Obras e falta de recursos dificultam o acesso a bibliotecas em Santa Rosa

Obras e falta de recursos dificultam o acesso a bibliotecas em Santa Rosa

Prédio Olavo Bilac passa por reformas e não permite acesso ao acervo de livros, salas de estudo e internet

Felipe Dorneles

Expectativa da prefeitura é de que os trabalhos estejam concluídos até o fim do ano

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Estudantes, professores e leitores que chegam à Biblioteca Pública Municipal Olavo Bilac de Santa Rosa se deparam com o local fechado e um aviso de que o atendimento ocorre no Centro Cívico e Cultural. O prédio está em obras e, com isso, a população continua podendo retirar e devolver obras, mas está sem acesso ao acervo, salas de estudo e internet. 

Idealizadora e coordenadora da Semana Mundial do Livro, Maira Engers diz que o atendimento improvisado gera menos leitura e frustra leitores. “A prefeitura deveria ter alugado um prédio para estruturar a biblioteca levando em consideração o tempo de obra.” Ela lembra que existem vários pontos com livros pela cidade, porém não há espaços como na biblioteca, com salas de estudo e computadores. “Leitura é acesso à cidadania, nosso acervo precisa estar à disposição da população.”

O atendimento do bibliotecário e demais servidores ocorre em uma mesa no primeiro pavimento do Centro Cívico, em frente ao prédio da biblioteca. No segundo piso, há outro serviço ao público, com alguns livros. O restante do acervo está no Centro Cultural − que também passa por obras−, ainda sem acesso à comunidade. Quando alguém solicita um exemplar, o bibliotecário se desloca para a retirada. Segundo a Secretaria Municipal de Cultura, o movimento não reduziu, apenas o uso dos espaços que não ocorre, temporariamente. Além disso, 400 novos títulos estão chegando neste semestre, além de oito notebooks para pesquisa.

Os amigos Victoria Alves e Cristian Viana estiveram no prédio da biblioteca e foram informados por uma servidora do município que o atendimento ocorre no Centro Cívico. “Viemos fazer trabalhos da escola. Como estudamos em instituições diferentes, não podemos acessar um a escola do outro. Vamos procurar outro local para estudar, já que as salas de estudos não estão disponíveis”, disse Victoria. 

No início deste mês, o vereador Dado Silva formalizou pedido de informação em sessão da Câmara, para saber onde realmente está funcionando a biblioteca, onde fica o acervo e as condições do atendimento ao público. “Precisamos avaliar este serviço importante para a formação de cidadãos. E vamos movimentar entidades e órgãos como o Ministério Público para estender o horário de atendimento para que trabalhadores tenham acesso à leitura”, destaca. O Executivo tem 30 dias para retornar o pedido de informação. O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 7h30min às 12h e das 13h30min às 17h30min.

O secretário municipal de Cultura, Rafael Rufino, confirma que a biblioteca está fechada há um ano e que o atendimento no prédio foi suspenso no momento em que ocorriam os trabalhos externos. “As obras da parte externa foram concluídas no começo deste ano, e o projeto das internas está em fase de finalização.” Após, será aberta licitação para definir a empresa que irá executar os serviços internos. Rufino lembra que pode não haver empresas interessadas ou que venha a ocorrer protocolo de recursos, podendo atrasar o processo. Por outro lado, o projeto será executado com recursos livres, o que facilita o pagamento dos fornecedores. A expectativa é de que até o final do ano as obras estejam concluídas.

Rufino diz que a situação é necessária para que ocorram o investimento e as melhorias na estrutura. Ele lembra que a população pode pesquisar sobre o acervo no site da biblioteca. “É um transtorno, mas alugar uma estrutura seria um custo desnecessário. Ninguém está desamparado.”

Bibliotecas de escolas

A precariedade no atendimento em bibliotecas se estende a 18 escolas estaduais do município. Todas possuem bibliotecas, mas, atualmente, funcionam de forma parcial. Segundo a 17ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), o atendimento é de algumas horas ou de um turno por dia.

Professora de português, língua inglesa e literatura da Escola de Educação Básica Santos Dumont – Polivalente, Maria Rosane Ely Hansen revela que com muita luta conseguiram garantir o funcionamento da biblioteca da escola durante um turno diário. "Mobilizações do grêmio estudantil da escola, pais e professores junto à 17ª CRE garantiram esta conquista. Porém, o prazo dado é até o final deste ano”. A professora realizou treinamento com todos professores e monitores da escola, para que consigam atender alunos em períodos em que a biblioteca não está em funcionamento com bibliotecário.

A Secretaria Estadual da Educação informou que foi repassada orientação às coordenadorias regionais de educação para que priorizem o atendimento aos alunos em sala de aula e que, se os recursos humanos disponíveis na escola porventura não estiverem em sala de aula, podem assumir atendimento em setores como a biblioteca. O entendimento baseia-se na razão de que a nomeação dos professores visa ao atendimento da regência em sala de aula, motivo pelo qual os professores foram efetivados em suas funções no Estado. 

As 13 escolas municipais de ensino fundamental de Santa Rosa possuem biblioteca, com atendimento integral, no período em que a escola está em funcionamento.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895