Acordo Mercosul-UE avança mais lento que o esperado, afirma presidente uruguaio
França e Holanda, entre outros países, expressaram ressalvas ao acordo devido à política defendida pelo Brasil
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O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE) "está avançando, embora não com a velocidade esperada", disse o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, nesta segunda-feira, após contato por telefone com a chanceler alemã, Angela Merkel.
"O acordo está avançando, embora não com a velocidade esperada. Questões ambientais e processuais (além da pandemia) ainda precisam ser resolvidas", escreveu Lacalle Pou em sua conta no Twitter, minutos depois de falar com o chanceler europeia. "Concordamos em fazer um acompanhamento com nossas equipes e avaliar os resultados", acrescentou.
Hace minutos conversé con la Canciller Alemana, Angela Merkel.
— Luis Lacalle Pou (@LuisLacallePou) August 31, 2020
El acuerdo avanza aunque no con la velocidad esperada. Temas ambientales y de procedimiento (además de la pandemia) quedan por resolver. Convenimos en hacer un seguimiento con nuestros equipos y evaluar resultados. pic.twitter.com/fvhOBbIno7
Posteriormente, em entrevista coletiva, o ministro das Relações Exteriores, Francisco Bustillo, destacou que é "pouco provável" que o documento final seja assinado neste semestre - no qual o Uruguai detém a presidência temporária do Mercosul - e que por enquanto não é viável marcar uma data para sua concretização.
Embora a mensagem de Merkel "tenha sido de grande otimismo" e "apoio incondicional" em relação à conclusão do acordo, "há outras tarefas pendentes antes de definir uma eventual data", explicou Bustillo.
Após duas décadas de negociações, o acordo entre o Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai) e a União Europeia foi assinado em 2019, mas deve ser aprovado pelo Parlamento Europeu e pelos congressos dos 27 países que integram o bloco.
França e Holanda, entre outros países, expressaram ressalvas ao acordo devido à política defendida pelo Brasil, no governo de Jair Bolsonaro, de permitir o garimpo e a exploração energética na Amazônia. Em 21 de agosto, a própria Merkel expressou "sérias dúvidas" sobre o futuro do acordo diante dessa ameaça ecológica, disse sua porta-voz na época.
"Hoje a questão ambiental está na agenda de trabalho de qualquer governo", ressaltou o ministro das Relações Exteriores, quando questionado sobre os "assuntos ambientais" a serem discutidos, mencionados no tweet de Lacalle Pou. "A Amazônia é uma questão a se considerar, mas não é a única" em termos de meio ambiente, finalizou.