Dólar oscila em dia de eleições norte-americanas, mas termina em alta, em R$ 5,76

Dólar oscila em dia de eleições norte-americanas, mas termina em alta, em R$ 5,76

Ibovespa acompanhou o bom humor externo e fechou em alta de 2,16%

AE

Em sessão de fraco volume de negócios, o dólar terminou em alta de 0,42%

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No dia das eleições norte-americanas, o dólar teve pregão volátil no Brasil, oscilando 11 centavos entre a máxima e a mínima. Pela manhã, caiu a R$ 5,65 em meio ao maior apetite por ativos de risco no mercado financeiro global, com a visão de que uma vitória de Joe Biden hoje pode ser acompanhada de grande pacote de estímulo fiscal, que pode superar US$ 3 trilhões, o que deve enfraquecer o dólar mundialmente. Nos negócios da tarde, o clima de cautela prevaleceu antes do encerramento da votação e dos eventos dos próximos dias e dólar passou a ensaiar alta, com investidores recompondo posições, em meio à visão de que o dólar abaixo de R$ 5,70 está barato neste momento.

Em sessão de fraco volume de negócios, o dólar à vista terminou em alta de 0,42%, cotado em R$ 5,7622, perto das máximas do dia. No mercado futuro, o dólar para dezembro fechou com ganho de 0,20%, cotado em R$ 5,7620.

Após bater os níveis mais altos em 30 dias, o dólar passou a cair hoje em meio a visão do mercado de que Biden pode ser o vencedor, comenta o analista sênior de mercados do banco Western Union, Joe Manimbo. Uma "onda azul" em Washington, com democratas levando a Casa Branca e o Senado pode desencadear estímulos mais pró-mercados e, em última instância, negativos para o dólar do que no caso de uma reeleição de Donald Trump.

Apesar do clima de calmaria de hoje, com alta das bolsas e queda do dólar, Manimbo alerta que este ambiente pode rapidamente mudar. Sobretudo se na noite de hoje, quando começar a apuração, a sinalização for de uma disputa apertada entre os dois candidatos, o que pode abrir espaço para contestação judicial e dias de incerteza, ressalta o analista. Para o Brasil, a visão de especialistas ouvidos pelo Broadcast é que o país pode se beneficiar menos deste ambiente de maior liquidez internacional, por causa das críticas de Biden à política ambiental de Jair Bolsonaro e a forte deterioração fiscal.

"Foi um dia de otimismo global, com esperança de estímulos nos Estados Unidos, reduzindo assim a pressão no dólar, que caiu bastante aqui e recuperou um pouco à tarde", ressalta o chefe da mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. "O mercado foi de pouca liquidez hoje."

No mercado doméstico, o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) da indústria brasileira teve em outubro o maior crescimento desde 2006 e ajudou a melhorar o humor dos investidores. Ainda nos eventos internos, a perspectiva de aprovação hoje no Senado do projeto de autonomia do Banco Central também é positiva. As mesas de câmbio monitoram ainda a ata da reunião de política monetária do BC. Os analistas do JPMorgan vêm menor chance de corte de juros pela frente, apontando que o BC elevou o tom no documento sobre os riscos fiscais no Brasil e que os dirigentes alertaram para risco de instabilidade nos preços dos ativos caso haja mais cortes na Selic.

Ibovespa

Vindo de sua pior semana desde março e tendo emendado em outubro o terceiro mês de perdas, o Ibovespa chegou a mostrar menos ímpeto à tarde do que pela manhã, mas conseguiu fechar o Election Day nos EUA em alta de 2,16%, a 95.979,71 pontos, com ganhos em Nova Iorque de até 2,06% (Dow Jones) no encerramento, após segunda-feira também positiva em Wall Street, que movimentou para cima os ADRs de empresas brasileiras.

Reforçado, o giro neste retorno de feriado ficou em R$ 31,8 bilhões na B3, com o Ibovespa saindo de mínima na abertura a 93.967,64 e chegando na máxima do dia, renovada perto do fechamento, a 96.350,23 pontos (+2,55%). Na Europa, Frankfurt (+2,55%) e Milão (+3,19%) fecharam nos picos da sessão, após série ruim em que os índices do velho continente estiveram pressionados por novas medidas de distanciamento social em resposta à segunda onda de covid-19.

"Os mercados reagiram positivamente ao Dia das Eleições, finalizado hoje, e saudaram positivamente o 'novo presidente americano', o que pode destravar a agenda de pacotes de estímulos nos EUA. Uma sinalização importante é que os eleitores democratas tendem a votar mais por correio", aponta em nota a Upside Investor Research. A consultoria política Eurasia avalia em 80% a chance de triunfo para Biden e, caso o democrata seja vitorioso na Flórida, Carolina do Norte ou Arizona, o resultado final pode ser conhecido ainda esta noite - uma rápida definição que seria muito bem-vinda para os investidores.

"Se Biden vencer ainda hoje, os mercados emergentes devem abrir bem amanhã. Por outro lado, quanto mais apertado for o resultado, especialmente em swing States estados que alternam preferência, maior a chance de judicialização. O mercado pareceu colocar no preço hoje uma onda azul, com vitória de Biden acompanhada por maioria democrata no Senado e na Câmara. Mas é preciso ter cautela", aponta Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.

Como em 2000, o pior cenário envolve apuração prolongada e questionamentos judiciais, que tendem a atrasar definição do vencedor. Ainda assim, o mercado começou a se posicionar para vitória de Biden e reconfiguração de forças no Senado, que abriria caminho para mais estímulos após a materialização de "onda azul" - ou seja, ampla vitória democrata nas urnas, passando a contar o futuro presidente com maioria nas duas casas.

Sanchez destaca fatores domésticos que contribuíram para que o Ibovespa buscasse desde cedo se ajustar à sequência positiva em Wall Street. "A ata melhorou muito a comunicação do BC, com diretrizes mais objetivas e opções muito mais claras, reduzindo a zero a chance de cortes adicionais (na Selic)", observa o economista-chefe da Ativa, chamando atenção também para a abordagem da questão fiscal no documento. "Desde ontem, com as declarações do Rodrigo Maia contra a prorrogação do auxílio emergencial e de estado de calamidade, já havia um sentimento mais positivo quanto ao fiscal", acrescenta.

"Não acredito que o mercado tenha embarcado em 'onda azul' - haveria mais motivos de preocupação do que para celebrar. O fato é que, com Trump, Wall Street triplicou de valor - o S&P 500 estava em 1.120 pontos naquela madrugada de 2016 em que surpreendeu e saiu vitorioso. Trump sofreu desgaste no último ano de mandato, mas não dá para esquecer o que foi feito antes. Não há definição, vai ser uma madrugada para passar acordado", diz Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus.

"Independente de quem vença, o pacote vai destravar, senão a economia apaga em momento no qual a Europa volta para a quarentena", acrescenta. "Por outro lado, para o Brasil, eventual vitória de Biden seria problemática especialmente em relação ao meio ambiente, com mais pressão internacional, coordenada a partir dos EUA, sobre a Amazônia", observa Laatus.

Nesta terça-feira, os ganhos se distribuíram bem na B3 por empresas e setores, como os de commodities (Petrobras ON +3,95% e PN +3,75%; Vale ON +4,61%, no pico do dia no fechamento), bancos (Bradesco PN +3,42%, Itaú PN +2,43%) e siderurgia (CSN +9,01%, maior alta do Ibovespa, e Gerdau PN +6,28%, segundo maior ganho do dia). Na ponta do índice da B3, além de CSN e Gerdau, destaque também para Usiminas (+6,24%). No lado oposto, CVC cedeu 3,26%, BR Malls, 2,94%, e Sul América, 2,50%.

Juros

O mercado de juros fechou taxas em alta, refletindo a leitura da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) e fatores técnicos relacionados ao megaleilão de 5 milhões de NTN-B 15/5/2023. Os vértices intermediários foram os mais afetados, pela percepção de que o documento "corrigiu" o tom "dovish" e, para muitos, equivocado, do comunicado. Com isso, na curva a termo, as apostas em aperto da Selic em dezembro ganharam espaço. As máximas foram atingidas à tarde, passado o leilão, mesmo com a manutenção do cenário positivo no exterior, onde os ativos de risco tiveram boa performance, amparados na ideia de que uma vitória democrata na eleição presidencial americana deve acelerar o acordo para o pacote fiscal nos Estados Unidos.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 subiu de 3,465% no ajuste de sexta-feira para 3,51% no fechamento da sessão estendida. O DI para janeiro de 2023 encerrou a sessão estendida em 5,18%, de 5,056% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxa de 6,92%, ante ajuste anterior de 6,785%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 7,574% para 7,69%.

Os pontos mais destacados da ata foram aqueles em que o Banco Central discorre sobre o forward guidance, orientação futura de que não pretende reduzir os estímulos monetários se cumpridas determinadas condições que, segundo o BC, seguem satisfeitas: projeções de inflação abaixo da meta no horizonte relevante, regime fiscal não alterado e expectativas de inflação de longo prazo ancoradas. E explicou que sustentar o teto de gastos por si só não garante o forward guidance. "Alterações de política fiscal que afetem a trajetória da dívida pública ou comprometam a âncora fiscal motivariam uma reavaliação, mesmo que o teto dos gastos ainda esteja nominalmente mantido", afirma a ata.

Depois da ata, a precificação para a Selic na curva hoje apontava 75% de chance de aperto de 25 pontos-base no Copom de dezembro, ante 67% na sexta-feira. Os cálculos são do Haitong Banco de Investimento.

Vitor Carvalho, sócio-gestor da LAIC-HFM, viu o mercado de juros hoje basicamente reagindo à ata, que, na sua visão, corrigiu "um comunicado que estava fora da realidade". "O mercado de DI segue zerando posições pela falta de fluxo novo", disse. Além da questão do teto, Carvalho destaca ainda ter sido importante o BC sinalizar que preservou a frase sobre o espaço remanescente para corte, que já constava do comunicado e ata anteriores, somente por "uma questão prudencial". "Ou seja não quer dizer nada", afirmou.

A ata já pressionava os juros de curto e médio prazos pela manhã e, passado o leilão de NTN-B, as taxas deste trecho ampliaram a alta e atingiram as máximas do dia, enquanto os longos zeraram o viés de baixa. Nas mesas, profissionais atribuíram o ganho de ritmo às operações de investidores que, ao participarem do leilão, precisavam se proteger no DI. "O mercado está travando o risco da inflação implícita dos papéis", disse um gestor, ressaltando que mesmo com oferta grande, de 5 milhões - a maior do ano para um único vencimento de NTN-B -, a operação teve grande demanda.


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