Comércio de Porto Alegre vira a chave para o digital mirando manutenção das vendas das lojas físicas

Comércio de Porto Alegre vira a chave para o digital mirando manutenção das vendas das lojas físicas

Com as portas fechadas, empresários estão recorrendo ao e-commerce ao WhatsApp para para atender ao público

Gabriel Guedes

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O combate à pandemia da Covid-19 está demandando mais do que esforço, mas criatividade dos comerciantes, que precisam driblar as restrições de funcionamento às lojas físicas. Com o comércio proibido de atender o público pessoalmente, a estratégia de sobrevivência é digital. 

Vai do e-commerce profissional ao WhatsApp, plataforma de troca de mensagens que possui cerca de 130 milhões de usuários no País. E quanto aos vendedores, o que fazem? Já há vários que estão correndo atrás dos clientes por meio do aplicativo. Até mesmo lojas de grandes redes varejistas têm disponibilizado contato com seus consultores no mesmo site em que há a loja eletrônica, caso o cliente não se sinta à vontade com uma inovação tecnológica. 

“É para ontem”

Para o gestor de Marketing da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Porto Alegre, Rafael Guerra, “as tendências do passado, viraram pendências. É para ontem”. Isso porque em 2006 a adoção do comércio na internet já era uma recomendação.

Para a empreendedora Luciane Florêncio, que junto com a irmã é sócia-proprietária da Atiivi Esportes, loja no Shopping Total, confessa se arrepender de não ter dado atenção ao comércio eletrônico antes da crise. Mas foram necessários 64 dias fechados para se ver obrigada a marcar presença na internet. 

“A gente não tinha, porque a loja existe há cerca de um ano e não trabalhava nada digital. Mas eu mesma fiz o Instagram e começamos a postar. Tenho feito publicações em grupos do WhatsApp. Faço também algumas visitas para não ficar parada. E faço a entrega do produto”, resume. “Foi um aprendizado bem difícil”, conta ela, que deixou o trabalho de representante comercial de uma marca e ajudou a irmã na loja. “Tinha quatro funcionários, acabou demitindo os quatro e ficamos eu e ela”, lamenta.

Soluções digitais

De acordo com Guerra, há soluções digitais para negócios e orçamentos de todos os tamanhos. “Uma coisa é pensar como uma grande marca ou uma grande rede. Mas o pequeno e alguns médios precisam de uma solução prática: o que eu posso fazer agora e o que eu gostaria? O Instagram, por exemplo, funciona muito bem. A loja tem que ter fotos legais, contato direto com consumidor. O próprio WhatsApp tem entrado de forma efetiva como canal de venda. Sem qualquer gasto com dinheiro”, afirma.  Vários pontos de Porto Alegre já colocaram cartazes expondo a alternativa do contato pelo WhatsApp.

O representante da CDL destaca a necessidade de não se ter preconceitos sobre como se realiza uma venda. “Têm formas de vendas que lembram o funcionamento dos catálogos. A gente volta a modelos mais antigos, mas com os acertos da forma de pagamentos e atendimento via WhatsApp. Existem alternativas de subsistência”, lembra. 

“O que a gente está acompanhando é que esta transformação digital foi acelerada. Empresas que já estavam com este processo adiantado, conseguiram manter suas operações durante a crise. As que não tinham estratégia, precisaram preparar às pressas”, explica. 

Aceleramento de transformação digital 

Não foi o caso do empresário Andreas Renner, proprietário da rede de lojas de moda masculina Spirito Santo. Para o seu negócio, a crise fez acelerar o processo de transformação digital da empresa. “A marca tem 23 lojas físicas e nosso canal de vendas era o canal físico. Mas a gente sempre teve uma pegada de inovação. Então, antes da pandemia, a gente trabalhava paralelamente com o e-commerce, a 40 quilômetros por hora. Quando deu a pandemia, as lojas fecharam, mas quadruplicou a venda no digital. Acelerou muito”, garante. 

Entretanto, apesar do bom desempenho, a comercialização corresponde só a 10% do que o negócio arrecadava. A meta é aumentar para até 30% do faturamento. Renner conta que a crise também está aperfeiçoando o papel do vendedor. “Os vendedores agora estendem o processo da venda, com a oferta de algum benefício, como comprar com frete grátis na loja online”, acrescenta. 

Para Guerra, da CDL, vender tem que ser algo cada vez menos complicado. “Gosto de um exemplo: entrar em uma loja que você gosta, comprar, pagar e receber em casa. Mas nada impede de fazer a negociação por WhatsApp e entregar ao consumidor se o comerciante não dispõe de um e-commerce”. 

É preciso também estar presente onde o consumidor quiser. É o tal do “omni channel”, que é a venda por qualquer meio. “Aí é aquela hora de pegar lista de telefones de clientes, mandar mensagens, fazer e-mail marketing, enfim, achar a forma certa de conversar com o consumidor”, recomenda. “Conveniência é o que o consumidor já vinha buscando. Agora são soluções que vêm para ficar”, acredita.


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