Com mercado exterior e interno, dólar cai 2,50% e fecha em R$ 5,65

Com mercado exterior e interno, dólar cai 2,50% e fecha em R$ 5,65

Bolsa terminou o dia em alta de 1,30%, com Nova Iorque e foco na PEC Emergencial

AE

Ibovespa fechou aos 112.776,49 pontos

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Em dia de noticiário intenso no mercado doméstico externo, o dólar firmou queda ante o real logo pela manhã, momento em que o Banco Central fez sua primeira intervenção no mercado, vendendo US$ 1 bilhão em swap cambial. No exterior, a moeda norte-americana teve dia de baixa generalizada, após dados da inflação mostrarem preços comportados nos Estados Unidos e, no final do dia, a aprovação do pacote fiscal de Joe Biden.

Causou estranheza no mercado um segundo leilão de dólares do BC no início da tarde, de US$ 405 milhões, já com a divisa dos EUA em queda firme. Para profissionais das mesas de câmbio, a oferta pode ser para dar liquidez a estrangeiros deixando o país ou o temor do BC de mais pressão na inflação do dólar alto, que tem levado uma série de bancos, como Barclays, Itaú e JPMorgan, a revisar suas projeções para o IPCA e para a taxa básica de juros. Com isso, o dólar fechou na maior queda em dois meses. As mesas de operação ficaram ainda monitorando de perto a votação da PEC Emergencial na Câmara. No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em baixa de 2,50%, em R$ 5,6526. No mercado futuro, o dólar para abril caiu 2,21%, a R$ 5,6780.

As análise negativas sobre o Brasil e o real têm se proliferado nos últimos dias. Os estrategistas do banco suíço UBS resolveram encerrar suas apostas compradas na divisa brasileira, ou seja, que ganham com sua valorização. Prevendo que a volatilidade vai seguir muito alta no câmbio, em meio a piora da pandemia e atrasos na vacinação, além do risco de mais medidas populistas por Jair Bolsonaro, o banco prefere ficar de lado no curto prazo, observando os movimentos. O também suíço Julius Baer mostrou preocupação com o populismo e o avanço de reformas após a decisão de anular as condenações de Luiz Inácio Lula da Silva. Por isso, neste momento, prefere não tomar posições em renda fixa ou na bolsa brasileira, avaliando outras regiões como melhores opções por ora.

Nesse sentido, um diretor de um banco estrangeiro afirma que, ao atuar hoje vendendo dólares à vista, o BC pode estar querendo dar fluxo para saída de capital do País. Este mês, até o dia 5, o fluxo financeiro é negativo em US$ 1,384 bilhão, segundo dados de hoje do BC. O fluxo cambial total está no vermelho em US$ 436 milhões no mesmo período. "De fato a atuação do BC hoje foi atípica", afirma um diretor de Tesouraria.

Na Câmara, após forte atuação do governo, o plenário rejeitou um destaque de autoria do PT que derrubaria todos os gatilhos de congelamento de salários de servidores e outras despesas do governo. "O momento é muito delicado, um passo em falso pode custar muito mais caro", afirma o chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), José Júlio Senna, ex-diretor do BC, ao falar da PEC Emergencial. "O nível de ruído é excessivo. O desconforto manifestado por agentes econômicos em geral e participantes do mercado financeiro em particular é muito elevado", completa, citando ainda o temor de nova guinada populista de Bolsonaro.

Ibovespa

Em sessão volátil, o Ibovespa refletiu de perto a votação da PEC Emergencial na Câmara dos Deputados e entre a definição do primeiro turno, na madrugada, e do segundo turno, encaminhado nesta tarde, a reação oscilou do positivo ao negativo, com alguns momentos de susto, como a abertura de brecha para progressão de carreira no funcionalismo público. Além disso, em outra mudança de última hora, o plenário da Câmara derrubou dispositivo da PEC que daria mais flexibilidade ao governo na gestão do Orçamento, ao aprovar destaque do PDT que retira do texto a possibilidade de desvinculação de receitas hoje carimbadas para órgãos, fundos ou despesas específicas.

Assim, a princípio, frustrava-se a percepção inicial de que a PEC passaria incólume pela Câmara, exatamente conforme havia sido aprovada no Senado, sem desidratações adicionais. Ontem, prevalecia a expectativa de que não seria levada adiante a intenção do presidente Jair Bolsonaro de preservar categorias do funcionalismo, especialmente as ligadas à segurança pública. Ao final, entre idas e vindas, o Ibovespa conseguiu mostrar bom ganho de 1,30%, aos 112.776,49 pontos, tendo oscilado entre mínima de 109.998,86 e máxima de 112.928,14 pontos, com giro financeiro a R$ 46,4 bilhões. Na semana, o índice da B3 cede 2,11%, colocando os ganhos do mês a 2,49% - em 2021, perde 5,24%.

"O Ibovespa chegou a cair mais de 1% com a notícia de que o governo discutiu acordo para diminuir a potência fiscal da PEC Emergencial, permitindo a promoção de servidores quando a cláusula de calamidade estiver acionada", observa Júlia Aquino, especialista da Rico Investimentos.

A rejeição de destaque do PT manteve na PEC Emergencial os gatilhos de congelamento de salário, o que contribuiu para melhora do sentimento a partir do meio da tarde, assim como o bom desempenho dos mercados de Nova Iorque, que estenderam ganhos após nova acomodação dos rendimentos dos Treasuries, na sequência de volumoso leilão de T-notes de 10 anos, bem como pela aprovação, na Câmara dos Representantes, do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão, que será sancionado pelo presidente Joe Biden na sexta-feira.

Com a conclusão da tramitação do pacote, os índices de Wall Street ganharam impulso, chegando a levar consigo o Nasdaq, enquanto os juros longos dos EUA acentuavam movimento de queda - ao fim, o Dow Jones mostrava novo recorde de fechamento. Pegando carona no exterior positivo, o Ibovespa foi à máxima do dia, chegando a avançar 1,43%, no pico desta quarta-feira. "Um relatório de inflação moderado (divulgado hoje) e forte demanda nos próximos leilões de títulos do Tesouro podem significar para o Fed uma reunião de política monetária tranquila na próxima semana", aponta em nota Edward Moya, analista da OANDA em Nova Iorque.

No Brasil, "o mercado passou o dia com um olho no gato e outro no peixe, é preciso ver como ficará a PEC ao final: há muito desencontro, o que dificulta a avaliação de qual será o efeito de tudo isso", diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. "Acho que o saldo final é bastante positivo. Foram necessárias algumas concessões, mas que mantiveram a estrutura fiscal intocada", diz o economista-chefe da Genial Investimentos, José Márcio Camargo. "Temos a perspectiva agora de que a partir de 2022 a regra do teto volte a ser respeitada, já que a PEC cria institucionalidade de respeito ao teto."

Entre os segmentos do Ibovespa, destaque negativo nesta sessão para mineração e siderurgia. "Nesta quarta-feira, os futuros do minério de ferro na China caíram para o menor nível em quatro semanas, pressionados por medidas mais duras contra poluição no principal polo siderúrgico de Tangshan, além de alívio com preocupações quanto à oferta da matéria-prima", diz Júlia Aquino, da Rico. Assim, Vale ON fechou em baixa de 1,54%, com as perdas no setor de siderurgia chegando a 3,22% (Usiminas) no encerramento.

Destaque positivo para utilities (Cemig +4,84%), bancos (BB ON +3,14%) e Petrobras (ON +4,21%, PN +3,47%), com o petróleo, que também fechou em alta após sessão volátil. Na ponta do Ibovespa, Embraer subiu 11,99%, à frente de Via Varejo (+10,29%) e Gol (+9,92%). No lado oposto, Suzano cedeu 5,46%, Marfrig, 4,83%, e Totvs, 4,74%.

Juros

A volatilidade voltou a ditar a dinâmica do mercado de juros, principalmente à tarde, na medida em que avançava a votação dos destaques da PEC Emergencial na Câmara. As taxas, que oscilavam em baixa na primeira etapa, zeraram a queda e passaram a subir com sinais negativos da Câmara, mas no fechamento já rondavam a estabilidade. O mercado reagiu mal às mudanças para permitir a progressão da carreira de servidores e à derrubada de dispositivo que daria mais flexibilidade na gestão do Orçamento, liberando R$ 65 bilhões ao ano. As alterações contrariam a sinalização dada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo relator Daniel Freitas (PSL-SC) de que seria aprovado o texto "exatamente" como veio do Senado. Com isso, o aumento da aversão ao risco fiscal acabou ofuscando o impacto da melhora no mercado de Treasuries, com a taxa da T-Note virando para baixo à tarde na esteira do leilão de títulos do Tesouro americano e aprovação do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a 4,035% (regular) e 4,05% (estendida), de 4,020% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2025 terminou em 7,42% (regular) e 7,39% (estendida), de 7,386% ontem. O DI para janeiro de 2027 encerrou a regular com taxa de 8,02%, de 8,034% ontem, e a estendida em 7,98%.

Na operação para tentar conter os danos à PEC Emergencial, o governo fechou um acordo para manter a possibilidade de progressões e promoções nas carreiras. Antes disso, um destaque do PT - que acabou rejeitado após o acerto - pedia a retirada de todos os gatilhos de congelamento de salário e outras despesas, medida vista como uma desidratação total do texto.

Ainda na PEC, outra fonte de ruído foi a aprovação do destaque do PDT que retirava a possibilidade de desvinculação de receitas hoje carimbadas para órgãos, fundos ou despesas específicas. Contudo, na visão da área econômica, a derrubada desse dispositivo não afeta o trecho da PEC que libera o superávit financeiro de diversos fundos públicos, reduzindo a necessidade de emissões do Tesouro. A medida deve liberar mais de R$ 100 bilhões que estão presos no caixa do governo para o abatimento da dívida pública.

Enquanto isso, no exterior, o mercado de Treasuries também teve um dia volátil. A inflação ao consumidor nos Estados Unidos em fevereiro dentro do esperado aliviou temores de pressão nos preços com potencial de antecipar um aperto monetário pelo Federal Reserve. Os rendimentos dos títulos moderaram os ganhos à espera de outro evento à tarde, o leilão de US$ 38 bilhões em T-notes de 10 anos. Pouco antes do leilão, a taxa da T-Note bateu mínimas, mas após a operação diminuíram o ritmo. Os papéis tiveram demanda abaixo da média, de acordo com a BMO. Além disso, o mercado monitorou a aprovação, na Câmara, do pacote fiscal de US$ 1,9 trilhão.


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