PIB do RS em 2022 tem queda de 5,1% por causa de estiagem
Número foi fortemente impactado pela Agropecuária, enquanto Indústria e Serviços tiveram alta
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A economia gaúcha registrou queda de 5,1% em 2022, na comparação com o ano anterior. O principal impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul teria sido a estiagem que atingiu o Estado, especialmente nos meses de verão. Com a falta de chuvas, a Agropecuária foi afetada e apresentou retração de 45,6% no ano passado, colaborando diretamente para que o PIB de 2022 caísse. Os dados do acumulado do ano e do quarto trimestre de 2022 da economia gaúcha foram divulgados nesta quinta-feira, pelo Departamento de Economia e Estatística (DEE), vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG) do Estado.
Ainda de acordo com os dados, em 2022, o PIB do Rio Grande do Sul somou R$ 594,96 bilhões, o que representa 6% do PIB nacional. O PIB per capita apresentou queda de 5,4% na comparação com 2021, registrando o valor de R$ 51.701. O DEE ainda apresentou a situação econômica do Brasil no último ano, que, ao contrário do Estado, registrou crescimento de 2,9% no PIB. Segundo a secretária de Planejamento, Governança e Gestão do RS, Danielle Calazans, a iniciativa Supera Estiagem, lançada pelo governo, busca, além de mitigar os impactos negativos da falta de chuvas, evitar que o problema volte a ocorrer, trazendo novas quedas para a economia gaúcha. “A intenção é que a gente tenha ações estruturantes”, afirmou a titular da pasta.
Conforme a secretária e técnicos do departamento que participaram do anúncio dos resultados, a queda no acumulado do ano se manteve mesmo com a alta de 1,7% registrada no quatro trimestre de 2022 frente ao terceiro. A recuperação naquele último trimestre foi puxada pela melhoria apresentada nos últimos meses do ano no setor de Serviços (+1%) e na própria agropecuária (+43,3%). No acumulado de 2022, a Indústria (+2,2%) e os Serviços (+3,7%), considerados dois grandes segmentos da economia que compõem o cálculo, tiveram altas no RS.
A retração na Agropecuária no acumulado do ano foi puxada pelas reduções na produção de Soja (-54,3%), Milho (-31,6%), Fumo (-14,6%) e Arroz (-9,7%), principalmente. O trigo, principal cultura de inverno, apresentou alta de 49,0% na quantidade produzida. "Como já era esperado, a queda da produção agrícola do Estado, ocasionada por forte estiagem, notadamente nos dois primeiros trimestres do ano, acabou por determinar que o PIB gaúcho apresentasse retração em 2022, na comparação com 2021. Por outro lado, indústria e serviços cresceram, compensando, em parte, as perdas na agricultura", avaliou o pesquisador em Economia do DEE, Martinho Lazzari.
Na Indústria, todas as atividades registraram desempenho positivo em 2022, conforme o DEE. Destacaram-se, em termos percentuais, o segmento da Construção, com alta de 5,8%, o setor de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, que teve elevação de 5,6%, a Indústria extrativa mineral, com mais 3,4%, e a Indústria de Transformação, com alta de 0,7%. Considerado o setor industrial mais representativo no Estado, Indústria de Transformação teve destaques de alta para as atividades de indústrias de Máquinas e Equipamentos (+12,3%), Veículos automotores, reboques e carrocerias (15,3%) e Produtos do fumo (+11,4%). Entretanto, dentro do ramo de transformação, houve quedas de 12,5% nos grupos de Produtos químicos, de 12,9% em Móveis e de 4,1% em Produtos de metal.
Nos Serviços, das sete atividades divulgadas no PIB, seis tiveram variação positiva no ano passado. Com destaques de alta estiveram Serviços de informação, com mais 8,7%, Outros Serviços com crescimento de 8,2%, e o Comércio, com acréscimo de 5,3%. O único resultado negativo do segmento foi registrado por Administração, educação e saúde públicas, com queda de 0,6%. Nas 10 atividades comerciais, mais da metade apresentou desempenho positivo. Entre as seis com alta se destacaram Hipermercados e supermercados (+4,5%), Combustíveis e lubrificantes (+30,4%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (+6,9%). As maiores quedas dentro do comércio, por grupos, foram veículos (-8,1%) e material de construção (-12,1%).
Mesmo com a agropecuária afetada pela estiagem, atividades ligadas a ela, principalmente na indústria, não tiveram impacto maior, devido a fatores como o aumento dos preços, que pode auxiliar com que haja resultados positivos mesmo com a queda de produção. Na atividade das indústrias de Máquinas e Equipamentos, Lazzari aponta que o provável motivo para o bom desempenho tenha sido a exportação para outras regiões do Brasil e diferentes países, que conforme o DEE representa aproximadamente 80% do segmento. A região do Cerrado, com estabilidade climática, seria uma das principais importadoras de máquinas. No fumo, o movimento foi contrário e os gaúchos se utilizaram da importação para garantir crescimento.