Protestos marcam o final de semana na região das Hortênsias

Protestos marcam o final de semana na região das Hortênsias

Fiscais orientaram comerciantes que abriram seus estabelecimentos em desacordo com Decreto Estadual

Halder Ramos

Em Nova Petrópolis, a população protestou diante da sede da prefeitura e da Câmara de Vereadores

publicidade

Novos protestos contra a proibição de atividades classificadas como não essenciais foram registrados em Gramado, Canela e Nova Petrópolis no final de semana. Os fiscais das prefeituras atuaram no sentido de orientar os comerciantes que abriram seus estabelecimentos em desacordo com o Decreto Estadual de Distanciamento Social. No entanto, os servidores esbarraram na resistência da população e na falta de contingente operacional para realizar as fiscalizações.

Em Gramado, parcela significativa dos restaurantes e lojas da área central abriu no sábado e domingo. Estabelecimentos gastronômicos também permaneceram abertos no turno da noite, o que é proibido pelo decreto estadual. Conforme a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Gramado, a fiscalização sanitária está acompanhando todas as situações. No entanto, a prefeitura informa que apenas dois fiscais estão atuando de maneira orientativa e educativa por conta de infecção pelo coronavírus. “Estamos com baixo número de fiscais atuando. Vários fiscais estão em isolamento domiciliar”, diz a nota. O governo do Estado informa que está adotando as providências de fiscalização cabíveis.

Canela também registrou a abertura de estabelecimentos no final de semana. Em vídeos que circularam pelas redes sociais, fiscais municipais foram hostilizados pelos frequentadores de um bar. O efetivo da Brigada Militar foi acionado para prestar apoio, mas não houve agressões. Sob gritos de protesto, os fiscais deixaram o local. O incidente ocorreu no sábado.

Segundo o setor de Comunicação da Prefeitura de Canela, dois servidores do Departamento de Fiscalização, que estavam de plantão, passaram pelos estabelecimentos gastronômicos, repassando orientações de Vigilância Sanitária sobre os protocolos da bandeira preta. “Não houve notificação para nenhum estabelecimento. A primeira abordagem é sempre no sentido de orientação”, diz o texto.

Já em Nova Petrópolis, a população protestou diante da sede da prefeitura e da Câmara de Vereadores. Com fitas de isolamento, os manifestantes “interditaram” os espaços públicos por considerar as atividades não essenciais.
Os empresários da Região das Hortênsias defendem que o “turismo não é o vilão” e pleiteiam a flexibilização das medidas restritivas.

De acordo com a Associação de Parques e Atrações da Serra Gaúcha (APASG), 1,5 mil colaboradores entre seus 17 associados podem ser demitidos com o fechamento dos parques e atrativos de Gramado e Canela. Com a bandeira preta, atrações turísticas da região estão fechadas desde 22 de fevereiro. “O setor terá demissão em massa, desde o operacional até o alto escalão dos empreendimentos. São 1.500 trabalhadores com carteira assinada entre os associados da APASG e estimamos mais de 2.000 empregos diretos contabilizando não associados. Para evitar as demissões, os parques e atrativos precisam reabrir imediatamente, com os já conhecidos protocolos e habitual responsabilidade”, afirma Manoela Costa, presidente da APASG.

Em nota, a Prefeitura de Nova Petrópolis informa que respeita o direito constitucional de cada cidadão ao protesto e à livre manifestação. Também diz ser sensível aos problemas enfrentados pela economia, mas pondera que a administração é obrigada a seguir e aplicar as restrições do Modelo de Distanciamento Controlado. “O reforço na fiscalização por parte dos municípios é uma das exigências do governo do Estado para permitir a cogestão, sendo inclusive uma condição para novas flexibilizações”, descreve o texto. Segundo a prefeitura, novas tentativas em busca de flexibilizações acontecerão a partir desta segunda-feira. “Os números da pandemia começam a dar sinais de estabilização e recuo, ao passo que a vacinação avança. Para que o cenário continue melhorando, a flexibilização das atividades precisa ser igualmente gradual”, diz.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895