Dólar fecha a R$ 5,25 com aumento de casos globais de Covid-19

Dólar fecha a R$ 5,25 com aumento de casos globais de Covid-19

Moeda norte-americana encerrou a sessão em alta de 2,64%

AE

Foi o maior avanço porcentual no fechamento desde 18 de setembro de 2020

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O real liderou as perdas entre dividas emergentes no pregão desta segunda-feira, em dia de marcado por forte liquidação de ativos de risco e queda acentuada das commodities, diante de temores de que o avanço da variante Delta do coronavírus mine a recuperação da economia global.

Com mínima de R$ 5,1532 máxima de R$ 5,2576, o dólar à vista fechou em alta de 2,64%, a R$ 5,2506. Foi o maior avanço porcentual no fechamento desde 18 de setembro de 2020. Entre as principais divisas emergentes, o a moeda americana subia cerca de 1% na comparação com o peso mexicano e por volta de 0,70% ante o rand sul-africano, considerados pares do real.

O real chegou a ter melhor performance entre seus pares em período recente, gerando desmontagem de posições defensivas, que agora podem estar sendo recompostas. Além disso, permanece ainda certo desconforto com o ambiente político doméstico, o que torna posições na moeda brasileira muito desconfortáveis neste momento, a despeito da perspectiva de novas elevações da taxa Selic.

O mau humor lá fora se agravou ao longo da tarde na esteira do alerta da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a variante Delta já circula em mais de 111 países. Neste cenário, o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, manteve a suspensão de todas as restrições à modalidade, mas admitiu que poderá haver uma reversão das medidas em caso de piora.

O dia também foi marcado por tombo histórico dos preços do petróleo, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) chegar a um acordo para aumentar a produção de em 400 mil barris por dia a cada mês, a partir de agosto. Não por acaso, o petróleo liderou a queda entre as commodities, com recuo de mais de 7%.

O economista da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, destaca que a grande preocupação é com uma eventual "recaída" da economia global por causa da variante Delta. "Podemos ter um cenário de menor crescimento no ano que vem com a inflação nos Estados Unidos em patamar já elevado, o que vai obrigar o Fed (Federal Reserve) a agir", afirma, ressaltando que a questão é saber como o Fed vai manobrar a política monetária para segurar a inflação sem provocar deterioração aguda e rápida nos preços dos ativos. "E isso provoca muito estresse nos mercados, como estamos vendo hoje."

Para Espírito Santo, a perspectiva de retirada nos estímulos nos Estados Unidos, aliada à proximidade do calendário eleitoral no Brasil, não autoriza uma rodada forte de apreciação do real. "Acho difícil ver esse dólar rodar a R$ 4,60 ou R$ 4,70, como alguns previam. Eu acho que a tendência é a taxa de câmbio trabalhar mais perto de R$ 5,30", diz.

Por aqui, a despeito do recesso parlamentar, o ambiente político segue conturbado, o que coloca em xeque o andamento das reformas. O imbróglio da vez é o debate sobre eventual veto do presidente Jair Bolsonaro, que teve alta hospitalar, ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões (incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias) - o que pode desagradar o Centrão e corroer a base parlamentar do governo, já fragilizado pelas investigações da CPI da Covid.

Para o especialista em câmbio da Valor Investimentos, Rafael Ramos, o dólar deve seguir rodando entre R$ 5,15 e R$ 5,25 no curto prazo. "Mas com a perspectiva de redução de estímulos pelo Fed e o debate em torno das eleições presidenciais cada vez mais fortes, pode ir para cima de R$ 5,40 no ano que vem", afirma Ramos.

Ibovespa

Em dia muito negativo no exterior, com retomada da aversão a risco relacionada à variante Delta do coronavírus, e forte queda do petróleo com a aguardada decisão da Opep+ sobre o nível de oferta, o dólar à vista se aproximou da marca de R$ 5,26 na máxima da sessão, resultando em acentuação de perdas no Ibovespa à tarde, embora relativamente moderadas no fechamento, a 124.394,57 pontos, em baixa de 1,24%, no menor nível desde 27 de maio (124.366,57). O índice da B3 oscilou entre os 123.317,27, em queda pouco acima de 2%, e os 125.958,07, da abertura, com giro a R$ 33,1 bilhões no encerramento. No mês, o Ibovespa cede agora 1,90%, limitando o ganho do ano a 4,52%. Hoje, o índice teve a terceira queda seguida, duas das quais superiores a 1%.

"Por um lado, a França está reabrindo para turistas vacinados e o Reino Unido colocando fim ao distanciamento social, no momento em que a variante Delta tem preocupado a todos. Já vemos alguns casos de contaminação de Covid em atletas em Tóquio, ainda antes do início da Olimpíada. E as aglomerações vistas na Eurocopa, especialmente no estádio de Londres, foram de assustar. Começa a se falar em terceira dose de vacina. Há uma combinação que leva o investidor a buscar proteção em ativos como Treasuries", diz Rodrigo Friedrich, sócio e head de renda variável da Renova Invest.

Assim, no exterior, as bolsas refletiram hoje os "temores da propagação do coronavírus com a variante Delta, além do forte recuo do petróleo após divulgação da Opep+ de que (os países-membros) concordaram em aumentar, durante este ano, os limites de produção do petróleo", observa em nota a equipe de análise da Terra Investimentos, destacando também o avanço observado no índice de volatilidade VIX, de Nova York. "Por aqui, o cenário político ainda permanece agitado, assim como a reforma tributária e suas modificações, porém sem muitos desdobramentos até agosto, quando o Congresso e a CPI da Covid devem retornar das férias", acrescenta a Terra.

"A decisão (da Opep+) foi de elevar a produção de petróleo em 400 mil barris por dia até o final de 2022. Tal medida deve começar a valer a partir de agosto de 2021, mas com uma reavaliação em dezembro deste ano", observa em nota o economista Guilherme Sousa, da Ativa Investimentos. "Hoje, sabemos que existe defasagem do preço praticado na gasolina doméstica em relação ao internacional, de aproximadamente 15%. O aumento de produção pode trazer um alívio nos preços dos combustíveis aos consumidores, no curto prazo, e essa defasagem deverá ser reduzida", acrescenta.

Nesta segunda-feira de forte correção nos preços do petróleo, com queda de quase 7% no Brent, negociado na casa de US$ 68 após ter chegado a superar recentemente a marca de US$ 75 por barril, Petrobras PN e ON fecharam respectivamente em baixa de 1,65% e 1,18%, após terem sustentado perdas superiores a 2%, em sessão também negativa para Vale ON, em queda de 1,09% no encerramento, em dia no qual o minério fechou em leve baixa de 0,18%, a US$ 221 por tonelada, em Qingdao (China).

Em meio à generalizada aversão a risco, um grupo restrito de ações conseguiu fechar o dia em terreno positivo: Rumo (+2,00%), Locaweb (+1,38%), Banco Inter (+0,86%), Energias BR (+0,39%), TIM (+0,34%), JBS (+0,24%), Marfrig (+0,21%) e Gerdau PN (+0,17%). Na ponta negativa do Ibovespa, destaque para Americanas ON (-8,94%), resultante da combinação operacional de Lojas Americanas (-8,78%, segunda maior perda do dia) e B2W - também entre as maiores quedas do dia, Via Varejo cedeu 3,77%, Gol, 3,61%, e PetroRio, 3,45%. As perdas entre os grandes bancos ficaram entre 0,58% (Itaú PN e Unit Santander) e Bradesco PN (-1,48%), enquanto entre as siderúrgicas chegaram a 1,34% (CSN ON).

Juros

O temor global em torno da disseminação da variante Delta do coronavírus, que pode reverter a retomada da economia, manteve os juros em queda durante todo o dia, a despeito da disparada do dólar, que no Brasil voltou ao nível de R$ 5,25. No fim da sessão regular, os longos migraram para a estabilidade.

A percepção é de que os países podem precisar da manutenção dos atuais estímulos monetários por mais tempo, o que se traduziu em forte queda no rendimento dos Treasuries e favoreceu alívio na curva brasileira considerada "superpremiada".

A avaliação de que o risco é deflacionário foi reforçada ainda pelo tombo de mais de 7% nas cotações do petróleo, num momento em que a pressão sobre os preços de combustíveis é vista como uma das vilãs da inflação local. Nesse contexto, as apostas de alta de 0,75 ponto porcentual da Selic no Copom de agosto voltavam a ser levemente majoritárias na precificação da curva.

Internamente, a despeito das incertezas políticas, o recesso do Congresso ajuda na redução dos ruídos, apesar dos receios quanto à evolução da agenda de reformas em função da possibilidade de veto ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões incluído na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Na agenda, o Boletim Focus trouxe estabilidade na mediana de IPCA em 2022, o que é visto como boa notícia, até pelo fato de que a de 2021 subiu 20 pontos-base. A mediana para este ano passou de 6,11% para 6,31%, mas o movimento não contaminou a percepção para o ano que vem, cuja mediana permaneceu em 3,75%.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou em 5,775%, de 5,809% no ajuste de sexta-feira, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 7,269%, para 7,195%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 8,17%, de 8,185%, e a do DI para janeiro de 2027 fechou estável em 8,60%.

 


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