Companhia aérea Latam pede recuperação judicial nos EUA

Companhia aérea Latam pede recuperação judicial nos EUA

Inicialmente, as operações no Brasil, Argentina e Paraguai não serão afetadas

R7

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A companhia aérea Latam pediu recuperação judicial nos Estados Unidos nesta terça-feira (26). Entram no pedido, além da operação norte-americana da empresa, as afiliadas no Chile, Peru, Colômbia e Equador. 

Inicialmente, as unidades do grupo no Brasil, Argentina e Paraguai estão fora do pedido. Segundo a Latam brasileira, a empresa discute com o governo do presidente Jair Bolsonaro ajuda para sair da crise. A tendência é que as operações brasileiras não sejam interrompidas, uma vez que o grupo negocia empréstimos com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e bancos privados.

A operação da empresa em solo brasileiro foi reduzida em 95% em abril e maio, permanecendo apenas algumas rotas internacionais, como a ligação entre São Paulo e Miami (EUA) e São Paulo e Frankfurt, na Alemanha.

Dos 750 voos diários realizados no Brasil antes da Covid-19, hoje restam apenas 35. A companhia é a segunda aérea da América Latina a fazer a solicitação em meio à crise da pandemia. Há duas semanas, a Avianca Holdings fez pedido similar.

A Latam utilizou uma das opções da lei de falências americana (chapter 11, ou capítulo 11) que lhe permite uma saída para negociar compromissos com arrendadores de aeronaves, o que não é possível pela lei de recuperação judicial brasileira.

A companhia é vista como uma das aéreas com maior dificuldade para atender as condições de acesso ao pacote emergencial para o setor aéreo que está sendo preparado pelo BNDES, na avaliação de especialistas. Isso porque não tem capital aberto no Brasil, o que dificultaria seu acesso ao modelo de auxílio que está sendo estruturado.

Ajuda do Chile 

Em Brasília, há ainda a interpretação de que, por se tratar de uma empresa chilena, Santiago deveria ajudar no socorro da empresa. No Chile, porém, há uma dificuldade extra: o presidente Sebastián Piñera já foi acionista da companhia e é próximo à família Cueto, controladora da empresa. Uma ajuda financeira à Latam poderia, portanto, não ser bem recebida no país.

Em março, o UBS havia afirmado, em relatório, que a Latam era a companhia aérea com atuação no mercado doméstico mais vulnerável à crise.

Segundo cálculos do banco, o caixa da empresa deveria ficar negativo já neste segundo trimestre com a redução dos voos em 70%, corte anunciado pela Latam à época. A Avianca era outra empresa em situação semelhante, escreveram os analistas do UBS.

Comunicado à imprensa

Em comunicado enviado à imprensa, a Latam afirma que a pandemia tornou imprevisível a gestão. "A Latam entrou na pandemia de covid-19 como um grupo de companhias aéreas saudável e lucrativo, mas circunstâncias excepcionais resultaram em um colapso na demanda global que não apenas levou a aviação a praticamente uma paralisação, mas também mudou o setor para o futuro próximo”, disse Roberto Alvo, CEO da empresa.

A empresa ainda afirma que fez uma série de medidas para minimizar o impacto da decisão. “Implementamos uma série de medidas difíceis para mitigar o impacto dessa disrupção sem precedentes no setor, mas, no fim das contas, esse caminho é a melhor opção para estabelecemos as bases certas para o futuro do nosso grupo de companhias aéreas. Estamos olhando adiante, para um futuro pós-covid-19, e focados em transformar nosso grupo para que ele se adapte a uma nova e evolutiva maneira de voar, com a saúde e a segurança de seus passageiros e funcionários em primeiro lugar.”

A Latam ainda colocou que assegurou as finanças de acionistas. "O grupo garantiu o suporte financeiro de acionistas, incluindo as famílias Cueto e Amaro, que têm um relacionamento próximo e duradouro com a Latam, e a Qatar Airways, para a obtenção de até 900 milhões de dólares em um financiamento DIP (debtor-in-possession, em inglês) (...) O apoio deles demonstra uma crença na Latam, em suas afiliadas e na sustentabilidade do grupo a longo prazo. Na extensão permitida por lei, o grupo aceitaria outros acionistas interessados ​​em participar desse processo para fornecer financiamento adicional. Além disso, no momento do pedido, o grupo tinha aproximadamente 1.3 bilhão de dólares em dinheiro disponível."

Em outro trecho do comunicado, o grupo afirma que "está comprometido em preservar a continuidade dos negócios" e faz algumas promessas. São elas:

" - A Latam Airlines Group S.A. e suas afiliadas continuarão operando voos de passageiros e de carga, sujeitos a restrições de demanda e de viagem.

- Todas as passagens atuais e futuras, vouchers de viagem, pontos e benefícios do programa Latam Pass, bem como políticas de flexibilidade, serão respeitados.

- Os funcionários do grupo continuarão sendo pagos e receberão os benefícios previstos em seus contratos de trabalho.

- Os fornecedores serão pagos em tempo hábil pelos bens e serviços entregues a partir de 26 de maio de 2020 e ao longo desse processo.

- As agências de viagens e outros parceiros comerciais não sofrerão interrupções em suas interações com o grupo Latam."


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