Toque de recolher não tem data para terminar em Três Passos

Toque de recolher não tem data para terminar em Três Passos

Circulação de pessoas está proibida das 22h às 5h nas ruas da cidade

Agostinho Piovesan

A cidade de Três Passos contabiliza 664 casos confirmados por Covid-19

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A Administração Municipal de Três Passos, no Noroeste do Estado, informou nesta sexta-feira que o toque de recolher implantado no dia 10 deste mês não tem data para terminar. A medida somente será suspensa a partir da volta da bandeira laranja e a redução do número de pessoas contaminadas pelo coronavírus.

O decreto baixado pelo prefeito, José Carlos Amaral, proíbe a circulação de pessoas nas ruas, das 22h às 5h. “Desde sua implantação, conseguimos fazer com que não ocorram aglomeração de pessoas, seja entre amigos ou até familiares e isso auxilia na redução da disseminação do Covid-19, tendo em vista que o número de casos era muito elevado e ainda continua a subir”, observou.

Amaral lembra que o número elevado de pessoas que testaram positivo deve-se também à grande quantidade de testes aplicados. “Somente no frigorífico da JBS, foram realizados 1,1 mil testes, além de centenas aplicados nos demais moradores do município”, observa. O prefeito ressalta que o Hospital de Caridade conta com 10 leitos de UTI, nenhum ocupado por coronavírus, e 20 leitos Covid, sendo oito ocupados e com previsão de alta neste sábado.

Amaral afirmou que o elevado número de casos Covid-19 deve-se a quatro fatores. “Temos um frigorífico que reúne grande número de pessoas, um presídio estadual e três Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs).” Além disso, segundo Amaral, a cidade possui um hospital referência regional, o Hospital de Caridade, onde são atendidos pacientes de outros municípios da região.

A cidade já contabiliza sete óbitos e 664 casos confirmados, o maior número de pessoas infectadas na área dos 26 municípios da 19ª Coordenadoria Regional de Saúde (19ª CRAS), com sede em Frederico Westphalen. O último boletim epidemiológico divulgado pela secretaria municipal de Saúde indica que a Unidade Sentinela atendeu 9.211 pessoas. Foram realizados 2.241 testes e, destes, 664 pessoas apresentaram resultado positivo. Os casos curados somam 471 e oito pessoas estão hospitalizadas. Estão em isolamento 579 pessoas. Exames que deram negativo para Covid-19, desde o início da pandemia, somam 1.577, aumento de oito casos descartados nas últimas 24 horas.

Na microrregião Celeiro, Três Passos e Bom Progresso são os dois municípios que decretaram toque de recolher, em mais uma ação que visa controlar a disseminação do coronavírus. A região está na área da bandeira vermelha defina pelo governo estadual na última segunda-feira.

Preocupação da 19ª Coordenadoria Regional de Saúde

Conforme a titular da 19ª CRS, Marly Vendruscolo, na área dos 26 municípios do órgão estadual, a situação da Reserva Indígena do Guarita, nos municípios de Tenente Portela e Redentora, onde vivem 7,5 mil pessoas preocupa muito neste momento. “Estamos muito preocupados pois os índios caingangues não aceitam cumprir as determinações das autoridades da área da saúde, como usar máscaras e evitar aglomerações”, afirma.

Segundo Marly, é comum, neste período de pandemia, presenciar parte dos indígenas sem máscaras circulando pela cidade e fazendo compras em supermercados e outros locais. “Muitas outras pessoas que não são índios também são vistas sem máscara, mas sabemos que no caso dos índios têm uma cultura diferente. De qualquer forma, é preciso que todos colaborem para que se evite a disseminação do vírus que tanto preocupa a todos”, avalia.

Preocupação com os indígenas em Tenente Portela

O prefeito de Tenente Portela, Claírton Carboni, informou que a Administração Municipal acionou o Ministério Público, para que de forma conjunta possam ser realizadas ações no interior da reserva, com o objetivo de conscientizar os índios a evitar aglomerações. “Sabemos que parte dos indígenas promovem eventos e festas nas aldeias e isso pode levar a uma maior contaminação de pessoas, essa é a nova preocupação”, afirmou Carboni.


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