Bolsa sobe 0,79% e renova recorde em dia de decisões sobre juros nos EUA e Brasil

Bolsa sobe 0,79% e renova recorde em dia de decisões sobre juros nos EUA e Brasil

Dólar fechou a R$ 3,98 em queda de 0,38%, no menor valor para um fechamento desde 13 de agosto

AE

Ibovespa fechou aos 108.407,54 pontos, em alta de 79%

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As bolsas de Nova Iorque deram o tom dos negócios com ações no Brasil à tarde e acabaram por conduzir o Índice Bovespa a uma alta de 0,79%, aos 108.407,54 pontos, novo recorde de fechamento. A decisão de política monetária o Federal Reserve e a entrevista coletiva do presidente da instituição, Jerome Powell, foram os principais eventos do período, chegando a gerar volatilidade por alguns momentos.

O Fed cortou os juros dos Fed funds em 0,25 ponto porcentual, como esperado nos mercados, mas inicialmente houve dúvidas quanto à interpretação dos sinais emitidos pela instituição. Ao longo da entrevista coletiva, Powell trouxe melhora de ânimo aos mercados de ações ao indicar que a instituição ainda pode promover novo corte de juros, apesar dos sinais de melhora da economia, como os indicados pelo Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre do ano, acima do esperado.
Pela manhã os investidores optaram pela cautela antes do anúncio do Fed e dos ruídos políticos no Brasil. Assim, o Ibovespa chegou a cair 0,87%, quando atingiu a mínima de 106.622,01 pontos. À tarde, os ganhos se acentuaram gradativamente à medida que as bolsas americanas se firmavam em terreno positivo e os juros dos títulos do Tesouro americano recuavam.

"O Fed promoveu uma virada no mercado brasileiro, que vinha operando com cautela, até pelo dado do PIB americano ter indicado aceleração maior que o esperado. Mas a mensagem foi de que novo corte não está descartado, apesar dos sinais de que a política expansionista já teria promovido os efeitos desejados", explica Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos.

Passado o evento internacional, as atenções se concentraram na decisão de política monetária do Banco Central brasileiro, às 18h, para a qual se esperava, e depois se confirmou, corte de 0,50 ponto na taxa Selic, outro fator de bom humor para o mercado de ações, mas que já estaria precificado. Para a analista da Toro, a perspectiva é de que o mercado de ações já precificou esse ajuste na taxa básica, descartando interferência nos preços.

Na análise por grupos de ações, o destaque do dia ficou com os papéis do setor imobiliário, que reagiram não apenas à expectativa de corte da Selic, mas também ao anúncio da Caixa Econômica Federal de reduzir os juros cobrados em financiamentos imobiliários. Foi a segunda redução de juros anunciada pela Caixa em menos de um mês. O Imobiliário (IMOB), que reúne 14 ações de empresas do setor de construção civil, intermediação imobiliária e exploração de imóveis, fechou em alta de 1,78%, bem acima do Ibovespa.

Dólar

A entrevista à imprensa do presidente do banco central americano, Jerome Powell, motivou a valorização global de ativos de risco, inclusive de moedas ante o dólar dos Estados Unidos. Alguns minutos depois de a coletiva com o presidente do Federal Reserve ter começado nesta tarde, o dólar passou a cair ante o real. Na mínima, chegou a marcar R$ 3,9822 (-0,51%).

No fechamento, o dólar à vista valia R$ 3,9872 em queda de 0,38%. Esse é o menor valor para um fechamento desde 13 de agosto.

O diretor de investimentos da Western Asset Management, Paulo Clini, entende que a diligência sinalizada por Powell na entrevista de hoje diante de uma eventual desaceleração da economia surtiu efeito sobre os mercados. "O presidente do Fed entende que a economia americana anda bem, que o mercado de trabalho está sólido e que, por isso, diz estar confortável com o atual nível de juros, não vendo necessidade de mais cortes. Mas, por outro lado, ele mostra atenção e disposição de reagir, caso a economia desacelere", disse Clini. Para o diretor da Western Asset, essa mensagem "dá segurança para ativos de risco em geral".

Além disso, Clini afirma que outro ponto muito importante da fala de Powell é quando ele sinaliza que o início de um ciclo de aperto monetário não está no horizonte do Fed neste momento. "Depois de entender que o Fed não vê mais necessidade de corte de juros, a pergunta que aparece é: quando o BC começa a subir os juros? E a resposta que Powell reforçou hoje é que um aumento da taxa não está no radar", disse o diretor da Western Asset. "Essa mensagem é muito poderosa, porque dá o conforto de ter a política monetária dos Estados Unidos no 'terreno acomodatício' por bastante tempo", diz Clini.

Diferentemente do desempenho no turno vespertino da sessão, o dólar teve uma manhã de valorização ante o real e marcou máxima intraday a R$ 4,0322. Agentes do mercado afirmaram ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a cena política gerou intranquilidade. O noticiário político teve como destaque o envolvimento do nome do presidente Jair Bolsonaro no caso do homicídio da vereadora Marielle Franco (PSOL) do Rio de Janeiro - situação que pautou manifestações do presidente e de seus filhos desde ontem à noite em redes sociais.

Na primeira hora da sessão, a alta do dólar ante o real também foi justificada pela possibilidade de um atraso na assinatura da chamada "fase 1" do acordo comercial entre Estados Unidos e China e pela divulgação do crescimento anualizado de 1,9% do PIB americano na primeira leitura do terceiro trimestre. O resultado veio acima do esperado (+1,6%).

Taxas de juros

Os juros futuros apagaram à tarde o sinal de alta moderada que marcou as taxas desde a manhã e fecharam praticamente estáveis, com viés de baixa. A melhora do mercado foi definida na última hora da sessão regular, após a entrevista do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, considerada "dovish", alimentar o apetite pelo risco no exterior, com reflexos nos ativos locais. É nesse clima positivo que o mercado encerrou o dia à espera do comunicado do Copom, previsto para 18, quando se confirmou um corte de 0,5 ponto porcentual nesta noite, levando a Selic a 5,0%. Há expectativa quanto à sinalização do statement para o quanto de espaço haveria para novas quedas no começo de 2020, com muitas apostas em Selic a 4% no fim do ciclo.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou em 4,736%, de 4,742% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 terminou na mínima de 4,35%, de 4,367%. A do DI para janeiro de 2023 encerrou na mínima de 5,35%, de 5,360% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2025 também, na mínima, terminou em 6,03%, de 6,051%.

O Fed endossou o consenso das apostas e reduziu o juro para a faixa entre 1,5% e 1,75%. Se, por um lado, o comunicado não foi tão claro ao apontar para os próximos passos da política monetária ao afirmar, por exemplo, que "o Fomc vai avaliar condições econômicas para determinar momento e tamanho de novos ajustes", por outro, a entrevista de Powell foi lida como "dovish". Profissionais deram destaque para a afirmação de que os dirigentes estão comprometidos em estender a expansão da economia americana.

Depois disso, o dólar se enfraqueceu lá fora e aqui voltou a ficar abaixo dos R$ 4.

Com a moeda americana nesse patamar, as declarações de Powell trazem ainda mais ânimo para os já otimistas com o Copom. O Banco Fator observa que o repasse dos movimentos do câmbio para os preços tem sido claramente obstado pela fragilidade da atividade econômica. "Caso o cenário para o câmbio se aproxime daquele sugerido pelo Copom, um quadro de valorização do real, a desinflação será mais rápida e mais forte, ensejando mais cortes na Selic mesmo que a meta do comitê seja uma taxa real de 1,0%", afirma o banco, em relatório.

Com os eventos do Fed, os ruídos políticos gerados pela citação do nome do presidente Jair Bolsonaro nas investigações do caso dos assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes, que chegaram a incomodar o mercado local pela manhã, foram se dissipando. Nesta tarde, o Ministério Público informou que apreendeu planilha e gravações da portaria de condomínio Vivendas da Barra, onde o presidente tem casas. Segundo o MP, a perícia comprovou que quem atendeu e autorizou entrada de Élcio Queiroz foi Ronnie Lessa. "O porteiro mentiu e os motivos serão apurados", disse a procuradora do MP-RJ Simone Sibilio.


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