Dólar encerra negócios a R$ 4,15 em dia contenção

Dólar encerra negócios a R$ 4,15 em dia contenção

Ibovespa consegue fôlego para retomar 98 mil pontos

AE

Giro financeiro foi de R$ 13,8 bilhões, seguindo abaixo da média diária

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Embalada pelo sinal mais firme de ganhos de suas pares em Nova York e chegando a um nível mais atrativo para as compras, a bolsa deu continuidade à valorização da véspera. Chegou ao final da sessão em alta de 0,94%, na marca dos 98.193,53 pontos, em meio à contenção do dólar à vista no nível dos R$ 4,15. O giro financeiro foi de R$ 13,8 bilhões, seguindo abaixo da média diária.

Para profissionais que acompanham os movimentos da renda variável, em uma conjuntura mais pessimista, a sessão foi de fôlego para o índice, que seguiu de perto o sinal das bolsas americanas. "O cenário externo de incertezas trouxe a bolsa do nível dos 105 mil para o dos 95 mil pontos. Existe então um componente técnico forte para o aproveitamento de possíveis barganhas", notou Marcelo Faria, gerente de renda variável da Porto Seguro Investimentos.

Tanto aqui quanto no exterior, o pregão iniciou em baixa, mas logo depois firmou na direção positiva. Muito embora o dia ter sido mais ameno, a volatilidade se manteve elevada por aqui. A oscilação do Ibovespa foi quase de 2 mil pontos entre a máxima (98.346,03) e a mínima (96.557,06 pontos) intraday.

No final do pregão, a maioria das blue chips fechou no azul, com as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras com ganhos de 0,71% e 1,03%, ajudadas também pela alta das cotações do petróleo no mercado internacional. Já no setor bancário, Itaú Unibanco PN encerrou em alta de 1,13% e as units do Santander, 1,67%. Na contramão, e limitando maiores ganhos do Ibovespa, Bradesco PN teve queda de 0,59% e Banco do Brasil ON recuou 0,83% na esteira de informações de que a instituição se prepara para realizar uma oferta subsequente de ações já em setembro.

Faria ressalta que o contexto se mantém. Há recrudescimento da guerra comercial, elevando o nível de incertezas e isso gera piora das projeções de crescimento global. Existe uma perspectiva de estímulos monetários, mas que, segundo ele, não foi totalmente endereçada diante da falta de convicção na comunicação do Federal Reserve (Fed) sobre a magnitude e tamanho do ciclo do afrouxamento monetário. "Somando a esse cenário, efeitos Argentina e outros ruídos políticos internos geram sensação de atraso na retomada do crescimento econômico", diz.

Os investidores contam com a reforma da Previdência aprovada pelo Senado, mas aguardam que seja dentro do cronograma, até outubro. Nesta quarta, dia de leitura do parecer, o relator da reforma, Tasso Jereissati (PSDB-CE), disse que está prevista para a próxima quarta-feira, dia 4, a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) no Senado. No entanto, afirmou, o atraso pode ocorrer se as discussões se alongarem, afirmou o relator. Até o momento, foram apresentadas 287 emendas à proposta.

Dólar 

Após certa volatilidade pela manhã desta quarta-feira, quando correu entre mínima de R$ 4,1315 e máxima de R$ 4,1680, o dólar à vista rodou perto da estabilidade ao longo da tarde, sempre na casa de R$ 4,15, e encerrou os negócios em R$ 4,1580. Isso fez o real, ao lado da lira turca, destoar das demais divisas emergentes e de exportadores de commodities, que perderam força em relação à moeda americana.

A atuação do Banco Central nesta quarta-feira pela manhã, com leilões de venda à vista, swap cambial (reverso e tradicional) e o leilão de linha ajudou a dar suporte ao real e corrigiu a distorção no chamado 'dólar casado', zerando o diferencial entre o dólar à vista e o futuro para setembro, que havia ficado muito negativo, evidenciado escassez de moeda à vista.

Na primeira hora de negócios, o BC vendeu US$ 25 milhões (de oferta de US$ 550 milhões) em dólar à vista, seguida por colocação de swap cambial reverso de mesmo valor. Em seguida, o BC vendeu a oferta integral de US$ 1,5 bilhão em leilão de linha com compromisso de recompra, estabelecida em 4 de novembro. No início da tarde, foi vendida a oferta de 10.500 de swap cambial tradicional (US$ 525 milhões). Foi o remanescente dos leilões quando foram vendidos apenas 500 contratos no leilão de swap cambial reverso e US$ 25 milhões no leilão de dólar à vista.

Segundo operadores, após a surpreendente intervenção de terça, com oferta de venda de moeda à vista pela primeira vez em 10 anos, o mercado está absorvendo os impactos da nova estratégia de atuação do Banco Central. De um lado, a trinca formada por fluxo cambial negativo, temor de surtos de aversão ao risco no exterior e estreitamento de juros locais e domésticos sugere um dólar mais elevado. De outro, paira a possibilidade de que o Banco Central intervenha sem aviso prévio, o que torna mais arriscado apostar contra o real e fazer hedge de posições prefixadas.

Segundo um experiente gestor de recursos, a onda internacional de aversão ao risco havia dado pretexto para o mercado especular até que ponto o dólar poderia ir sem que o BC agisse. O estopim teria sido a declaração na terça do presidente da instituição, Roberto Campos Neto, de que o real estava em linha com outros emergentes. Quando o dólar se aproximou de R$ 4,20, o BC mudou o tom e introduziu um componente de imprevisibilidade.

O Banco Central informou que o fluxo cambial em agosto, até o dia 23, está negativo em US$ 3,396 bilhões, com saídas líquidas de US$ 6,431 bilhões pelo canal financeiro e saldo positivo de US$ 3,035 bilhões no comércio exterior. No ano, o fluxo total é negativo em US$ 5,605 bilhões. Em igual período do ano passado, o resultado era positivo em US$ 25,012 bilhões.

"Havia uma situação de demanda grande no spot, com bancos vendidos em cerca de US$ 30 bilhões e fluxo negativo. A pressão sobre o câmbio é forte com a aversão ao risco e a pouca atividade do carry trade. O BC está usando seus instrumentos para deixar o mercado mais líquido e trouxe um refresco momentâneo, mas acho que há mais chances de o dólar subir do que recuar", afirma Durval Correa, sócio diretor da Via Brasil Serviços, ressaltando que o mercado está ainda muito suscetível à guerra comercial sino-americana e aos riscos de uma recessão global.

Taxas de juros

Mesmo com o câmbio nesta quarta-feira relativamente bem comportado, o mercado de juros prosseguiu com os ajustes aos novos patamares atingidos pelo dólar nos últimos dias e as taxas voltaram a subir. Foi a quinta sessão consecutiva de avanço, em meio à zeragem de posições vendidas relacionadas a desmontes de operações de hedge em dólar futuro e a ajustes nas apostas para o ciclo de afrouxamento monetário. Com o dólar mais perto de R$ 4,20, a probabilidade de um novo corte de 0,50 ponto porcentual da Selic no Copom de setembro na curva a termo refluiu nos últimos dias, passando de 80% na sexta-feira para 50%.

Tal como nas sessões recentes, o volume de contratos foi exuberante, acima da média dos últimos 15 dias. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor capta as apostas para a Selic nas reuniões do Copom restantes em 2019, fechou em 5,405%, de 5,392% na terça no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2021 subiu de 5,579% para 5,64% e a do DI para janeiro de 2023, de 6,661% para 6,75%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 7,26%, de 7,141%.

Juliano Ferreira Neto, estrategista da BGC Liquidez, vê duas forças atuando no mercado que explicam o movimento nos juros mais intenso do que no dólar. "Há ajuste na precificação de ciclo da Selic, que traz zeragem de posições vendidas em juros e desmontagem de operações de hedge em dólar futuro", disse.

Nos últimos meses, a redução das expectativas de inflação para abaixo das metas neste e no próximo ano, juntamente com dados indicando a fraqueza da atividade doméstica e sinais de desaceleração da economia global, além do avanço das reformas, tornou o cenário muito atrativo para aplicar recursos na renda fixa, indicando um largo espaço para a Selic renovar seus pisos históricos. Mas como nas últimas semanas o real vem sendo penalizado junto com outras moedas de economias emergentes, há dúvidas sobre se o câmbio dará condições para a taxa básica chegar a 5%. Nessa reprecificação dos ativos de renda fixa, o investidor recolhe sua exposição em prefixado, o que puxa desmonte de operações de proteção em derivativos cambiais.

Segundo cálculos do economista-chefe do Banco Haitong, Flávio Serrano, na curva a termo, o mercado já está dividido entre corte de 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto da Selic no Copom dos dias 18 e 19 de setembro. "Na sexta, havia 80% de chance de queda de 0,5 ponto", afirmou. Para o fim do ano, a precificação de queda de cerca de 80 pontos-base para a Selic agora está em 64 pontos.

Nas mesas de operação, os profissionais estão mais conservadores do que nos Departamentos Econômicos, onde os economistas continuam vendo condições para o Copom puxar a Selic para 5% ou até menos, dado o ceticismo sobre o repasse cambial para os preços em função da ociosidade da economia. "De todo modo, a depender da persistência do dólar em níveis elevados, pode mexer com as expectativas", disse Serrano.


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