Reintegração é cumprida e índios deixarão Floresta Nacional de Canela

Reintegração é cumprida e índios deixarão Floresta Nacional de Canela

Parte da área foi ocupada por um grupo de 30 caingangues no dia 16 de julho

Halder Ramos

A reintegração foi cumprida na manhã desta quarta-feira

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Polícia Federal e Brigada Militar cumprem nesta quarta-feira mandado de reintegração de posse na Floresta Nacional de Canela. Parte da área foi ocupada por um grupo de aproximadamente 30 índios da etnia caingangue em 16 de julho. Em função do não cumprimento de determinação voluntária de desocupação, as forças policiais foram acionadas e a ordem judicial foi cumprida sem resistência. A expectativa é de que os índios deixem a área ainda hoje. 

Em decisão da 3ª Vara Federal de Caxias do Sul, o ICMBio, que é responsável pela floresta, teve atendido pedido para reintegração de posse. Os índios foram notificados a desocupar a área. O prazo para a saída encerrava à meia-noite da quarta-feira passada (15), mas o grupo pretendia ficar até que um estudo antropológico fosse realizado. Conforme Maurício Salvador, uma das lideranças indígenas, o grupo vai desocupar a área, mas não vai deixar Canela. “Não sabemos para onde vamos ir. O grupo decidiu que não irá sair do município”, diz.

O principal argumento dos índios para ocupar a Floresta Nacional é que a área foi ocupada por seus ancestrais. O grupo descende do cacique Zílio Salvador, que faleceu em agosto de 2017. Os líderes indígenas explicam que permanecer na área é um antigo pleito do cacique e alegam que existem indícios arqueológicos que comprovam que a área foi habitada por caingangues no passado. Eles apresentam peças de argila esculpidas artesanalmente e apontam para a existência de cavernas em meio a mata, que eram morada de seus antepassados. “Não vamos desistir dos nossos direitos. Queremos o estudo para mostrar que a terra sempre foi nossa”, afirma Salvador.  
 

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