Aumento da energia elimina 166 mil postos de trabalho em 2021, diz CNI

Aumento da energia elimina 166 mil postos de trabalho em 2021, diz CNI

Elevação no preço resultará em queda R$ 8,2 bilhões no PIB, segundo Confederação

R7

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Um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) chegou à conclusão de que os aumentos na energia elétrica em 2021 terão impactos drásticos em vários outros números econômicos. Por causa do custo extra, diz a entidade, 166 mil postos de trabalho deixarão de ser criados em todos os segmentos, não só na indústria; o consumo das famílias será R$ 7 bilhões menor e as exportações terão perdas equivalentes a R$ 2,9 bilhões no ano.

Na avaliação da CNI, o aumento no preço da energia elétrica resultará em queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) de 2021. Para 2022, a previsão é de perda de R$ 14,2 bilhões.

Usando como exemplo o setor calçadista, a economista responsável pelo estudo, Maria Carolina Marques, explica como a elevação no valor do insumo afeta toda a economia. O aumento do custo da energia torna o calçado mais caro aos consumidores, que compram menos e tendem a procurar as opções importadas, mais em conta. Com a menor produção, o setor precisa de menos mão de obra, reduzindo a renda das famílias, que passam a consumir o mínimo possível de todos os produtos. "Se a fábrica for uma empresa exportadora, ela sofre ainda um impacto adicional de perda de mercado no exterior”, conclui a economista.

O documento lembra que entraram no levantamento todos os setores da economia, mas ressalta que a indústria é o mais afetado, por sofrer com o aumento de preços na compra de insumos e por ter forte dependência da eletricidade na fabricação.

De acordo com a CNI, comércio e serviços são menos afetados, "pois há menor possibilidade de substituição deles por alternativas importadas que não estejam sofrendo com o aumento no custo da energia". O principal impacto nesses segmentos se dá pela perda de renda dos consumidores.

Impacto direto na indústria

A previsão da confederação é que o PIB industrial deve ficar R$ 2,2 bilhões abaixo do que alcançaria sem o aumento de custo da energia. Em 2022, o estrago será ainda maior, de R$ 3,8 bilhões.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, lembra que a adoção de bandeiras tarifárias que encarecem a conta de luz, motivada pelo baixo nível dos reservatórios de água, é apenas um dos problemas. Outros são 16 encargos, entre impostos e taxas setoriais, que deixam a energia ainda mais cara.  

“O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a eletricidade paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois ela é um dos principais insumos. Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”, explica Andrade.

Antes da crise hídrica, esse custo já era um dos principais entraves ao aumento da competitividade da indústria brasileira. No ranking do estudo Competitividade Brasil 2019-2020, elaborado pela CNI, o Brasil aparecia na última posição, entre 18 países, no fator Infraestrutura de energia, devido ao preço elevado da eletricidade.

No ano que vem, o estudo prevê perda de cerca de 290 mil empregos em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021. O consumo das famílias se reduzirá em R$ 12,1 bilhões e as exportações devem cair R$ 5,2 bilhões.


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