Pandemia impede índios de comercializarem seu artesanato

Pandemia impede índios de comercializarem seu artesanato

Segundo o cacique da reserva indígena de Iraí, todos aguardam o momento certo de retomar as vendas de produto

Agostinho Piovesan

Em Frederico Westphalen, os índios vendiam seus produtos na Expofred que foi adiada para 2022

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A pandemia do coronavírus afetou diretamente a venda de artesanato e outros produtos normalmente comercializados pelos índios – a maioria caingangues - que vivem em aldeias no Norte do Estado. A maioria deles vivem na Reserva do Guarita, nos municípios de Tenente Portela e Redentora. Várias outros municípios contam com aldeias indígenas, entre os quais Nonoai, Iraí, São Valério do Sul, Rio dos Índios, Ronda Alta, Benjamin Constant do Sul e Liberato Salzano.

Com a Covid-19, os índios não puderam mais circular livremente e vender seus produtos em feiras, praças e ruas das cidade. Com isso, a própria subsistência dessa população ficou comprometida. No final de dezembro do ano passado e início deste ano, os indígenas ainda conseguiram oferecer seus produtos no litoral, especialmente em Santa Catarina.

Segundo o cacique da reserva indígena de Iraí, Jadir Jacinto, todos aguardam o momento certo de retomar as vendas de produtos. “A venda de artesanato em feiras, praças e ruas das cidade é uma forma da gente conseguir recursos que são utilizados na manutenção das famílias dos índios”, afirma

Em Iraí, vivem 1,1 mil caingangues – no antigo aeroporto, zona Norte da cidade, e no antigo patronato, nas margens da BR 376. A expectativa, afirmam as lideranças caingangues, é que a partir da vacinação da maioria da população voltem os eventos como as feiras e as vendas possam ser feitas. Os indígenas estão entre os grupos prioritárias na vacinação contra o Covid-19.

Dificuldades

O prefeito de Iraí, Antonio Vilson Bernardi, confirma as dificuldades de subsistência dos indígenas. “Ainda bem que, no período de veraneio centenas de índios de várias reservas do  Norte do Rio Grande do Sul conseguiram vender o artesanato no litoral gaúcho e catarinense, o que garantiu recursos para auxiliar a enfrentar esse período de restrições provocadas pelo coronavírus”, disse.

Na avaliação de Bernardi, as dificuldades enfrentadas pelos indígenas é a mesma registrada no comércio das cidades, afetadas pelas fortes restrições impostas pelo governo do Estado. “Deve ocorrer, a partir da próxima semana, uma flexibilização e com isso de forma parcial as atividades econômicas voltam a acontecer”, observa o prefeito.

Na região Norte, uma das feiras em que os índios vendiam seus produtos era a Expofred, em Frederico Westphalen, mas o evento já foi transferido em duas oportunidades em decorrência do novo coronavírus.


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