Plano de recuperação da Ulbra é refeito e será votado em assembleia de credores

Plano de recuperação da Ulbra é refeito e será votado em assembleia de credores

Será apresentada uma nova proposta a quatro classes de credores

Fernanda Bassôa

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A assembleia com os credores da Ulbra para votação do novo Plano de Recuperação Judicial da Associação Educacional Luterana Do Brasil – Aelbra, mantenedora da Rede Ulbra de Educação ocorre nesta sexta, às 14h. Na pauta, que acontece em formato virtual, mas com transmissão ao vivo pelo YouTube, será apresentada uma nova proposta às quatro classes de credores – trabalhistas, bancos, microempresas e credores quirografários - para que sejam quitadas as dívidas e evitada a falência da mantenedora.

Em maio de 2019, a Aelbra ingressou com um pedido de recuperação judicial na Comarca de Canoas, tendo sido deferida a solicitação em dezembro do mesmo ano. A Aelbra possui um passivo de quase R$ 9 bilhões em tributos, obrigações trabalhistas e débitos com fornecedores. Só em dívidas trabalhistas, ligadas aos cerca de 7 mil empregados (ativos e inativos), as obrigações somam R$ 773 milhões.  

O advogado, presidente da Associação dos Ex-Empregados Credores da Ulbra, Felipe Ferraz Merino, diz que não deve ocorrer um novo adiamento da assembleia porque nestes últimos 15 dias foram feitos ajustes no plano em consenso com todos para que se chegue à um comum acordo. “Os ajustes foram feitos de forma que chegasse o mais próximo de agradar a todos os envolvidos. Embora isso não seja unânime. Nestes ajustes ficou acertado que a Ulbra vai se desfazer de todas as operações no RS, que é o maior patrimônio e também o de maior valor.” Segundo ele, o plano foi protocolado na segunda-feira, porém negociações internas ainda estão ocorrendo e, nada impede, conforme explica Merino, que alterações sejam feitas durante a própria assembleia especialmente com relação ao valor de divisão dos valores entre classes. 

“A proposta para classe trabalhista atende a maioria das pessoas mais humildes, que tem direito a receber até 150 salários, as principais beneficiadas. Isso quita em torno de 90% dos créditos trabalhistas existentes. Ainda assim, haverá a criação de um conselho, cujos membros acompanharão as atividades da Ulbra até a data da venda. Existem um item que garante, após a homologação do plano, estabilidade de 12 meses para atuais empregados.”

Merino explica ainda que o tempo médio para se viabilizar a venda das operações da Ulbra no RS é até julho de 2022 e, segundo ele, caso não houver acordo durante a assembleia marcada para esta sexta-feira, corre-se o risco da Justiça decretar a falência da Instituição. 

Em novembro, a diretoria da Aelbra, se manifestou oficialmente no canal oficial da instituição direcionando a palavra aos professores e colaboradores administrativos.  

“Há alguns meses, a Aelbra, mantenedora da Rede Ulbra de Educação, ingressou na Justiça com um pedido de Recuperação Judicial, medida que foi um passo importante no processo de reestruturação financeira de nossa Instituição. Por isso, dirigimo-nos a vocês para que estejam seguros de que não haverá impacto negativo nas rotinas acadêmicas de nossas unidades de ensino superior e nas atividades de educação básica. E, sobretudo, em nosso compromisso com o aprendizado de nossos alunos. Todas as disciplinas previstas em nossos cursos continuam ofertadas, os trabalhos acadêmicos e escolares seguem normalmente, assim como o calendário de aulas e demais atividades. Com isso, todos os alunos poderão cumprir sua trajetória acadêmica, sem qualquer alteração por conta da decisão que for tomada na Assembleia Geral de Credores. O uso do mecanismo da Recuperação Judicial, com base no disposto na Lei 11.101/2005, foi a alternativa para solucionar problemas financeiros que asfixiam a Instituição nos últimos anos, quitar as obrigações com todos os credores, em especial os trabalhistas, e cumprir o principal compromisso da Rede Ulbra de Educação, o de seguir garantindo a qualidade de ensino. Temos muito claro que a reorganização das finanças da Rede Ulbra de Educação beneficiará a comunidade escolar e a sociedade como um todo.” 


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895