Trabalhadores do transporte coletivo de Sapucaia paralisam por atraso de salários

Trabalhadores do transporte coletivo de Sapucaia paralisam por atraso de salários

Greve foi decidida pela categoria em assembleia

Fernanda Bassôa

Cerca de 5,2 mil pessoas usam o transporte coletivo diariamente no município

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Trabalhadores da empresa Real Rodovias, que presta serviço de transporte público municipal em Sapucaia do Sul, entraram em greve nessa segunda, em razão de atrasos salariais e férias também não remuneradas. A paralisação foi decidida pela categoria em assembleia, realizada na semana passada, juntamente com o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de São Leopoldo. Nesta terça, muitos trabalhadores foram pegos de surpresa. Dos 73 carros que fazem parte da frota disponível, apenas 16 estão operando em horários de pico, pela manhã e ao final da tarde, para atender as 16 linhas que existem na cidade. Cerca de 5,2 mil pessoas usam o transporte coletivo diariamente. E 171 funcionários que atuam exclusivamente em Sapucaia do Sul estão com salários atrasados.

O secretário de política pública do Sindicato, que está à frente do comando de greve, Wilson Caetano, diz que há trabalhadores que estão há 60 dias sem receber. “A folha referente ao mês passado, nenhum foi paga. Aguardamos um posicionamento positivo para esta quarta-feira, às 17h, quando teremos audiência por videoconferência, com o Tribunal regional do Trabalho. A nossa proposta é voltarmos ao trabalho assim que os salários forem pagos. Contrário a isso, não voltaremos. A empresa deve honrar com suas obrigações.” O Sindicato ainda esclarece que solicitou auxílio junto à Prefeitura para que mediasse o conflito ou colaborasse de alguma forma. “Porém, não houve uma intervenção positiva por parte do poder público.”

O diretor financeiro da empresa de transporte, Wilson Garcia, admitiu os atrasos salariais e disse que não há previsão de regularizar os pagamentos caso não haja uma intervenção do poder público, seja ele municipal ou estadual. “A empresa está passando por sérias dificuldades financeiras e sabemos que o transporte público é um serviço essencial. Por isso, solicitamos à Prefeitura de Sapucaia um suporte. Entramos em contato com a Administração mais de uma vez e informamos a situação que enfrentamos.”

O diretor explica que, antes da pandemia, a empresa já sofria com a concorrência dos motoristas de aplicativo. “Janeiro e fevereiro é um período sempre fraco por causa das férias. Março sinalizava uma recuperação significativa quando, de repente, surgiu a pandemia. Em abril nossa receita caiu mais de 90%. Não temos como fazer pagamentos diante desta situação, caso não recebamos auxílio.”

Segundo Garcia, a empresa buscou na Justiça o direito a um auxilio governamental. “Ganhamos em segunda instância. A sentença, anunciada no último dia 10 de junho, determina que a prefeitura apresente em um prazo de 48 horas um plano ou uma medida a dar efetivo suporte à prestação de serviço.”

A Prefeitura de Sapucaia do Sul informou que “o município ainda não foi notificado desta decisão, e apenas se manifestará após isso acontecer.”

 


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