Dólar fecha em alta pelo segundo dia consecutivo, em R$ 5,16

Dólar fecha em alta pelo segundo dia consecutivo, em R$ 5,16

Ibovespa tem recuperação e sobe 0,70% em terça-feira de negócios reduzidos

AE

Moeda norte-americana teve dia de forte valorização ante divisas de países desenvolvidos

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O dólar teve o segundo dia seguido de avanço ante o real, fechando no nível mais elevado desde o dia 9. O cenário externo hoje falou mais alto para o mercado de câmbio, embora as preocupações fiscais domésticas persistam. A moeda norte-americana teve dia de forte valorização ante divisas de países desenvolvidos, que chegou a superar os 0,80%, e nos emergentes, subindo mais de 1% em locais como México, Rússia e Colômbia. As preocupações com o contínuo crescimento de casos de coronavírus nos Estados Unidos e Europa pesaram e acabaram ofuscando a aprovação do pacote de auxílio fiscal em Washington, de US$ 900 bilhões, que já estava em boa parte embutida nos preços dos ativos financeiros.

O dólar à vista fechou em alta de 0,76%, cotado em R$ 5,1619. No mercado futuro, o dólar para janeiro fechou com ganho de 0,77%, a R$ 5,1565.

A votação na Câmara, ainda hoje, da PEC dos municípios, ficou no radar dos participantes do mercado o dia todo, até no final do dia ter a sessão cancelada. A medida, que era para ser votada ontem e foi adiada para esta terça-feira, causou incômodo porque pode retirar R$ 4 bilhões do caixa da União por ano. "É uma medida que vai afetar negativamente as contas públicas", destacam os estrategistas de mercado em Nova Iorque do Citigroup. Se aprovada, a medida reforça a percepção de que o teto pode ser furado em 2021, alerta o banco americano.

No exterior, o analista de mercado financeiro da Oanda, Edward Moya, ressalta que as crescentes preocupações com o avanço da covid voltam a fazer os participantes do mercado buscarem refúgios em portos seguros, como o dólar e o iene japonês. Em um ambiente em que os indicadores americanos têm vindo mistos, Moya observa que o crescimento dos casos, e agora com a mutação do vírus no Reino Unido, só ajuda a aumentar a incerteza, ressalta em nota.

Moedas de emergentes, principalmente aquelas de exportadores de commodities foram as mais penalizadas hoje. Na Rússia, o dólar subiu 2%, no México, 1,11%. Nesse ambiente, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) americano do terceiro trimestre agradaram, com expansão de 7,5%, mas não afetaram os preços, porque os agentes querem ver como está a atividade neste quarto trimestre, quando as infecções voltaram a crescer, ressalta o analista da Oanda.

Apesar da valorização do dólar esta semana, o Bank of America observa que a tendência da moeda americana é de enfraquecimento. "A fraqueza do dólar pode persistir no próximo ano", ressaltam os estrategistas de moeda do banco americano. Eles comentam que a mudança política nos EUA é um dos fatores a favorecer a busca por ativos de risco pela frente.

Ibovespa

Com noticiário menos intenso e negócios já reduzidos pela proximidade do final do ano, o Índice Bovespa manteve-se em alta leve a moderada na maior parte do tempo, sustentado principalmente pelas ações do setor financeiro e da Petrobras. O indicador terminou o dia aos 116.636,18 pontos, com ganho de 0,70%. Não foi o suficiente para recuperar as perdas de 1,86% da véspera, mas foi um porcentual considerado satisfatório entre profissionais de renda variável, se considerado o ambiente ainda de forte cautela entre os investidores. Com o resultado de hoje, o Ibovespa contabiliza alta de 7,11% em dezembro.

No cenário internacional, uma vez minimizado o estresse de ontem com a descoberta de nova cepa do coronavírus, as atenções se voltaram a mensurar os potenciais efeitos do lockdown na economia do Reino Unido e Europa de maneira geral. Nos Estados Unidos, a aprovação do pacote econômico de US$ 900 bilhões foi bem recebida, mas não teve força para impulsionar as bolsas de Nova Iorque, que sofreram com indicadores econômicos aquém do esperado.

No Brasil, o destaque ficou por conta do IPCA-15 de dezembro, que apontou alta de 1,06%, ante 0,81% em novembro. Apesar da aceleração, o porcentual de inflação ficou abaixo da mediana das estimativas do Projeções Broadcast, de 1,16%. O dado levou à queda das taxas de juros no mercado futuro e foi bem recebido na Bolsa, por confirmar o diagnóstico do Banco Central de que a pressão inflacionária é temporária.

Segundo Ariovaldo Ferreira, gerente de renda variável da Commcor, os últimos pregões do ano estão sendo marcados por uma postura mais pragmática do investidor, que procura boas oportunidades de ganho para os próximos meses, em meio às incertezas do cenário. E entre essas oportunidades estão papéis considerados atrasados. Não à toa que o setor financeiro liderou os ganhos hoje, afirma.

"Enquanto alguns papéis estão 'devendo' em 2020, como é o caso dos bancos, outros estão com 'sobra', como alguns papéis de varejo. A ideia de muitos investidores é fazer a troca entre papéis que andaram melhor e os que estão atrasados e têm potencial de recuperação", afirma o gerente.

Na análise dos papéis que compõem o Ibovespa, destaque para o setor financeiro, com as units do Santander (+2,35%) e Bradesco PN (+2,03%) à frente. Petrobras ON e PN encontraram espaço para recuperação e subiram 1,02% e 0,96%, apesar das novas quedas dos preços do petróleo, em meio à preocupação com a segunda onda da Covid-19. Entre as maiores altas do índice estiveram ainda ações de Suzano ON (+4,45%) e Klabin (+3,49%), acompanhando a alta dos insumos no exterior.

Juros

Os juros fecharam em queda pronunciada nos contratos de curto e médio prazos e mais branda nas taxas longas. O condutor para o desenho da curva foi o IPCA-15 de dezembro aquém da mediana das estimativas, que pressionou para baixo vencimentos até 2024, reforçando a percepção de que a Selic ficará estável em 2% no Copom de janeiro. Já os longos oscilaram com viés de baixa, equilibrando os riscos da votação na Câmara da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que aumenta repasses a municípios, prevista para hoje, e reação positiva à aprovação do pacote fiscal norte-americano de US$ 900 bilhões nesta madrugada.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 2,90% e a estendida em 2,89%, de 2,974% ontem no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 caiu de 4,425% para 4,30% (regular e estendida). O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 5,86% (regular e estendida), de 5,924% ontem, e a do DI para janeiro de 2027 foi de 6,693% ontem para 6,65% (regular) e 6,66% (estendida).

O índice de dezembro subiu 1,06%, fechando 2020 em 4,23%, o mais alto para um ano desde 2016, quando ficou em 6,58%. Porém, o mercado se apegou no fato de que a mediana das estimativas para o dado mensal era maior (1,16%) e de que a média dos núcleos, sobre os quais a política monetária é capaz de atuar, desacelerou - 0,51% para 0,39% segundo o Banco BV -, endossando a ideia de que o Copom pode dar alguma sobrevida ao forward guidance antes de começar o processo de aperto monetário.

"O IPCA-15 veio como esperado em sua composição, embora mais baixo. O importante é que sua alta segue pontual, principalmente por itens não sensíveis à demanda (alimentos e administrados), enquanto outros (serviços e vestuário), sensíveis à demanda, não dão sinal de repasse de câmbio ou outros custos", afirmou o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Lima Gonçalves.

Enquanto o IPCA-15 trouxe alívio à ponta curta e, principalmente, ao miolo, os longos, sensíveis ao risco fiscal, operaram em banho-maria, num comportamento até surpreendente, mas compreensível - diante da fartura de liquidez no mundo -, considerando-se o estrago que a aprovação da PEC dos municípios pode causar nas contas públicas. A proposta pode retirar R$ 4 bilhões do caixa da União por ano, conforme revelou o Estadão/Broadcast. Em 12 anos, o valor pode chegar a R$ 43 bilhões. A sessão em que a PEC seria votada, às 18h, foi cancelada já nos minutos finais dos negócios, mas o deputado Marcel Van Hattem, que preside Plenário, disse que a Câmara poderá convocar nova sessão para apreciar a proposta.

Na visão do estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii, o mercado está dando mais peso a notícias positivas, colocando o risco fiscal em segundo plano e relevando questões como, por exemplo, o conturbado programa de vacinação contra covid no Brasil. "Falta articulação para organizar esse cronograma de vacinação, que tem potencial para afetar a economia", disse, lembrando ainda da sucessão no Congresso e agenda das reformas travada como outros dois fatores importantes a serem monitorados.


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