Rio Grande adota restrições de bandeira preta

Rio Grande adota restrições de bandeira preta

Decreto local entra em vigor nesta segunda-feira

Angélica Silveira

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A prefeitura de Rio Grande, além de não recorrer da determinação estadual de bandeira vermelha para a região, irá adotar medidas de classificação preta no modelo de distanciamento criado pelo próprio município, ou seja, mais restritivas que as das outras cidades da Zona Sul. O decreto local, que entra em vigor nesta segunda-feira, paralisa a extensa maioria dos serviços não essenciais por uma semana.

A decisão foi tomada em reunião extraordinária do Comitê Técnico Municipal em Saúde no sábado. Para definir a cor preta, o grupo tomou como base o crescente aumento de casos de Covid-19 na cidade, que somavam 358 confirmados no sábado, com oito óbitos. Também foram consideradas a dificuldade de abastecimento de medicamentos nos leitos de UTI para Covid-19 em Rio Grande e a situação regional da pandemia.

Na tarde deste domingo, a administração da Santa Casa de Rio Grade esclareceu que, perante o cenário de desabastecimento dos medicamentos sedativos e bloqueadores neuromusculares e consequentemente o cancelamento de cirurgias eletivas e  hospitalizações na UTI, na última sexta-feira emitiu nota embasada no Centro de Operações de Emergência do Estado do RS, que determinou a racionalização do uso dos estoques. Com isso, não poderia receber mais pacientes na UTI. Na noite de sábado, porém, o hospital recebeu por empréstimo de outras instituições hospitalares da região e do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Côrrea Júnior da Furg uma pequena quantidade de medicamentos, que contribuirá para os atendimentos até a metade da semana. Atualmente, todos os leitos de UTI da Santa Casa estão ocupados, sejam eles voltados para pacientes com Covid-19 ou não. A administração está encaminhando uma compra no exterior com a expectativa de chegada dos medicamentos para terça-feira.

O Modelo Papareia de Distanciamento Social foi criado especificamente para o município pela Furg, em parceria com a prefeitura, com base no sistema do Estado. “O Comitê observou a bandeira vermelha anunciada na sexta-feira para a região Sul e aplicou os critérios de distanciamento propostos pelo Papareia. Percebemos um agravamento em todos os indicadores locais, associados à capacidade de atendimento aos casos de Covid-19, bem como à propagação do vírus. Dentro dos critérios qualitativos, avaliando o cenário de crescimento muito rápido de todos os indicadores da doença, o Comitê definiu pela adoção da bandeira preta”, explicou o vice-reitor da Furg, Danilo Giroldo.

O prefeito Alexandre Lindenmeyer esclareceu que supermercados, restaurantes, farmácias e afins são considerados serviços essenciais e vão funcionar normalmente, nas regras preestabelecidas em outros decretos. “Indústrias de alimentos, insumos e área portuária não têm gerência da administração municipal.”

Canguçu 

A prefeitura de Canguçu, no entanto, resolveu contestar a classificação vermelha, que abrange a região de Pelotas (R21), com 22 cidades. Segundo o prefeito Vinícius Pegoraro, o pedido de reconsideração local está fundamentado no lapso temporal já transcorrido no último óbito, que irá completar 14 dias nesta segunda-feira, mesmo antes da aplicação da bandeira, e no fato de o último paciente internado estar em Canguçu a trabalho. “No nosso entender a atividade de comércio, que é a mais atingida, não tem relação com a propagação dos casos, tanto que apenas 10% dos confirmados estão vinculados a ela.”

No sábado, Pegoraro participou da reunião virtual da Associação dos Municípios da Zona Sul, em que ficou acordado que a Azonasul não iria recorrer da decisão estadual, principalmente devido à situação do sistema de saúde dos dois municípios referências na região: Pelotas e Rio Grande. Se for mantida a bandeira vermelha, além dessas duas cidades e de Canguçu, terão que cumprir as restrições Piratini, São José do Norte e São Lourenço do Sul. O restante poderá seguir com os protocolos da laranja por não terem registrado mortes ou hospitalizações por Covid-19 nos últimos 14 dias.


Correio do Povo
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