Após dia volátil, dólar fecha em nova alta, a R$ 4,25

Após dia volátil, dólar fecha em nova alta, a R$ 4,25

Bolsa avança 0,81% e fecha em alta pelo segundo dia, aos 115.556,71 pontos

AE

Moeda americana chegou a cair pela manhã, mas subiu novamente perto do fechamento

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O dólar teve um dia volátil e acabou fechando em nova alta, de 0,21%, a R$ 4,2583. No final da tarde, o real operou descolado de outras moedas emergentes, que ganharam força ante a divisa americana nesta terça-feira, dia em que o Banco Central da China fez nova injeção de recursos em seu mercado financeiro. Os dados fracos da produção industrial brasileira de dezembro e das vendas de veículos em janeiro reforçaram a visão de corte de juros pelo Banco Central, na reunião de política monetária que termina na quarta-feira, e aumentou a discussão sobre uma possível nova redução em março, o que torna o Brasil cada vez menos atrativo para investidores estrangeiros.

Nesta semana, porém, a perspectiva é de ingresso de capital externo no Brasil, por conta da bilionária venda de ações da Petrobras pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que será fechada nesta quarta-feira. Hoje a ação ON da empresa subiu acima de 2% e a expectativa é que a oferta movimente mais de R$ 23 bilhões, dos quais se espera que os estrangeiros fiquem com parte importante.

Mas diante do reforço na percepção de corte de juros, o real acabou se descolando de outras moedas emergentes. O dólar caiu 0,66% no México, 0,96% na Rússia, 0,53% na África do Sul e 0,74% no Chile. Pela manhã, caiu a R$ 4,22, na mínima, na expectativa de fluxo e acompanhando o bom humor com a injeção de capital na China. Mas na máxima, perto do fechamento, foi a R$ 4,26.

"A queda acima do esperada da produção industrial de dezembro é uma evidência adicional da fraqueza da atividade no final do ano passado e reforça nossa visão de que o Copom vai optar por cortar os juros em 0,25 ponto porcentual amanhã", afirma o economista para mercados emergentes da consultoria inglesa Capital Economics, William Jackson. Nesse ambiente, ele projeta que o câmbio vai seguir pressionado, com previsão de dólar terminando o ano em R$ 4,25.

Em dezembro, a produção industrial caiu 0,7%. Já as vendas de veículos recuaram 3,1% em janeiro ante o mesmo mês de 2019. Na avaliação do economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs, Alberto Ramos, além de reduzir a taxa, não dá para descartar que o BC opte amanhã por deixar as portas abertas para um novo corte em março, a depender da evolução dos próximos indicadores. Os juros baixos devem ajudar na recuperação da indústria, afetada pela forte desvalorização do peso argentino, que encareceu os produtos brasileiros no país vizinho.

Ibovespa

Mais uma vez o Ibovespa perdeu fôlego em direção ao fim do dia, ainda assim encadeando a segunda sessão positiva, algo que não acontecia desde 22 e 23 de janeiro, quando o principal índice da B3 foi aos 119.527,63 pontos, em máxima histórica de fechamento. Nesta terça-feira, o índice encerrou em alta de 0,81%, aos 115.556,71 pontos, tendo tocado a marca de 116.555,61 pontos na máxima, saindo de 114.630,58 pontos na mínima do dia. O giro financeiro totalizou R$ 23,1 bilhões e, nessas duas primeiras sessões, o Ibovespa acumula até aqui ganho de 1,58% na semana.

Na véspera da decisão do Copom, quando se espera corte de 0,25 ponto porcentual na Selic, para nova mínima histórica a 4,25%, o dólar se firmou à tarde, recuperando a faixa de R$ 4,25 - em alta de 0,21%, a R$ 4,2583 no fechamento - e tirando um pouco do Ibovespa, em dia no qual os índices de Nova York andaram bem: os ganhos no Nasdaq chegaram a 2,10%, renovando máxima histórica de fechamento, e no Dow Jones-S&P 500 foram até 1,5% no encerramento da sessão.

O volume recorde de saques de recursos estrangeiros da B3 em janeiro, a R$ 19,157 bilhões, frustrou a expectativa de que o ano novo pudesse trazer investidores de volta, após um 2019 de escalada do Ibovespa sustentada pelo investidor doméstico, que colocou o índice aos 115.645,34 pontos no encerramento do ano, com ganho de 31,58% no período.

"Há muita coisa já precificada, então é necessário novos catalisadores para puxar o Ibovespa para cima, especialmente balanços", aponta Ari Santos, operador de renda variável da Commcor, chamando atenção para a divulgação, amanhã, dos resultados trimestrais do Bradesco. "Em dezembro e janeiro, as ações de bancos ficaram bem para trás, pressionadas por uma variedade de fatores, e acabam segurando também o índice", acrescenta Santos, referindo-se ao peso de 24% na composição do Ibovespa.

Bradesco ON fechou hoje em alta de 0,35% e a PN, com leve ganho de 0,06%, mas ainda acumulam perdas, respectivamente, de 6,93% e 8,40% no ano. Em 2020, as perdas da unit do Santander chegam até aqui a 14,78%, as do Itaú Unibanco PN, a 10,62%, e as do Banco do Brasil ON, a 8,65%.

Além dos balanços de bancos, o mercado aguarda também com expectativa a precificação, amanhã, da venda de ações da Petrobras pelo BNDES. Hoje, Petrobras ON fechou em alta de 2,47% e a PN, de 1,60%, com os preços da commodity ainda em terreno negativo, após ter ingressado no dia anterior em "bear market" - definido como uma perda acumulada de ao menos 20% em relação ao pico mais recente, no caso, do início de janeiro tanto para o Brent como para o WTI.

Desde que o movimento de correção foi iniciado na sexta-feira, com forte ajuste na segunda-feira seguinte (-3,29% no fechamento do dia 27), o ponto mais baixo foi atingido na quinta-feira, dia 30, quando o índice chegou a 112.825,49 pontos no piso da sessão - um ajuste de 6.702,14 pontos entre a máxima histórica de fechamento e a mínima intradia desse período de correção, no qual o coronavírus foi a palavra-chave.

"A curva da doença parece ter se estabilizado, de forma que o exagero observado na reação inicial, quando não havia grande clareza sobre os efeitos e o que seria feito para conter o vírus, dá lugar agora a uma recuperação", diz Shin Lai, estrategista da Upside Investors Research. "O BC chinês injetou liquidez para estabilizar o mercado e os ativos locais, resta saber o que o governo fará com relação à economia real", acrescenta.

Juros

Os juros futuros engataram a segunda sessão seguida de queda nos principais vértices da curva a termo. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2021 terminou pela primeira vez abaixo dos 4,30%, em nova mínima histórica de 4,295% (4,325% ontem no ajuste). Nesta véspera de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), as apostas de corte da Selic ganharam endosso de dados de atividade fracos no Brasil, mantida ainda a perspectiva de um viés desinflacionário a partir da epidemia do coronavírus. O exterior hoje mais calmo, que favoreceu o real em boa parte do dia, também contribuiu para esta nova rodada de alívio de prêmios.

Nos demais contratos de DI, o de janeiro de 2023 encerrou com taxa de 5,45% (regular e estendida), de 5,461% ontem no ajuste, e a da do DI para janeiro de 2025 caiu de 6,151% para 6,11% (regular) e 6,13% (estendida). O DI para janeiro de 2027 terminou com taxa de 6,47% (regular) e 6,49% (estendida), de 6,521%. Na última hora da sessão regular, as taxas chegaram a reduzir o recuo e a bater máximas, em meio ao ganho de força do dólar. A moeda zerou as perdas ante o real e, logo após as 16h, voltou a operar no patamar de R$ 4,25. "O dólar voltou e deu uma desanimada no pré, mas a PIM de hoje foi muito fraca", destacou o gestor de renda fixa da Absolute Investimentos, Mauricio Patini.

A produção industrial de dezembro caiu 0,7% na margem, mais do que apontava a mediana negativa de 0,50% das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, levando algumas casas a já colocar viés de baixa em suas projeções para o PIB de 2019. Também decepcionaram os dados de vendas de veículos divulgados pela Fenabrave, com queda de 3,1% ante janeiro de 2019 e de 26,3% ante dezembro.

"Temos um cenário de atividade fraca com relativa melhora no comportamento do câmbio, o que empurra a curva para baixo, reforçando as apostas de queda de 25 pontos-base e o aumento de especulação em torno da sinalização de corte para março", afirmou o diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga. Segundo a gestora, a probabilidade de queda de 25 pontos subiu de 79% para 86% de ontem para hoje. Para março, de acordo com Braga, a precificação aponta entre 20% e 30% de chance de mais uma queda da Selic.

As apostas para março podem tornarem-se ainda mais dovish a depender do que trouxer o comunicado de amanhã. Braga lembra que, logo após o Copom de dezembro, parte do mercado acreditava que uma nova queda da Selic no começo de 2020 viria acompanhada de uma sinalização mais hawkish do BC sobre os passos seguintes, mas nas últimas semanas a percepção mudou, em meio ao advento do coronavírus, dados fracos da economia e revisões em baixa para a inflação. "Agora é maior o risco de o Copom cortar 25 pontos sem necessariamente fechar a porta para março", afirmou.


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