Com dia de forte alta no Brasil, dólar sobe para R$ 4,14

Com dia de forte alta no Brasil, dólar sobe para R$ 4,14

Após seis sessões de queda, Ibovespa iniciou a semana retomando os 117 mil pontos

AE

Moeda americana fechou o dia em alta de 1,18%

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O dólar teve dia de forte alta no Brasil, destoando do otimismo visto na Bolsa e do comportamento de outras moedas de países emergentes e exportadores de commodities, algumas até fechando em queda ante a divisa dos Estados Unidos. Especialistas do mercado de câmbio não viram um gatilho claro para o movimento desta segunda-feira. Entre os fatores ouvidos pelo Broadcast, estão a perspectiva de mais cortes de juros pelo Banco Central, por causa de indicadores fracos da atividade e possibilidade de menos pressão na inflação após a queda dos combustíveis, mudança na estratégia de fundos de investimento, cautela com o exterior e fluxo de saída de capital externo do Brasil. O dólar comercial fechou em alta de 1,18%, a R$ 4,1418, maior valor desde 10 de dezembro e a maior variação porcentual em dois meses. O dólar futuro para fevereiro fechou em R$ 4,15, na máxima do dia.

O real foi a moeda hoje que mais perdeu valor ante o dólar, considerando uma cesta de 34 divisas internacionais. Em outros emergentes, como a Turquia e Índia, a divisa americana caiu. Mesmo nos vizinhos do Brasil, a valorização do dólar foi bem mais modesta, com 0,15% no Chile, 0,50% na Argentina e estabilidade na Colômbia e México. A moeda americana destoou até do Ibovespa hoje, contrariando o que tradicionalmente ocorre de "bolsa em alta, dólar em queda". Após seis baixas seguidas, o Ibovespa subiu mais de 1% e superou os 117 mil pontos.

Para o sócio-fundador da Veedha Investimentos, Rodrigo Marcatti, o comportamento do dólar hoje mostra um pouco de especulação e também um clima de cautela, por causa dos recentes eventos no mercado internacional, sobretudo no Oriente Médio, que teve um final de semana marcado por protestos no Irã. O Brasil, por ser um país bem mais líquido que outros emergentes, acaba sofrendo mais, por isso o desempenho pior do real hoje.

Na avaliação do responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen, o que se comentou nas mesas de operação ao longo do dia foi a tendência de menor entrada de capital no Brasil este ano se os juros continuarem caindo. "Significa escassez de dólar aqui", disse ele, ressaltando que também se comentou que houve um fluxo de saída hoje.

Na semana passada, a produção industrial veio abaixo do previsto e a expectativa agora é pelos próximos indicadores, que incluem dados dos serviços (amanhã) e das vendas no varejo (quarta). O Bank of America Merrill Lynch manteve a aposta de mais dois cortes da Selic este ano, de 0,25 ponto cada, o que levaria a taxa básica para 4%, renovando a mínima histórica.

Além dos próximos indicadores, o evento mais aguardado da semana é a assinatura, na quarta-feira, do acordo comercial fase 1 entre China e Estados Unidos, que pode ter impacto decisivo nas moedas, sobretudo de emergentes.

Ibovespa

Após seis sessões de queda, o Ibovespa iniciou a semana em terreno positivo, retomando os 117 mil pontos e alcançando o segundo melhor fechamento de que se tem registro, abaixo apenas da marca histórica de 118.573,10 pontos alcançada na primeira sessão do ano, no dia 2, quando subiu 2,53%. Logo depois do Natal, o rali de fim de ano havia levado o índice de referência da B3 pela primeira vez acima dos 117 mil no fechamento de 26 de dezembro, aos 117.203,20 pontos.

Nesta segunda-feira, o índice encerrou em alta de 1,58%, aos 117.325,28 pontos, com giro financeiro de R$ 21,9 bilhões, em linha com o observado nas últimas sessões, sustentado acima de R$ 20 bilhões. Na mínima de hoje, o Ibovespa foi a 115.502,53 e, na máxima, a 117.333,11 pontos, atingida pouco antes do fechamento. O desempenho foi condicionado por dois segmentos com forte peso no índice: bancos e mineração/siderurgia.

A semana traz indicadores importantes para balizar apostas sobre os próximos movimentos na política monetária: volume de serviços (terça-feira), vendas no varejo (quarta-feira) e IBC-Br (quinta-feira). No exterior, expectativa para o início da temporada de balanços, com bancos, amanhã, e a assinatura da fase 1 do acordo comercial entre Estados Unidos e China em Washington, na quarta-feira, dia anterior ao que será divulgado o PIB chinês. Aqui, o mercado segue dividido quanto à possibilidade de o Copom efetivar, no início de fevereiro, novo corte na Selic já na mínima histórica, hoje a 4,5%.

"A recuperação de hoje foi muito puxada pelas ações de bancos, que estavam um pouco atrasadas após uma sequência de perdas, como Itaú, e também pelas de mineração e siderurgia, como Vale (+3,64% no fechamento), CSN (+6,05%), Usiminas (+4,38%) e Gerdau (+4,30%)", diz Pedro Nieman, analista da Toro Investimentos. Na China, o minério de ferro fechou nesta segunda-feira com ganho acentuado, de 2,14%, em Qingdao. "O mercado exagerou um pouco na última semana, especialmente com relação aos bancos, e temos uma correção hoje muito baseada em preço", diz Luiz Roberto Monteiro, operador sênior da Renascença.

Nesta segunda-feira, Itaú Unibanco PN fechou em alta de 1,33%, Bradesco PN avançou 1,07% e Banco do Brasil ON ganhou 1,12%, ainda acumulando perdas, respectivamente, de 5,46%, de 3,75% e de 4,54% neste início de ano.

No exterior, em novo passo para reduzir a tensão bilateral, os Estados Unidos podem remover a China de lista de países considerados manipuladores de câmbio, faltando dois dias para a assinatura de acordo comercial preliminar entre Washington e Pequim, de acordo com relato da CNBC. Assim, a distensão do cenário externo, com os índices de NY em torno das máximas históricas, contribui para que o Ibovespa, após uma semana de descolamento, volte a refletir a melhora do ambiente global.

Juros

Os juros futuros fecharam a sessão de hoje com alta leve na ponta curta e aceleração firme no trecho longo da curva, à medida que a ausência de notícias locais deu espaço para especulações em relação aos próximos passos do Banco Central e para a influência do câmbio na formação de taxas. A despeito de o dólar ter subido com a perspectiva de queda na Selic, a aposta em manutenção em 4,50% passou de 52% na sexta-feira para 55% hoje.

Enquanto a segunda-feira foi fraca de notícias para o mercado de renda fixa, operadores comentaram ao longo da sessão a expectativa com a agenda de indicadores da semana. Três índices de atividade do mês de novembro saem nos próximos dias, o que pode ajudar a balizar as expectativas para o Copom de fevereiro.

Amanhã às 9h, o IBGE divulga a Pesquisa Mensal de Serviços. Pesquisa do Projeções Broadcast com 24 instituições aponta para queda de 0,15% na margem (mediana), a partir de um intervalo de -1,00% a 0,20%. Caso se confirme, será o pior resultado para o mês desde 2015 (-0,90%). Além disso, saem ainda os resultados do varejo (quarta-feira) e o IBC-Br (quinta-feira).

A taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 passou de 4,470% na sexta-feira para 4,490 (regular e estendida). A do DI para janeiro de 2023 foi de 5,680% para 5,740% (regular) e 5,730% (estendida). O janeiro de 2025 passou de 6,380% para 6,440% (regular) e 6,450% (estendida). Já o janeiro de 2027 saiu de 6,740% para 6,810% (regular) e 6,820% (estendida).

A aposta entre uma parte do mercado é de que, no conjunto, os dados vão mostrar um cenário ainda incipiente na atividade econômica. Para operadores, especialmente do mercado de câmbio, isso abriria espaço para a redução da Selic a 4,25% em fevereiro. A expectativa é a mesma que consta na Focus desta semana. Como o câmbio é um dos componentes para a formação de taxas, a curva de juros passou a inclinar.

Embora tenha circulado nas mesas a possibilidade de novo corte nos juros, as apostas de queda na Selic após o Copom de fevereiro cederam em relação a sexta-feira. Nos cálculos do economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flavio Serrano, elas passaram de 48% na sessão anterior para 45% hoje.


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