Dólar fecha em alta de 0,32%, a R$ 5,38

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Bolsa encerra o dia em alta de 0,73%, após três perdas seguidas

AE

Na semana, as perdas do Ibovespa estão agora em 0,78%

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O dólar operou nesta quinta-feira sem muito fôlego, com forte volatilidade pela manhã e quedas em alguns momentos pela entrada de fluxo. Nos negócios da tarde, tentou firmar alta, por causa da preocupação com a situação fiscal do Brasil. Profissionais das mesas de câmbio comentam que, na ausência de detalhes concretos de como o governo pretende financiar a esperada prorrogação do auxílio emergencial, o câmbio ficará volátil. Por isso, mesmo com o dólar em queda ante emergentes, como o México, Colômbia e África do Sul, o real novamente não acompanhou o movimento.

Após reunião com o ministro Paulo Guedes, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG) prometeu "caminho técnico" para viabilizar o auxílio, mas falou da necessidade de uma medida imediata, sem esperar o ajuste fiscal. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também pressionou novamente o governo para a medida, mas a visão nas mesas de operação é que o assunto vai ficar para ser resolvido depois do feriado de Carnaval, o que ajuda a reforçar o clima de cautela. Na tarde de hoje, Jair Bolsonaro falou em auxílio a partir de março, por "três ou quatro meses".

No fechamento, o dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,32%, a R$ 5,3883. No mercado futuro, o dólar para março fechou em queda de 0,42%, a R$ 5,3685.

Para o economista-chefe de uma grande gestora, o mercado ainda está reagindo de forma até comedida, em meio ao vaivém de informações, esperando uma solução mais definitiva para o auxílio. A visão, disse ele, ainda é que Guedes vai conseguir uma solução e, mesmo sem ela, o Congresso não reagiria à revelia do Planalto neste momento, especialmente quando se leva em conta que Lira e Pacheco foram eleitos com apoio de Bolsonaro, disse este executivo.

Na avaliação do estrategista de mercados emergentes do banco suíço Julius Baer, Mathieu Racheter, o cenário mais provável é de extensão do auxílio no Brasil, o que ocorre em momento particularmente difícil, com atividade perdendo fôlego e falta de espaço fiscal do governo. Por isso, o risco é a aprovação da medida, dependendo de como for feita, levar a uma piora adicional do câmbio e mais inclinação da curva de juros. "O governo tem pouco espaço para estender o estímulo fiscal sem burlar o teto, principal âncora fiscal do Brasil", escreve em nota a clientes.

Pelo lado positivo, Racheter destaca a aprovação do projeto de autonomia do Banco Central, que diminuiu a pressão política sobre a autoridade monetária. Mais cedo, a aprovação ajudou a retirar certa pressão do câmbio, na medida em que sinaliza que mais pautas podem andar no Congresso. A vice-presidente da agência de classificação de risco Moody's, Samar Maziad, disse que a perspectiva agora, após o projeto do BC, é a de avançar com reformas fiscais para assegurar o cumprimento do teto de gastos, fator essencial para manter o rating do Brasil.

Ibovespa

A piora do humor em Nova Iorque, após recentes renovações de máximas históricas, contribuiu para o Ibovespa reduzir o ganho do dia a 0,73%, a 119.299,83 pontos, ainda assim interrompendo série de três perdas que o haviam colocado a 117.969,94 no piso intradia da semana, ontem. Hoje, saiu de mínima na abertura aos 118.439,75 pontos e encontrou fôlego para ganhos acima de 1%, elevando-se a 120.282,76 pontos na máxima da sessão, acima do nível de fechamento da última sexta-feira, então a 120.240,26 pontos. Na semana, as perdas estão agora em 0,78%, com ganho no mês a 3,68% e leve avanço de 0,24% no ano. O giro totalizou hoje R$ 33,6 bilhões.

"O ímpeto da compra perdeu bastante força após Bolsonaro confirmar que o governo estuda renovar o auxílio emergencial por mais três ou quatro meses a partir de março. Segundo o presidente, a equipe econômica estuda, com o Congresso, uma alternativa para não violar o teto de gastos. A questão é que essa contrapartida não seria por novas alternativas de receita, agenda de reformas ou redução de gastos, mas sim por nova 'PEC da Guerra' com uma cláusula de calamidade pública, como citado por Guedes nesta semana, vide a urgência", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora.

Na B3, o segundo dia de recuperação parcial nas ações de Petrobras (PN +1,01%, ON +0,93%) contribuiu para mitigar o efeito da perda de 1,69% em Vale ON na sessão, de desempenho ao final moderada e majoritariamente positivo para bancos (BB ON +0,38%, Santander +1,02%) e também no de siderurgia, apesar da queda de 3,98% para CSN, maior perda do dia no Ibovespa, à frente de PetroRio (-2,64%) e de CVC (-1,98%). Na ponta do índice, Totvs subiu 7,77%, com Natura em alta de 5,99% e TIM, de 5,43%.

Em fevereiro, a retomada do Ibovespa ainda conta com o apoio do investidor estrangeiro, embora com ingressos líquidos mais acomodados do que os observados entre novembro e janeiro. Caminhando para a metade de um mês mais curto - e com B3 fechada na próxima segunda e terça-feira, pelo Carnaval - o saldo estrangeiro está positivo em R$ 905,665 milhões, com entrada até aqui em 2021 de R$ 24,461 bilhões, de acordo com dados referente até o dia 9.

Juros

A maioria dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) fechou o dia com taxas perto da estabilidade, com viés de alta, diferentemente do que foi visto de manhã, quando oscilavam com sinal de queda. A pouca movimentação refletiu o compasso de espera pela definição do auxílio emergencial, com a curva reagindo pontual e moderadamente a declarações de autoridades sobre o tema durante o dia. Pela manhã, o viés de baixa era amparado na oferta menor de prefixados longos do Tesouro em relação à semana passada e, à tarde, passada a operação, as taxas foram para os ajustes, sob leve pressão altista. A pesquisa de serviços não chegou a influenciar os negócios, enquanto a aprovação do projeto de autonomia do Banco Central já estava precificada, embora não deixasse de ter sua importância reconhecida.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 terminou a sessão regular e a estendida em 6,43% e 6,42%, de 6,395% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou a regular em 4,875% e a estendida em 4,865%, de 4,866% ontem no ajuste. A do DI para janeiro de 2027 terminou em 7,12% (regular e estendida), de 7,094%. Na contramão das demais, o DI para janeiro de 2022 caiu de 3,367% para 3,34% (regular) e 3,32% (estendida).

De acordo com o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves, o mercado oscilou ao sabor do noticiário sobre o auxilio, mas com movimentos moderados enquanto não sai a definição sobre como ficará o programa. "O mais relevante é saber qual será a contrapartida fiscal", disse. A partir do que têm dito os líderes do Executivo e do Legislativo, o mercado tenta se antecipar, mas sem convicção.

Enquanto a fala do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), foi bem recebida, a do presidente Jair Bolsonaro gerou cautela. De acordo com o senador, as equipes irão avançar o feriado de carnaval para apresentar um benefício "matematicamente e economicamente possível". Já Bolsonaro afirmou que o governo deve lançar uma nova rodada por até "quatro meses" a partir de março. "O mercado trabalhava com a ideia de três meses", disse Vinicius Alves.

As mesas de renda fixa também acompanharam a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento do JPMorgan, com declarações consideradas "dovish". "Pareceu preocupado com a atividade que, realmente, neste começo de ano, foi para a lama, e o BC pode ter de ser mais cauteloso no aperto da Selic", disse Alves.

Campos Neto afirmou que há sinais claros de desaceleração da atividade na margem. "Teremos um resultado abaixo do que era esperado no primeiro trimestre do ano. Continuamos com muita incerteza, não sabemos como a mobilidade está atuando. Os dados das próximas semanas nos darão a dimensão dessa desaceleração", afirmou. Quanto ao fiscal, voltou a alertar que uma nova onda de programas emergenciais precisa ter uma contrapartida.


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