Dólar cai a R$ 4,06 com ajuda do exterior e perspectiva positiva para Brasil

Dólar cai a R$ 4,06 com ajuda do exterior e perspectiva positiva para Brasil

Após ensaio de alta, Ibovespa perdeu o fôlego e fechou em leve queda, aos 111.896,04 pontos

AE

Moeda americana teve queda de 1,11%

publicidade

O dólar fechou a segunda-feira em queda de 1,11%, a R$ 4,0620, menor nível desde 5 de novembro. O exterior positivo, após a divulgação de bons indicadores da China, e um renovado otimismo com economia brasileira, que atraiu fluxo externo, estimularam a venda de dólares e a desmontagem de posições contra o real no mercado futuro. Com isso, o real foi a moeda com melhor desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 divisas.

Investidores estrangeiros reduziram em mais US$ 643 milhões suas apostas contra o real no mercado futuro de dólar e cupom cambial na sexta-feira, segundo dados da B3. Somente nos primeiros quatro dias da semana passada, estes agentes cortaram estas apostas em US$ 3,4 bilhões. Com isso, o estoque de posições compradas está agora em 590 mil contratos, um dos menores níveis do ano, o equivalente a US$ 29,5 bilhões.

"O cenário para o Brasil está bem mais positivo, com maior entrada de dólares", disse o responsável pela área de câmbio da Terra Investimento, Vanei Nagen. Bancos, como BTG Pactual, Morgan Stanley, Citi, Bradesco e JPMorgan, têm revisado as projeções de crescimento para o Brasil e divulgado análises otimistas.

O JP, por exemplo, segue com aposta "overweight" (acima da média do mercado) no País e vê o Brasil como uma das principais apostas nas bolsas dos emergentes no ano que vem, junto com China, Coreia do Sul, Rússia e Indonésia. "É nestes mercados que nossos analistas estão mais otimistas ('bullish')", ressalta relatório do banco. Já para mercados como Chile e México o banco americano está mais pessimista.

A pressão de uma "prolongada guerra comercial" entre os EUA e a China está diminuindo, após os acertos da semana passada e, no Brasil, "as reformas estruturais deste ano tornam a economia brasileira uma das mais atraentes em 2020", ressalta o analista de mercado financeiro da Oanda, Alfonso Esparza, em relatório. Nesse clima de otimismo, o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil caiu hoje ao nível de 96 pontos, nas mínimas desde 2010, de acordo com cotações da IHS Markit.

Bovespa

O Ibovespa voltou a ensaiar máxima histórica pela terceira sessão consecutiva, mas perdeu fôlego à tarde, em dia de giro financeiro reforçado pelo vencimento de opções sobre ações, em volume de R$ 12,130 bilhões no encerramento do período de exercício, às 13h. Na quarta-feira, será a vez do vencimento de opções sobre o Ibovespa.

Pelo quarto dia seguido, o índice de referência da B3 caminhava para fechar em terreno positivo, mas, a menos de uma hora do fim da sessão, neutralizou o avanço e passou por uma realização mais aguda nos minutos finais, em queda de 0,59%, aos 111.896,04 pontos, após ter tocado hoje, pela primeira vez, a faixa de 113 mil pontos - na máxima, foi a 113.196,83 pontos, novo pico histórico intradia. O giro totalizou R$ 34,6 bilhões e, no ano, o índice de ações acumula agora ganho de 27,32% - no mês, sobe 3,38%.

Em dia no qual a possibilidade de retorno da CPMF voltou ao radar, as ações de bancos fecharam em queda, com ItaúUnibanco PN em baixa de 2,29% e Bradesco PN, de 1,75%.

Em dezembro, cuja segunda quinzena foi iniciada hoje, o Ibovespa registrou perdas - por sinal, leves - apenas em duas outras sessões, na segunda e terça-feira da semana passada, quando fechou, respectivamente, em baixa de 0,13% e 0,28% nos dias que antecederam as decisões do Copom e do Federal Reserve, bem como o anúncio da elevação da perspectiva para a nota de crédito do Brasil, pela S&P.

"A dinâmica, tanto aqui como fora, permanece positiva, mas não houve hoje propriamente uma grande novidade, algo que carregasse o índice adiante", acrescenta Ari Santos, gerente de Ibovespa na H. Commcor.

Neste contexto favorável, a primeira sessão da segunda metade de dezembro foi marcada positivamente pelo CDS, medida de risco Brasil, no menor nível desde outubro de 2010, e forte ajuste negativo no dólar à vista, que chegou hoje durante a sessão a R$ 4,0558, negociado nos menores patamares desde o começo de novembro. No fechamento de hoje, o dólar à vista apontava queda de 1,11%, a R$ 4,0620, com o índice DXY em baixa em torno de 0,16%, a 97,019. Em NY, S&P 500 e Nasdaq voltaram a renovar hoje máximas de fechamento, replicando a última sexta-feira - desta vez, o Dow Jones também se juntou ao grupo.

As ações de Petrobras, JBS e Marfrig podem continuar sob alguma pressão com o "follow-on" (oferta subsequente) do BNDES, impulsionando a disponibilidade dos papéis dessas empresas no curto prazo. Assim, após o fechamento negativo de suas ações na sexta-feira, quando o BNDES anunciou a intenção de vender ações ordinárias da empresa, Petrobras PN e ON fecharam hoje, respectivamente, em baixa de 1,90% e 0,77%. A ação da JBS fechou hoje em baixa de 0,55% e a da Marfrig, de 0,37%.

Juros

Enquanto o aumento do apetite ao risco vindo do exterior embalou a queda do dólar, os juros futuros operaram sob dinâmica própria e estiveram em alta a maior parte da sessão. Como a semana tem uma agenda pesada em termos de política monetária, com divulgação da ata do Copom e do Relatório Trimestral de Inflação (RTI), o investidor aproveitou para realizar lucros, tendo ainda como argumento a melhora da perspectiva de crescimento do País em 2020, que deve reduzir o espaço para mais cortes da Selic.

Ainda, no exterior, o dia foi de elevação nos rendimentos dos títulos públicos nos Estados Unidos e na Europa, diante da melhora na perspectiva para a economia global após o fechamento do acordo inicial entre a Pequim e Washington.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou com taxa de 4,55% (regular) e 4,545% (estendida), de 4,510% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 terminou em 5,82% (regular e estendida), de 5,722% no último ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 subiu de 6,362% para 6,46% (regular) e 6,48% (estendida) e a do DI para janeiro de 2027 fechou a 6,81% (regular e estendida), de 6,701% no ajuste anterior.

O sinal de alta para as taxas foi definido ainda pela manhã, após uma abertura perto da estabilidade, ainda que o dia não tenha trazido grandes destaques no noticiário ou na agenda. Alguns profissionais afirmam que o investidor preferiu ficar "mais leve" para aguardar os documentos do Banco Central nesta semana e, ao mesmo tempo, relacionaram a pressão das taxas à perspectiva positiva para o crescimento do PIB no ano que vem, o que também ajudou o dólar a cair e a fechar no nível de R$ 4,06.

A questão da atividade é grande expectativa do mercado para a ata que o Copom divulga amanhã, após ter afirmado no comunicado que a partir do segundo trimestre os dados indicam que a "recuperação da economia ganhou tração", e, ao mesmo tempo, ter trazido projeções de inflação bem comportadas para 2020.

"A impressão é de que o câmbio ainda está numa faixa que não incomoda o Banco Central, ou seja, temos de olhar para a atividade, que para 2020 é mais promissora. Temos observado isso já nos dados recentes, mais alentadores", disse o economista-chefe da Guide Investimentos, João Mauricio Rosal, que espera crescimento de 2,5% para o PIB no ano que vem, com "viés de alta".


Azeite gaúcho conquista prêmio internacional

Produzido na Fazenda Serra dos Tapes, de Canguçu, Potenza Frutado venceu em primeiro lugar na categoria “Best International EVOO” do Guía ESAO

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895