Com intervenção do BC, dólar cai para R$ 3,85

Com intervenção do BC, dólar cai para R$ 3,85

Moeda americana teve desvalorização de 0,88% no pregão desta quinta-feira

AE

Patamar mínimo da moeda no pregão desta quinta foi de R$ 3,8349

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O dólar teve novo dia de queda nesta quinta-feira amparado pelo enfraquecimento da moeda americana no mercado internacional, tanto ante divisas fortes, como o euro, como de emergentes, e pela entrada do Banco Central no câmbio, que despejou US$ 1 bilhão no mercado para dar liquidez.

Nos emergentes, o real foi uma das moedas que mais ganharam valor em relação ao dólar, enquanto cresceu no mercado financeiro internacional a preocupação com a desaceleração da economia mundial, que provocou novo tombo nos preços do petróleo e fez as bolsas em Nova York fecharem em forte baixa. O dólar para janeiro caiu 1,41%, a R$ 3,8420.

Um termômetro do forte enfraquecimento da moeda dos Estados Unidos foi o índice DXY, que mede o dólar ante uma cesta de moedas fortes, que registrou queda de 0,88% no final da tarde, a 96,183 pontos, atingindo mínimas desde meados de novembro. Em meio ao aumento da aversão ao risco lá fora, o Credit Default Swap (CDS) do país, uma medida do risco Brasil, subiu para 206 pontos-base.

O estrategista do Swissquote Bank, Arnaud Masset, ressalta que o mau humor no mercado internacional reflete renovadas preocupações dos investidores com o crescimento da economia mundial após o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, alertar que vê uma redução do ritmo de crescimento da atividade global e da própria economia americana, mas mesmo assim, pode seguir elevando os juros em 2019, ainda que mantendo o ritmo gradual.

Para Masset, o mercado não gostou do resultado final da reunião do Fed, na medida em que os investidores esperavam uma sinalização de que a alta de juros pudesse ser interrompida, diante do risco de recessão nos EUA. No mercado doméstico, pela manhã, antes do leilão de linha do BC, os investidores agiram para forçar o dólar para baixo, especialmente nos momentos de coleta dos preços para definir a Ptax. Este é o referencial usado pelo BC como indicador para fins de cálculo quando das devoluções das linhas nos vencimentos e, quanto menor, melhor para quem compra o dólar no leilão.

Na mínima do dia, a moeda bateu em R$ 3,8349 às 12h09, coincidindo com uma das coletas para a definição do indicador. Pela tarde, a fraqueza do dólar lá fora contribuiu para que a moeda seguisse em queda e corrigisse parte da alta dos últimos dias, ressalta o gerente de operações da B&T Corretora, Marcos Trabbold, destacando que não havia notícias que justificassem a alta da moeda nos últimos dias, que no intraday chegou a superar os R$ 3,94. "Estava subindo no vazio, agora houve uma corrigida." Nas notícias domésticas, ele ressalta que a grande expectativa agora é para o início do governo de Jair Bolsonaro (PSL).

Bovespa

O mercado brasileiro de ações ensaiou uma recuperação das perdas recentes nesta quinta-feira, 20, mas esbarrou no mau humor das bolsas de Nova York e principalmente na forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional. O temor de desaceleração da economia global e a frustração com as sinalizações dadas na véspera pelo Federal Reserve continuaram a ecoar nos mercados, o que intensificou a aversão a ativos de risco. Com isso, o Índice Bovespa, que mais cedo chegou a subir mais de 1%, fechou em baixa de 0,47%, aos 84.269,29 pontos.

As diversas incertezas do cenário internacional acertaram em cheio as ações de empresas ligadas a commodities. O petróleo definiu tendência de baixa ainda pela manhã, em meio às preocupações com a política monetária dos Estados Unidos e o temor de que a produção da commodity esteja acima do esperado. Os futuros de petróleo em Londres e Nova York ampliaram as perdas no final da tarde, com quedas em torno de 5%. Assim, levaram Petrobras ON e PN a fecharem com perdas de 2,42% e 3,42%, nesta ordem.

A alta dos preços do minério de ferro não evitou a instabilidade nas ações da Vale, que alternaram sinais ao longo do dia e terminaram o dia com baixa de 0,40%. Diante do forte movimento de busca por proteção no ambiente externo, analistas consideraram o desempenho do Ibovespa de certa forma positivo, por mostrar um relativo descolamento dos ativos. Apesar do noticiário doméstico bastante escasso, com as perspectivas voltadas para o período após a posse do novo governo, uma das justificativas para a resiliência do Ibovespa pode estar na manutenção da aposta em uma mudança da dinâmica política e econômica brasileira.

"Com as quedas expressivas em Nova York, podemos considerar que o Ibovespa esteve no lucro. A queda era inevitável, considerando que 60% do nosso mercado é formado por investidores estrangeiros. O fato é que o mercado mantém a aposta positiva para o ano que vem, com avanço em reformas e manutenção dos juros baixos", disse Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura.

Com o resultado desta quinta, o Ibovespa passa a contabilizar queda de 2,49% no acumulado da semana e de 4,73% no mês. No entanto, a alta nominal de 11,61% em 2018 coloca a bolsa brasileira entre as que mais subiram no ano. Na avaliação de Gabriel Francisco, analista da XP Investimentos, a combinação entre juro baixo e avanços nas reformas estruturais pode colocar o Brasil em situação de destaque ante outros emergentes.

Taxa de juros

Os juros futuros fecharam em queda firme e nas mínimas nos vencimentos de médio e longo prazos e praticamente estáveis na ponta curta nesta quinta-feira, 20. O vetor principal para os negócios nesta quinta-feira foi o câmbio, com o dólar mostrando fraqueza generalizada ante as demais moedas. O Relatório Trimestral de Inflação (RTI) não trouxe novidades para alterar a percepção sobre a trajetória da inflação e da política monetária, apenas endossando a ideia de Selic estável em 6,50% por muitos meses.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020 fechou na mínima de 6,580%, de 6,601% na quarta-feira no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 fechou em 7,39%, ante 7,462% na quarta no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2023 encerrou a 8,63% (mínima), de 8,742% na quarta no ajuste e a do DI para janeiro de 2025 também fechou na mínima, a 9,25%, de 9,372%.

As perdas do dólar ante o real estão amparadas no movimento externo com a ajuda dos dois leilões de linha no valor de US$ 1 bilhão realizados pelo Banco Central. A moeda era negociada em R$ 3,8505 (-0,97%), às 16h30, mas nas mínimas chegou ao patamar dos R$ 3,83. Profissionais da renda fixa relataram ter observado ainda fluxo externo no DI, mas o volume de contratos negociados nesta quarta não foi grande.

"Temos fluxo externo e o real em linha com as demais moedas contra o dólar. As divisas emergentes hoje (quarta) são favorecidas e levam a curva a fechar", disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal. Para o diretor de Operações da Mirae Asset, Pablo Stipanicic Spyer, o alívio da ponta longa esteve relacionado ao fato de na quarta-feira o Federal Reserve ter dito que vai subir somente duas vezes o juro ano que vem. "Obviamente, depende dos números da economia, mas acalmou o mercado. Uma das grandes componentes da parte longa da curva de juro brasileira é a taxa de juro de 30 anos americana", lembrou.

Os contratos de curto prazo tiveram oscilação restrita. O teor do RTI veio em linha com o que já havia sinalizado a ata do Copom e, por isso, não teve forças para mexer com os preços. De acordo com o Departamento Econômico do Bradesco, assim como na ata, o BC aponta que o grau de assimetria dos riscos diminuiu desde a última reunião, mas que os riscos altistas para a inflação permanecem relevantes e seguem com maior peso no balanço de riscos. "Avaliamos que a Selic ficará estável ao longo de todo o primeiro semestre de 2019, com altas em ritmo gradual a partir do segundo semestre, alcançando 7,25% no final do próximo ano", preveem.

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