Novo Hamburgo e Feevale iniciam projeto de Educação Antidiscriminatória

Novo Hamburgo e Feevale iniciam projeto de Educação Antidiscriminatória

Pesquisa nacional, realizada com 501 escolas públicas, concluiu que as escolas são ambientes onde o preconceito é bastante disseminado

Stephany Sander

publicidade

Através de um convênio firmado entre a Universidade Feevale e a Secretaria Municipal de Educação (Smed) de Novo Hamburgo será iniciado um projeto de Educação Antisdicriminatória. O lançamento oficial da iniciativa ocorre nesta quarta-feira, por meio de uma webconferência com as equipes diretivas das 89 escolas municipais da cidade, e com a participação do reitor Cleber Prodanov e da secretária municipal de Educação, Maristela Guasseli. A proposta é mobilizar pesquisadores da Universidade na formação das equipes diretivas e professores que atendem os cerca de 24 mil estudantes da rede pública da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Serão realizadas ações de sensibilização, construção e socialização de diferentes iniciativas, com o objetivo de oferecer elementos para a construção de uma política pública educacional antidiscriminatória em Novo Hamburgo.

Uma pesquisa nacional realizada pela Fundação de Pesquisas Econômicas/Finep, com 501 escolas públicas, concluiu que as escolas são ambientes onde o preconceito é bastante disseminado. A pesquisa, realizada com 18,5 mil alunos, pais e mães, diretores, professores e funcionários, revela: 99,3% das pessoas demonstram algum preconceito; 96,5% têm preconceito com relação a portadores de necessidades especiais; 94,2% têm preconceito étnico-racial; 93,5% de gênero; 91% de geração; 87,5% socioeconômico; 87,3% com relação à orientação sexual; e 75,95% possuem preconceito territorial.

Diante deste contexto, o convênio entre a Feevale e a Smed tem como foco a sensibilização e a formação de professores e gestores. O reitor Cleber Prodanov reforça a importância da parceria. “Esse cenário nacional convoca a Universidade para um movimento sistemático de aproximação com a rede pública e, assim, contribuir para que o território escolar desenvolva estratégias que possam dizimar a propagação de preconceito, de exclusão, de discriminação. A Universidade Feevale tem significativa experiência no diálogo com a rede pública e possibilidades para promover a articulação da pesquisa na formação docente e ampliar o debate na comunidade”, afirma.

De acordo com o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e Intersexuais (ILGA), o Brasil ocupa o primeiro lugar nas Américas em quantidade de homicídios de pessoas LGBTs e, também, é o líder em assassinato de pessoas trans no mundo. Segundo a professora Saraí Schmidt, responsável pela coordenação do Convênio com o Grupo de Pesquisa Criança na Mídia e integrante do Núcleo de Formação da Smed de Novo Hamburgo, pesquisas recentes indicam a existência de correlação entre preconceito, discriminação e a aprendizagem dos estudantes.

“É preciso humanizar os dados e potencializar um processo de mudança no ambiente escolar para promover a diversidade. Nosso convênio envolve ações específicas e pontuais que visam à mudança de comportamento. O grupo de pesquisa Criança na Mídia desenvolve formações com a Prefeitura de Novo Hamburgo desde 2018. A proposta deste acordo de cooperação é formalizar um convênio para o desenvolvimento de um programa piloto sem custos para os cofres públicos e significativo impacto social”, explica.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895