Dólar descola do exterior, engata alta frente ao real e fecha a R$ 5,1582

Dólar descola do exterior, engata alta frente ao real e fecha a R$ 5,1582

Ibovespa fechou em baixa de 0,47%

AE

Moeda norte-americana fechou com alta de R$ 0,069 (+1,3%) nesta terça-feira

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O dólar engatou movimento de alta na sessão de negócios desta quinta-feira, 11, e o real se descolou da valorização vista em boa parte de divisas emergentes e fortes. Analistas apontam questões internas, como as incertezas com questões fiscais e políticas, como fator que impede a moeda local de manter uma trajetória mais firme de valorização ainda que notícias externas tenham sido mais favoráveis para o enfraquecimento do dólar no âmbito global.

Cleber Alessie Machado Neto, gerente de mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, nota que o real indicou "algum desconforto" do mercado com os níveis na região de R$ 5,05, tocados na quarta-feira. "O mercado parece aproveitar os atuais níveis entre R$ 5,05 e R$ 5,10 para zerar posições vendidas, dando a crer que ainda não estaria confortável a ponto de alimentar os movimentos desencadeados pelo CPI e PPI abaixo do esperado nos EUA", disse.

Assim, um dia após oscilar na região dos R$ 5,05, abriu com alta comedida. Pouco antes e logo depois da divulgação do índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos, que veio bem menor que o consenso, o dólar bateu mínima a R$ 5,0640. Mas passou a subir com ímpeto após as 11 horas, em manhã na qual houve a leitura da Carta às Brasileiras e aos Brasileiros - Estado Democrático de Direito Sempre, que conta com aproximadamente 900 mil assinaturas.

O dólar no segmento à vista saiu da abertura cotado a R$ 5,0855 para fechar em alta de 1,44%, a R$ 5,1582, batendo em R$ 5,1713 na máxima intraday.

Matheus Pizzani, economista da CM Capital, ressalta que a volatilidade deve estar presente no mercado de câmbio brasileiro muito influenciada por questões domésticas. "Problemas internos agregam desconfiança para o investidor estrangeiro. A economia demorando um pouco para deslanchar e o adicionamento de custo à estrutura fiscal pesam. Por mais que tenhamos superávit primário este ano, que será impulsionado pela inflação, houve uma adição de custo significativa", diz.

Na sua avaliação, essa situação impõe um piso para a cotação local. "Não acreditamos que o dólar fique abaixo de R$ 5,00 até o final deste ano. E, à medida que o período eleitoral for chegando, pode desvalorizar ainda mais". "No Brasil, houve uma pancada para baixo com dados melhores de inflação nos Estados Unidos e, depois, um movimento de correção. Isso principalmente porque pelos problemas internos o Brasil se torna menos atrativo para absorver boa parte desses excedentes no mercado de câmbio, mesmo com nossa taxa de juros elevada", ressalta.

Taxas de juros

Os juros futuros fecharam a quinta-feira em alta nos vencimentos intermediários e longos, refletindo correção do mercado às quedas recentes nos prêmios de risco e estimulados ainda pela alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries, apesar da inflação no atacado nos Estados Unidos ter surpreendido para baixo. As taxas chegaram a quase zerar o avanço no começo da tarde, passado o leilão de prefixados, muito maior do que os anteriores, mas no fim do dia voltou a ganhar fôlego com as máximas nos yields dos títulos do Tesouro americano e dólar ampliando alta. Profissionais relatam ainda forte influência de movimentos técnicos nos últimos dias ante vencimentos grandes de títulos públicos no curto prazo.

A ponta curta terminou estável, numa sessão sem vetores capazes de alterar a percepção sobre a Selic nos próximos meses. Nem a Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) nem o anúncio da redução do preço do diesel provocaram reação das taxas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 fechou estável em 13,72% e a do DI para janeiro de 2024 passou de 12,928% para 12,95%. A do DI para janeiro de 2025 subiu de 11,872% para 11,95% e a do DI para janeiro de 2027, de 11,713% para 11,79%.

Até chegaram a testar queda na abertura, mas viraram ainda pela manhã com o mercado se preparando para o leilão do Tesouro, que veio grande. Foram vendidos integralmente os lotes de 16,5 milhões de LTN e de 2 milhões de NTN-F, com taxas abaixo do consenso, segundo a Necton Investimentos, que informou ainda que o risco (DV01) foi de US$ 798 mil.

De todo modo, o leilão foi no geral bem absorvido, inclusive o de papéis longos (NTN-F), que são normalmente alvo de estrangeiros e vinham tendo pouco interesse. O operador de renda fixa da Mirae Asset Paulo Nepomuceno afirma que o leilão mostra que há fluxo para Brasil e "que a rolagem da dívida pública está garantida". No começo da tarde, a pressão sobre os DIs diminuiu com os típicos ajustes pós-leilão, de desmonte de posições defensivas.

Nepomuceno lembra que o mercado de juros vinha perdendo prêmios de forma muito rápida e tem havido alguma recomposição, nesta quinta com influência do dólar, mesmo num dia de queda inesperada da inflação no atacado nos Estados Unidos. "Na visão do mercado brasileiro, tanto o CPI quanto o PPI sugerem que os juros lá fora não precisam explodir, mas não necessariamente é isso o que pensa o mercado lá fora. O Fed vai ter de subir juro para colocar a economia no lugar", disse, destacando que aqui "o juro real ainda aguenta bastante desaforo da inflação".

No meio da tarde, os juros dos Treasuries ganharam fôlego, com a taxa do papel de 10 anos projetando 2,88%, do patamar de 2,79% de quarta.

A agenda doméstica trouxe o volume de serviços em junho (+0,7%) maior do que a mediana das estimativas (+0,4%), mas que não alterou a percepção do mercado de que o ciclo de aperto da Selic terminou no Copom de agosto. Tampouco a redução de R$ 0,22 no litro do diesel anunciada pela Petrobras mudou a percepção sobre a inflação. O impacto é residual no IPCA, na casa de -0,01 ponto porcentual.

Bolsa

Puxada por bom desempenho das ações do setor minero-siderúrgico (Vale ON +3,48%, CSN ON +2,92%, Usiminas PNA +2,63%) e do Banco do Brasil (ON +4,43%), após forte balanço trimestral da instituição financeira, o Ibovespa parecia até o meio da tarde que teria fôlego para o oitavo ganho seguido, igualando série de março passado. Mas, entre mínima de 109.603,66 e máxima de 111.309,64 (maior nível intradia desde 6 de junho), acompanhou a piora em Nova York e mudou de sinal, para fechar em baixa de 0,47%, aos 109.717,94 pontos, devolvendo o nível de 110 mil que havia reconquistado no encerramento anterior pela primeira vez desde 7 de junho.

Na semana, o índice avança 3,05%; no mês, 6,35% e, no ano, 4,67%. O giro financeiro foi a R$ 35,5 bilhões nesta quinta-feira. Diferentemente de sessões anteriores, o avanço do Ibovespa até o meio da tarde ocorria a despeito do sinal do dólar, que na quarta foi negociado perto de R$ 5 e nesta quinta-feira retornou à casa dos R$ 5,15 (+1,44%), em dia de leve baixa para o índice DXY, que contrapõe a moeda americana a referências como euro, iene e libra.

"O dólar e os juros futuros voltaram a subir hoje, em um movimento de realização, após fortes quedas nos últimos dias", diz Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos. "Uma realização em Brasil, com olhar para outros emergentes onde há também oportunidades."

Em Nova York, a pausa na recuperação dos índices de ações ocorreu apesar da deflação observada em julho no índice de preços ao produtor (PPI), que corrobora visão mais benigna sobre a inflação nos Estados Unidos desde a leitura da última quarta-feira sobre os preços ao consumidor no país. Aqui, os dados sobre a atividade de serviços, pela manhã, também favoreciam em alguma medida apetite por risco. Mas o que prevaleceu ao fim foi a cautela, com os investidores inclinados a colocar dinheiro no bolso após a extensa sequência positiva do Ibovespa.

"É natural uma realização de lucros após uma sequência tão longa de ganhos. O Ibovespa estava muito descontado, com várias empresas com P/L em nível de 2008, algumas até abaixo disso. Os mercados estavam temendo, trabalhando com a possibilidade de uma recessão maior nos Estados Unidos, mas dados como os recentes sobre o mercado de trabalho não mostram isso", diz José Simão, sócio e head de renda variável da Legend Investimentos, destacando também o quadro econômico e corporativo no Brasil, em que "a fotografia de hoje parece melhor do que a percebida no início do ano". "Ao mesmo tempo, os dados de inflação ao consumidor e ao produtor, nos Estados Unidos, sugerem que a atuação do Fed está produzindo efeito, embora seja preciso cautela com as leituras, que podem variar de um mês para outro", acrescenta.

Apesar de os dados de emprego refutarem a hipótese de recessão e a estabilidade vista na inflação ao consumidor em julho, divulgada nesta semana, contribuir para "pintar um quadro mais favorável para a economia americana", observa em nota a Guide Investimentos, "diversos dirigentes do Fed voltaram a reforçar que a batalha com a inflação está longe de ganha, e que existem grandes chances de o Fomc o comitê de política monetária do BC americano seguir subindo o juro 2023 adentro".

Em meio à pausa observada nesta quinta-feira também nos índices de Nova York, destaque para BRF (-12,65%), MRV (-11,00%) e Americanas (-9,41%), na ponta perdedora do Ibovespa, com Positivo (+10,26%), Minerva (+7,33%) e Marfrig (+5,41%) no lado oposto.

A segunda queda de preço do diesel em uma semana contribuiu para as ações da Petrobras (ON -1,89%; PN -2,32%, mínima do dia no fechamento) descolarem dos ganhos vistos nas empresas de maior liquidez na B3, realizando lucros após o entusiasmo em torno da recente safra de resultados e de anúncio de dividendos históricos, que fizeram os preços do papel da petroleira avançar. Nesta sessão, o movimento em Petrobras destoou também das cotações da commodity na sessão, em que Brent e WTI subiram mais de 2%.

No dia de mobilização de diversas entidades empresariais e da sociedade civil em defesa da democracia, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a nova redução do diesel anunciada pela Petrobras. "Hoje, aconteceu um ato muito importante em prol do Brasil e de grande relevância para o povo brasileiro: a Petrobras reduziu, mais uma vez, o preço do diesel", escreveu o presidente da República, em uma rede social.


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