Rodoviários de São Leopoldo entram em estado de greve após terem rejeitado 5% de reajuste salarial

Rodoviários de São Leopoldo entram em estado de greve após terem rejeitado 5% de reajuste salarial

De acordo com tesoureiro do sindicato, proposta apresentada foi considerada pela categoria como esmola

Fernanda Bassôa

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Trabalhadores rodoviários que integram o Consórcio Operacional Leopoldense (Coleo), concessionária que presta serviço de transporte coletivo urbano na cidade de São Leopoldo, entraram em estado de greve nesta segunda-feira, após terem rejeitado os 5% de reajuste salarial e do vale refeição proposto pela patronal na última sexta-feira.

De acordo com o tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de São Leopoldo, Wilson Caetano, a proposta apresentada foi considerada pela categoria como esmola. “Os trabalhadores estão sem reajuste salarial há três anos e as perdas giram em torno de 27%. Uma nova assembleia será realizada na próxima segunda-feira, dia 4 de julho. Até lá, aguardamos uma nova posição. Se não for satisfatória e não agradar a categoria, daí sim deflagraremos a greve”, explica Caetano, pontuando que atualmente todos os ônibus circulam normalmente, em todos os horários. “O estado de greve é apenas a sinalização de que pode haver uma paralisação geral.” Conforme Caetano, foi solicitado um pedido de mediação junto ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT-4). 

Com relação ao transporte público coletivo, a Prefeitura de São Leopoldo informou que “infelizmente, mais um reajuste nos combustíveis e principalmente no óleo diesel traz grande preocupação". Além disso, há também a informação de contingenciamento de compra do diesel, ou seja, a limitação de compra de apenas certa quantidade o que pode indicar racionamento ou falta do produto. Como já afirmado, só em 2022 foram de 60% de aumento, em um insumo que impacta mais de 30% o valor da tarifa.

“E apesar da crise, não vemos nenhum compromisso ou movimento por parte do Governo Federal para buscar uma solução ou minimizar o problema com impacto tão grave sobre a população e o povo de São Leopoldo. A Prefeitura segue em negociação com o Consórcio Municipal para evitar este repasse aos passageiros que diariamente utilizam o transporte público. Como informamos antes, por conta da pandemia já realizamos várias ações procurando resolver esta situação. Como por exemplo em 2021, aprovamos três leis para preparar o serviço de transporte público para o retorno gradativo aos serviços completos.” 

De acordo com a Administração municipal, a Lei que determina adoção do critério de renda para as gratuidades, fixando em 1,5 salário-mínimo per capita, o limite para a concessão do benefício direcionando às gratuidades para quem realmente necessita, e o fim da gratuidade para leituristas e conferencista do Semae, com a Prefeitura arcando com os custos de transporte destes profissionais. Além da lei que autoriza o Poder Executivo a conceder isenção temporária de repasse anual, isentando o consórcio de empresas de ônibus a repassar por 2020, 2021 e 2022, um recurso anual que somado aos três anos daria em torno de R$ 1 milhão. “Portanto, recurso que seria destinado a prefeitura, que com esta lei ficará com as empresas para auxiliar na retomada dos serviços.” 

E a Lei que cria o Cartão Social, direcionado para os desempregados, onde a prefeitura comprará créditos – passagem do Consórcio, para distribuir aos beneficiários dos programas sociais e para a criação de um programa específico para os desempregados, que está em fase de regulamentação e representará recurso a ser colocado no sistema com a compra antecipada de créditos/passagens.

Se o Governo Federal e Estadual tivesse o mesmo empenho para buscar saídas, com certeza estaríamos com este problema resolvido. Porém o que vemos é justamente o contrário, apenas a Prefeitura está preocupada e buscando saídas dentro das suas limitações administrativas e orçamentárias. 

“No que se refere a questão do dissídio da categoria, trata-se de uma relação trabalhador/empregado, sobre a qual não temos nenhuma gerência, e entendemos que devam ser bem remunerados pelo trabalho que prestam de acordo com as possibilidades reais e objetivas. Apesar da crise, e do total descaso e descompromisso com que Governo Federal e Estadual estão tratando o tema, a Prefeitura de São Leopoldo segue empenhada em garantir o serviço de transporte público na cidade.” 

A reportagem entrou em contato com Consórcio Operacional Leopoldense (Coleo), mas ainda não obteve retorno.


Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895