Dólar sobe a R$ 4 e Ibovespa recua aos 107 mil pontos

Dólar sobe a R$ 4 e Ibovespa recua aos 107 mil pontos

Movimentações refletem espera por definições das novas taxas de juros no Brasil e nos EUA

AE

Dólar registrou alta de 0,25% nesta terça-feira

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A terça-feira foi dia de correções no mercado brasileiro de ações, com os investidores recolhendo parte dos ganhos obtidos recentemente. O desempenho fraco das bolsas de Nova York contribuiu para a correção nos preços das ações, assim como a expectativa pelas decisões de política monetária no Brasil e nos Estados Unidos, nesta quarta.

Nesse ambiente, o Índice Bovespa terminou o pregão contabilizando baixa de 0,58%, aos 107.556,26 pontos. A queda foi puxada pelas ações do setor financeiro, justamente as que vinham dando fôlego às altas dos últimos dias, quando o Ibovespa bateu sucessivos recordes.

O financeiro, que congrega ações de 19 papéis de bancos e empresas de seguro e previdência, teve perda de 1,22%, bem superior ao Ibovespa. Já alguns papéis do setor de consumo estiveram entre as maiores altas do dia, refletindo a expectativa pela divulgação de balanços financeiros e também os efeitos positivos do novo corte de juros no Brasil, previsto para amanhã. "O dia foi de agenda vazia na véspera de duas decisões que serão determinantes do fluxo de recursos no curto prazo.

E os investidores estiveram cautelosos aqui e nos Estados Unidos, à espera da confirmação do que se espera para esses dois eventos", disse Raphael Figueredo, sócio da Eleven Financial. Ele afirma que os resultados trimestrais conhecidos até agora ajudam, uma vez que não apontam para uma piora do cenário de expectativa de retomada do crescimento.

Com a reforma da Previdência aprovada e o Banco Central chegando às suas últimas reuniões de política monetária do ano, o analista afirma que cabe ao governo dar o "gatilho" para que o mercado de ações continuar a avançar. "Está nas mãos do governo fazer publicidade daquilo que pretende fazer em 2020 no que diz respeito a novas reformas e projetos, para que isso se reflita no mercado", afirma Figueredo, que acredita na ocorrência de um "rali" de fim de ano, com investidores antecipando resultados positivos das empresas no quarto trimestre.

Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, a maior queda ficou com Magazine Luiza ON (-3,56%), que divulga seu resultado trimestral ainda nesta terça. Pão de Açúcar PN veio em seguida (-2,86%), com balanço para ser divulgado na quarta. Entre as maiores altas ficaram MRV ON (+3,03%) e Raia Drogasil ON (+2,24%). Na última sexta-feira, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 256,059 milhões. No acumulado da semana passada, os ingressos totalizaram R$ 1,859 bilhão.

Em outubro, os investimentos estrangeiros registram um saldo negativo de R$ 9,631 bilhões. Mesmo com o resultado negativo desta terça, o principal índice de ações da B3 ainda contabiliza alta de 2,68% no mês. 

Dólar

À espera da agenda recheada de quarta-feira, com a divulgação da decisão de juros tantos nos Estados Unidos quanto no Brasil, o dólar se manteve contido ante o real, oscilando entre pequenas altas e baixas durante todo o dia. No fim do pregão, tomou algum fôlego e terminou esta terça-feira novamente no patamar dos R$ 4.

Na segunda, a moeda havia encerrado o dia abaixo desse nível pela primeira vez em mais de dois meses. Nesta terça, fechou cotada em R$ 4,0026, em alta de 0,25%. O mercado aguarda a divulgação da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, banco central americano) e do Comitê de Política Monetária (Copom), marcadas para quarta.

Em ambos os casos, a expectativa é de que não haja surpresas: espera-se um corte de 0,25 ponto porcentual pelo Fed e de 0,50 ponto na taxa brasileira. Além disso, está marcada para quarta também a divulgação da leitura preliminar do Produto Interno Bruto americano para o terceiro trimestre. Os investidores ainda aguardam a divulgação do payroll na sexta-feira.

Diante da agenda cheia, que deve determinar o ritmo do mercado globalmente nos próximos dias, os investidores pisaram no freio. Frente ao real, o dólar teve oscilação parca, de apenas R$ 0,02 entre a mínima (R$ 3,9845) e a máxima do dia (R$ 4,0052). Nem mesmo a captação de US$ 2,25 bilhões em bônus de 10 e 30 anos pela Braskem foi suficiente para mexer os preços.

"Tem muita coisa para acontecer quarta. Há um movimento globalizado dos mercados, isso está influenciando todos os ativos", disse o economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira, completando: "O que vai fazer o mercado nesta quarta é o que o Fed vai decidir". O movimento aqui acompanha o observado na maior parte dos outros países emergentes, onde o dólar se manteve próximo à estabilidade, com viés de alta.

Na Argentina, dois dias após a eleição de Alberto Fernández, o movimento era estável (+0,03%), perpetuando a percepção de que o resultado já estava precificado pelo mercado. Internamente, tem ditado o ritmo do câmbio, desde a semana passada, uma expectativa de ingresso massivo de recursos estrangeiros no País. Além de uma melhora na percepção de risco brasileira, aliada a um cenário de juros baixos, o que favorece a entrada via oferta de ações, a grande perspectiva é pelo leilão do excedente da cessão onerosa, marcado para 6 de novembro. São esperados R$ 100 bilhões em investimentos, o que tem pressionado para baixo a moeda.

Para o operador da mesa de câmbio da Fair Corretora, Hideaki Iha, a expectativa com os recursos da cessão onerosa é que mantém no radar o dólar abaixo dos R$ 4 no curto prazo. Ele acredita, contudo, que esse nível não é sustentável no longo prazo, uma vez que há uma tendência de dólar forte globalmente. "Câmbio abaixo dos R$ 4 é pontual em função do leilão. O volume será muito grande, o pessoal desfez posição comprada. Há uma cautela em cima disso. O dia em que esse dólar entrar no país (fruto do leilão), o câmbio deve cair feio", disse.

Taxas de juros 

Nesta véspera da Super Quarta, quando Copom e Federal Reserve finalizam suas reuniões de política monetária, os juros futuros terminaram o dia perto da estabilidade, com viés de baixa nos trechos curto e intermediário e de alta nos vencimentos longos. Nada mudou no consenso das apostas, que seguem em cortes de 0,50 ponto porcentual na Selic e de 0,25 ponto para os fed funds, e o mercado aguarda a divulgação dos comunicados dos bancos centrais para eventualmente alterar suas posições. A espera é cercada de otimismo com relação à sinalização que o Copom deve trazer sobre até onde a Selic pode cair.

A precificação da curva já aponta taxa básica terminal entre 4% e 4,25%. A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor reflete as apostas para as reuniões do Copom de outubro e dezembro, fechou em 4,757%, de 4,761% na segunda no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 encerrou em 4,370%, de 4,387%.

O DI para janeiro de 2023 terminou com taxa de 5,36%, de 5,370%, e a do DI para janeiro de 2025 passou de 6,03% para 6,05%. A taxa do DI para janeiro de 2027 fechou na máxima de 6,44%, de 6,401%. "Temos uma inclinação da curva muito discreta, que representa a dualidade dessa combinação", afirmou o economista-chefe da Necton Investimentos, André Perfeito, ao explicar que enquanto o Copom tem bons motivos para sinalizar continuidade do ciclo de cortes da Selic, o Fed, por outro lado, está mais relutante em estender as quedas.

Nos últimos dias têm aumentado as revisões em baixa para a Selic terminal, com mais instituições migrando suas apostas para 4%. As revisões acontecem mesmo em meio à melhora das perspectivas para a economia, para qual as expectativas também estão sendo revistas para cima.

O anúncio do ministro Paulo Guedes das medidas para reativar a economia foi adiado e deverá ocorrer nesta quarta ou quinta-feira. Nesta terça, o Bank of America Merrill Lynch informou que reduziu sua projeção de Selic ao final do ciclo, de 4,75% para 4,00%, prevendo mais três cortes de 0,50 ponto porcentual.

No fim da tarde, o Santander anunciou que também reviu para baixo sua estimativa, de 4,50% para 4,00%. Na curva de juros, as apostas estão bem ajustadas para queda de 0,50 ponto amanhã, com precificação marginal de um recuo de 0,75 ponto. Para o Copom de dezembro, a curva projeta redução de 57 pontos-base. Para o fim do ciclo, a precificação está em 4,18% no encerramento do processo de afrouxamento monetário, ou seja, entre 4% e 4,25%. 


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