luz, pois a funcionários da CEEE voltaram e mandaram desligar tudo e que voltariam no sábado. Por fim, só resolveram na noite de segunda-feira”, lamenta. 

Empresa reconhece dificuldades

Tanto nas reuniões com o MPRS quanto na Câmara, a empresa admitiu as falhas, e se comprometeu a investir em equipamentos, digitalizar processos para agilizar os atendimentos, e incrementar as equipes, contratando pessoal. À reportagem, a CEEE Grupo Equatorial salientou que “após a posse da CEEE-D, em julho de 2021, não tem medido esforços para realizar melhorias em sua rede de distribuição”. Disse ainda que as ações realizadas “demandam algum tempo para serem concluídas e percebidas como melhorias para os clientes”.

Em 2021, “já foram aplicados recursos em obras estruturantes nas cidades de Porto Alegre, São Lourenço, Turuçu, Santa Vitória do Palmar, Chuí, Jaguarão, Morro Redondo, Pelotas, Rio Grande, Pinheiro Machado, Piratini e São José do Norte”, e que, para 2022, “estão previstos investimentos em projetos de novas subestações, expansão e melhoria de rede e manutenção”. 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895