Dólar fecha na sexta-feira a R$ 4,0152, a menor cotação em 10 dias

Dólar fecha na sexta-feira a R$ 4,0152, a menor cotação em 10 dias

Real foi a moeda de país emergente que mais se fortaleceu nesta sexta em relação ao dinheiro norte-americano

AE

Na semana, o dólar acumulou queda de 2,07%, o maior recuo em cinco dias desde o final de janeiro

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O real foi a moeda de país emergente que mais se fortaleceu nesta sexta ante o dólar, pondo fim a dias conturbados no mercado de câmbio brasileiro. A sessão foi marcada por enfraquecimento geral da moeda norte-americana no exterior, tanto ante divisas de emergentes como de países desenvolvidos, com a expectativa de que avancem as negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

Na semana, o dólar acumulou queda de 2,07%, o maior recuo em cinco dias desde o final de janeiro. Operadores destacam que o ambiente político mais ameno e o mercado externo mais calmo contribuíram para a queda do risco Brasil e o fortalecimento do real. O dólar à vista fechou a sexta-feira em baixa de 0,80%, a R$ 4,0152, a menor cotação em 10 dias.

Apesar do dia mais calmo nesta sexta-feira, profissionais de câmbio destacam que o patamar de R$ 4,00 se transformou em um nível de resistência para a baixa do dólar. A moeda só cairia de forma consistente abaixo deste nível se houver notícias positivas concretas sobre a tramitação da reforma da Previdência no Congresso. Caso isso ocorra, pode testar o intervalo de R$ 3,90/3,95.

Os estrategistas em Nova York do banco americano Citi acreditam que já há uma boa quantidade de más notícias incorporadas no câmbio. Mas a expectativa ainda é de volatilidade alta na moeda americana no mercado doméstico durante a tramitação da reforma da Previdência na comissão especial. Eles acreditam que o texto seja aprovado em junho na comissão e até o final do ano receba o aval final do Congresso.

O gestor da Gauss Capital Carlos Menezes destaca que o aumento dos ruídos políticos em Brasília a partir de meados do mês levou muitos fundos e investidores estrangeiros a aumentarem a busca por proteção no dólar e em posições defensivas no mercado futuro.

Nos últimos dias, o clima mais ameno em Brasília e o avanço de algumas medidas, como aprovação da Medida Provisória (MP) 870, que reorganiza os ministérios, provocaram o desmonte destas posições por fundos e estrangeiros.

Para Menezes, o foco mais imediato do mercado vai ser a manifestação pró-governo prevista para domingo. A dúvida é qual será a adesão da população ao evento. Isso vai ser crucial para avaliar as consequências do movimento. Outro ponto de atenção vai ser a participação dos filhos do presidente Jair Bolsonaro e eventuais postagens na rede social da família.

Ibovespa

O Índice Bovespa teve nesta sexta-feira seu terceiro pregão consecutivo de baixa, mas nem por isso encerrou a semana com resultado negativo. O principal índice de ações da B3 chegou a subir mais de 1% pela manhã, mas perdeu fôlego à tarde e fechou em baixa de 0,30%, aos 93.627,80 pontos. Acabou pesando, ainda que levemente, a cautela antes das manifestações pró-governo programadas para domingo, além do feriado nos Estados Unidos na segunda-feira, fator que reduz a liquidez nos mercados emergentes.

No acumulado da semana, o Ibovespa marcou ganho de 4,04% - o segundo melhor do ano -, obtido graças ao bom desempenho das ações na segunda-feira (+2,17%) e na terça (+2,76%). Nesses dois pregões, prevaleceu a melhora da percepção do cenário político, com os sinais de maior comprometimento dos parlamentares com a pauta de votações e a tramitação da reforma da Previdência.

"O Congresso mostrou maior engajamento e as votações foram positivas para o governo. Com isso, houve queda do dólar e dos juros futuros e a semana acabou bem positiva para a Bolsa", disse Bruno Madruga, responsável pela área de renda variável da Monte Bravo Investimentos. Madruga atribuiu a leve baixa desta sexta à ausência de fatos novos e a uma precaução pontual antes das manifestações de domingo, "porque não se sabe o que vai acontecer".

Para Luiz Roberto Monteiro, analista da mesa institucional da Renascença Corretora, a alta do Ibovespa nesta semana não chega a justificar uma melhora de perspectiva para o índice. Ele lembra que o referencial ainda acumula queda de 2,83% em maio, com forte saída de recursos externos da B3.

"É bom ver o Ibovespa subir 4% na semana, mas o problema é que ele chega próximo desse patamar e trava, não define para qual lado irá. O mercado já subiu em cima de expectativas, mas agora quer ver fatos concretos para atrair recursos e ir além", disse o profissional.

Na análise por ações, a queda do Ibovespa no dia foi determinada pelo setor financeiro, tendo como destaque Itaú Unibanco PN (-1,49%) e Bradesco PN (-0,98%). A melhora do humor no mercado internacional, com menor aversão ao risco por conta da tensão comercial, favoreceu ações ligadas a commodities. Petrobras PN subiu 0,97% e Vale ON subiu 1%. Do lado das altas, chamaram a atenção as ações de consumo, que avançaram com a expectativa de redução de juros neste ano. O ICON, índice da B3 que acompanha papéis de consumo cíclico e não-cíclico, teve alta de 0,05% no dia.

Juros

Após registrarem queda no fechamento das últimas quatro sessões, os juros futuros hoje terminaram estáveis ante o ajuste de ontem, mas com perda de cerca de 35 pontos-base no caso dos vencimentos longos em relação aos níveis da última sexta-feira. Desse modo, a perda de fôlego na montagem de posições vendidas no fim do dia é vista como natural e não altera a percepção de que a tendência para as taxas futuras continua sendo de baixa.

Num ambiente de maior confiança na aprovação da reforma da Previdência depois do ritmo acelerado de votação das Medidas Provisórias (MP) no Congresso nesta semana, a recomposição de prêmios esbarra nas evidências de fraqueza da atividade e nos sinais de descompressão da inflação, reforçados pelo IPCA-15 de maio. Além disso, há contribuição do alívio no câmbio, com o dólar hoje mostrando recuo generalizado ante as demais moedas.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou estável em 6,790%, e, do mesmo modo, a do DI para janeiro de 2025 fechou no mesmo patamar do ajuste anterior, a 8,57%. A taxa do DI para janeiro de 2023 passou de 7,972% para 7,95%.

"Não há como ir para cima. O DI para janeiro de 2021 é um dos símbolos mais claros da falta de prêmio na curva. A expectativa de aperto na Selic é zero", disse o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Segundo ele, o IPCA-15 de maio (0,35%), embora não tenha provocado grande reação da ponta curta, alimenta o debate sobre os cortes da Selic. Em abril, o índice havia subido 0,72%. O número de maio veio abaixo da mediana das estimativas (0,41%), assim como o acumulado em 12 meses, que subiu 4,93%, ante mediana das previsões de 5%.

A agenda trouxe ainda o saldo do Caged de abril, com geração 129.601 vagas, bem acima da mediana das expectativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de criação de 78 mil postos. Em março, o saldo era de fechamento líquido de 43.196 postos. Apesar da melhora de um mês para o outro, o resultado está longe de dar esperança numa recuperação mais rápida da economia, mesmo porque os salários tiveram queda real de 1,32% ante abril do ano passado.

Nos contratos longos, a perspectiva de manutenção de juros em patamares baixos nas principais economias se soma ao alívio no risco político para explicar a forte redução dos prêmios. Segundo Vieira, o mercado não só elevou sua aposta na aprovação da reforma da Previdência, como agora vê chances menores de desidratação da potência fiscal. A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), líder do governo no Congresso, afirmou que o texto do relator na comissão especial da Câmara, Samuel Moreira (PSDB-SP), pode prever impacto fiscal de até R$ 1,4 trilhão em 10 anos.


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