Santa Cruz do Sul contabiliza perdas de R$ 62 milhões com estiagem

Santa Cruz do Sul contabiliza perdas de R$ 62 milhões com estiagem

Cultivo de tabaco é a produção mais atingida com prejuízo de R$ 33 milhões

Otto Tesche

A Defesa Civil forneceu o empréstimo de reservatórios móveis de água para 21 cidades até o momento

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O prefeito de Santa Cruz do Sul, Telmo Kirst, assinou nessa quarta-feira o decreto de situação de emergência no município por causa dos prejuízos com o prolongado período sem chuva. Dados da Defesa Civil apontam que a produção na lavoura contabiliza R$ 62.104.192,75 de prejuízo. O cultivo do tabaco é o mais atingido pela falta de chuva, somando R$ 33 milhões de perdas, seguido pelo gado de corte,  hortifrutigranjeiros, milho e soja. O relatório foi elaborado pela Secretaria Municipal de Agricultura (Seagri) e Emater.

Um encontro do Conselho Agropecuário na manhã desta quarta-feira debateu os dados que foram apresentados ao prefeito e que embasam o decreto de situação emergência. As perdas somente na agricultura passam de 20% da produção estimada. O secretário municipal de Agricultura, Delsio Meyer, informou que o setor de hortifrutigranjeiros chega a registrar 40% de perda. “Como falta umidade, mais produtos não foram plantados. Isso deve impactar no bolso do consumidor, pois quando há menos oferta, o valor sempre sobe”, disse.

Outro setor que sofre forte impacto com a estiagem é a produção de leite. “Há perda na produção de grãos, como o milho, por exemplo, principal elemento da silagem que alimenta o gado. Isso interfere no leite, pois vai diminuir a qualidade da produção e aumentar o custo para alimentar os animais”, disse Meyer, destacando também o aumento no preço do arroz e do feijão.

O secretário disse que o prejuízo deve aumentar mais enquanto a chuva não chegar. Ele deixou ainda um alerta para a população. “Cuide bem da água, pois quando ela falta é que sentimos a importância”, recomendou. O coordenador da Defesa Civil, José Joaquim Dias Barbosa, disse que as comunidades mais atingidas são as que se localizam em regiões mais altas do Município, como Alto Paredão e São Martinho.  “A Prefeitura está dando apoio aos agricultores com a confecção de aguadas nas propriedades e a distribuição de água potável”, afirmou. Segundo ele, mais de 50 mil litros de água já foram distribuídos às residências.

Barbosa disse ainda que a orientação é de que os moradores atingidos pela estiagem devem procurar as secretarias de Agricultura, e de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, para realizarem um cadastro e efetivarem o pedido de ajuda. “Tanto as pessoas que precisam de água para consumo humano, como as que necessitam do serviço de abertura de poços, podem nos procurar que todas serão atendidas”, destacou.

O município vizinho de Vera Cruz realizou melhorias nas últimas semana no sistemas de abastecimento da cidade e do interior para evitar problemas com a falta de chuva. O secretário de Obras, Saneamento e Trânsito e de Desenvolvimento Rural e Meio Ambiente, Gilson Becker, informou que uma série de intervenções foram necessárias para garantir água tanto área rural quanto na zona urbana. Uma delas ocorre em Alto Ferraz, onde 15 moradores da localidade de São Jacó passarão a contar com rede hídrica pública nos próximos dias. Eles enfrentavam dificuldades de abastecimento em razão da estiagem e o município decidiu implantar uma rede de dois quilômetros para abastecer as propriedades. Nesta semana houve a substituição do reservatório que abastece mais de 200 ligações em Linha Tapera.

Atualmente, 95% das economias rurais de Vera Cruz são abastecidas por redes da Prefeitura. A intenção, conforme o prefeito Guido Hoff, é chegar ao final da gestão com 100% de fornecimento de água pública no interior, assim como já ocorre na área urbana. Apesar das intervenções para garantir o abastecimento, Becker alerta para a necessidade de conscientização nesse período. “O Município está priorizando as questões de abastecimento em razão da estiagem, aliada ao calor, e o consequente aumento do consumo. Mas é imprescindível que a população faça a sua parte e evite o desperdício com lavagem de carros e calçadas, enchimento de piscinas e outras atividades, até que as chuvas normalizem”, afirma Becker.

 


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