Obstetras e pediatras da Santa Casa de Santa Vitória do Palmar devem parar atividades no dia 24

Obstetras e pediatras da Santa Casa de Santa Vitória do Palmar devem parar atividades no dia 24

Entre as reclamações dos médicos estão os valores recebidos pelos profissionais

Angélica Silveira

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Os médicos obstetras e pediatras que desempenham sobreaviso na Santa Casa de Misericórdia de Santa Vitória do Palmar, decidiram paralisar suas atividades a partir do próximo dia 24. A decisão foi comunicada oficialmente à administração do Hospital, a Secretaria de Saúde do município, a Promotoria de Justiça e ao CREMERS. Entre as reclamações dos médicos estão os valores recebidos pelos profissionais, que, segundo eles, estão abaixo do que é praticado pelo mercado, além de problemas estruturais da instituição que afetam o desempenho das atividades médicas com segurança.

Os médicos dizem que, por meio do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (SIMERS), conversaram com a administradora da Santa Casa e que nada se modificou. "A paralisação das atividades dá-se pelo silêncio desrespeitoso ao corpo de profissionais. A postura de indiferença adotada pela Instituição demonstra sua completa deficiência e desrespeito com à população, além de não buscar alternativas que visam a modernização e melhorias do fluxo de caixa da Santa Casa", disse a diretora Regional Sul do Simers, Daniela Alba.

Por meio de uma nota publicada em suas redes sociais, a direção da Santa Casa se disse surpresa com a notícia de que médicos pediatras e ginecologistas pretendem parar com os atendimentos eletivos. “A surpresa se deu principalmente pelo fato que as partes vinham mantendo conversas no intuito de encontrar alternativas para se oferecer uma melhor remuneração aos profissionais, ao passo que, neste momento, era aguardada pela administração uma proposta formal de valores e não a notícia da paralisação”, observa. A administração da instituição reconhece que a atual oferta financeira aos profissionais se encontra distante da realidade médica, mas reclama que os profissionais não compreendem que a situação do hospital é diferente da realidade do Rio Grande do Sul, tanto pelo histórico, quanto pelo porte da instituição.

A gestão da Santa Casa salienta, ainda, que a administração não é indiferente ao pleito dos médicos. Segundo a instituição, em junho os médicos receberam aumento de 60% no valor do plantão de sobreaviso e de 100% no valor da consultoria, quando o profissional vai presencialmente ao pronto atendimento, com a finalidade de avaliar o paciente e encaminhá-lo. Ainda em nota, a administração enfatiza que nenhuma outra categoria recebeu aumento no período, por falta de possibilidade. “Os atendimentos médicos de urgência e emergência não estão sob risco de paralisação, somente aqueles ditos eletivos, e que se observados quaisquer prejuízos maiores, a instituição buscará solucionar o mais breve possível o problema, mesmo que isto importe a busca de outros profissionais”, destaca.

O Sindicato afirma que sempre expôs à Santa Casa a situação dos médicos em relação aos seus honorários e também a estrutura do hospital. “Nosso compromisso de auxiliar a encontrar saídas que venham possibilitar melhorias no fluxo de caixa, modernização da instituição e upgrade no networking de parceiros, convênios e demais fontes de receitas já foram elencadas à administração, que nada demonstrou interesse em implementar”, lamenta. Por fim, o Simers diz ter ciência que a instituição é filantrópica, mas enfatiza que há diversos casos de sucesso no mercado hospitalar que conseguiram equilibrar as contas e hoje tem boa situação financeira, conseguindo seguir os honorários praticados atualmente.


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