Argentina e seus credores, uma queda de braço para estender prazo da dívida

Argentina e seus credores, uma queda de braço para estender prazo da dívida

Após mais de quatro meses nenhum dos lados parece dar o braço a torcer, embora nesta tarde tenham circulado rumores de uma aproximação

AFP

"Não ao pagamento da dívida" é o que está escrito em uma parede em Buenos Aires

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A Argentina e seus credores travam uma dura queda de braço sobre os termos da reestruturação de cerca de US$ 66 bilhões de dívida, a menos de 48 horas do fim do prazo da troca de títulos emitidos sob legislação estrangeira. Após mais de quatro meses de negociações e com uma nova proposta melhorada por parte do governo do presidente Alberto Fernández, de centro esquerda, nenhum dos lados parece dar o braço a torcer, embora nesta tarde tenham circulado rumores de uma aproximação que fizeram os principais índices da Bolsa argentina dispararem.

Os três grupos de credores que participam das negociações se uniram há uma semana para rejeitar a oferta formal da Argentina e alertaram que podem bloquear o "swap". Eles dizem representar mais da metade dos detentores de bônus da dívida. O governo argentino reiterou, por sua vez, que essa proposta é "o último esforço" que o país pode fazer.

A Argentina oferece pagar em torno de US$ 53,5 por cada US$ 100 de dívida, enquanto os credores exigem pelo menos US$ 56,5 a cada US$ 100. "Temos uma posição muito dura de alguns fundos, incompreensivelmente dura, teimosamente dura. Eles já sabem que a nossa foi a última oferta, que não podemos fazer mais esforços. Espero que entendam que não estamos nem pedindo que eles percam. Estamos lhes pedindo que ganhem um pouco menos", disse Fernández no fim de semana.

"Situação de fragilidade"

Embora seja possível estender o prazo, na tentativa de se chegar a um acordo, o governo Fernández não deu sinais claros de que o fará.

O governo "está avaliando todas as opções", declarou o ministro da Economia, Martín Guzmán, quando questionado sobre a possibilidade de uma nova extensão das negociações, em entrevista publicada domingo no jornal "Página 12". "É preciso entender o que esses três dólares significam" de diferença entre a proposta da Argentina e a exigência de seus credores, afirmou. "Estamos falando de bilhões de dólares em uma situação de fragilidade e de restrições muito fortes", disse Guzmán.

A Argentina está em recessão desde 2018. Sua economia sofrerá ainda mais este ano, devido à pandemia da Covid-19, com uma contração de 9,9% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com a previsão mais recente do Fundo Monetário Internacional (FMI). "Se não chegarmos ao mínimo de 50% de participação, a oferta vai ser retirada e, depois de uma análise da sustentabilidade da dívida - talvez bem mais adiante e com ainda menor capacidade de pagamento -, haverá uma oferta certamente pior", alertou o representante da Argentina no FMI, Sergio Chodos, em entrevista à AFP há algumas semanas.

A Argentina está inadimplente desde maio, mês em que não pagou cerca de US$ 500 milhões em juros de três dos títulos sujeitos à troca. Na semana passada, deixou de pagar mais US$ 600 milhões em juros de outros dois dos bônus submetidos à reestruturação.

O principal índice Merval da Bolsa de Buenos Aires subiu 6,6%, a 52.504,21 pontos nesta segunda-feira, com as expectativas renovadas de um acordo entre o governo e os credores. As ações líderes atingiram o pico de mais de 12%, após rumores - que pegaram o mercado de surpresa - de uma forte reaproximação de posições para chegar a um acordo para a troca de títulos emitidos de acordo com a legislação estrangeira.

O prazo para os credores aderirem à proposta argentina termina nesta terça-feira.


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