Dólar sobe a R$ 5,52 e Ibovespa cai 1,39%, no menor nível em mais de um ano

Dólar sobe a R$ 5,52 e Ibovespa cai 1,39%, no menor nível em mais de um ano

Possibilidade de governo conceder reajuste a servidores com espaço orçamentário da PEC dos precatórios gerou instabilidades

AE

Moeda norte-americana voltou a sofrer alta

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O Ibovespa emendou nesta quarta-feira a terceira perda diária superior a 1%, passado o alívio inicial proporcionado pela aprovação da PEC dos Precatórios na Câmara, agora enfrentando obstáculos maiores, conforme se temia, na tramitação no Senado, entremeada por ensaio, pelo presidente Jair Bolsonaro, de concessão de aumento ao funcionalismo ante o espaço orçamentário a ser aberto pela proposta. Assim, com exterior negativo e petróleo em correção mais forte nesta quarta-feira, a referência da B3, em dia de vencimento de opções sobre o índice, acentuou perdas ao longo da tarde e fechou em baixa de 1,39%, aos 102.948,45 pontos, no menor nível de encerramento desde 12 de novembro do ano passado, então aos 102.507,01 pontos. Após oscilar entre os terrenos positivos e negativos pela manhã, influenciado muito pelo comportamento da moeda americana no exterior, o dólar à vista não apenas se firmou em alta ao longo da tarde, operando acima dos R$ 5,50, como chegou a correr até o patamar de R$ 5,53.

Reforçado pelo vencimento de opções, o giro financeiro totalizou R$ 48,9 bilhões na sessão e, com a queda de hoje, o Ibovespa passa a terreno negativo no mês, acumulando perda de 0,53% em novembro e estendendo a série negativa iniciada em julho. No ano, a retração chega a 13,50%, com perda de 3,18% até aqui na semana, em duas sessões apenas.

Na mínima desta quarta-feira, a 102.551,17 pontos (-1,77%), o Ibovespa rompeu o piso intradia de 22 de outubro (102.853,96 pontos), que até então era a pior marca do ano e também a menor desde 13 de novembro de 2020, quando a referência da B3 foi no intradia a 102.508,77 pontos. Mais cedo, até o começo da tarde, o desempenho moderadamente positivo de parte dos setores financeiro e de mineração e siderurgia contribuía para que a referência da B3 mostrasse ajuste menor do que o observado nas duas sessões anteriores.

"Se o Ibovespa consolidar o rompimento dos 103 mil pontos, abre espaço para movimentos de queda mais expressiva, para baixo até dos 100 mil pontos ou ao menos alcançando este patamar dos 100 mil, uma região falada pelo mercado já há bastante tempo", diz Stefany Oliveira, analista da Toro Investimentos. "Caso contrário, se esta região não for perdida, uma nova correção pode ocorrer, com recuperação até os 108,7 mil pontos", acrescenta a analista, destacando contudo os 'drivers' negativos que têm "ditado" os preços dos ativos nos últimos dias.

No meio da tarde, relato de que o governo avalia usar brecha na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para dar reajuste aos servidores, conforme defendido por Bolsonaro, contribuiu para colocar pressão adicional sobre a Bolsa, em meio à percepção de que o presidente tende a redobrar a opção por mais gastos à medida que 2022 se aproxima e com previsões econômicas em contínua deterioração. A eventual concessão de reajuste a servidores precisaria ser incluída pelo governo na mensagem modificativa do Orçamento de 2022 e incorporada pelo relator-geral, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), no chamado Anexo V, que traz as autorizações específicas para elevação de gastos com pessoal, segundo apurou o Broadcast.

"Reajuste do funcionalismo é algo inesperado, não estava na conta do mercado. O político e o fiscal continuam a prevalecer sobre os preços dos ativos, assim como os dados econômicos, com inflação e juros em alta, e constantes revisões, para baixo, na expectativa de crescimento econômico. No exterior, as falas mais recentes de autoridades do Fed sugerem um período mais curto de retirada de estímulos, com consequência para os juros e para a perspectiva da renda variável como um todo, não só nos Estados Unidos", observa Armstrong Hashimoto, sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos, destacando em especial o efeito do viés de alta no custo de crédito para setores como o varejo, consumo e construção civil.

A cautela com o cenário fiscal, em meio às negociações da PEC dos Precatórios no Senado e à possibilidade de reajuste salarial para servidores públicos, voltou a dar as cartas no mercado de câmbio doméstico. A deterioração mais aguda veio após declarações do líder do governo e relator da PEC no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), dando conta de que o texto pode sofrer alterações na Casa para angariar mais apoio, o que faria a proposta retornar à Câmara dos Deputados para nova votação. Isso atrasa uma definição para o Orçamento de 2022, o que aumenta a percepção de risco e abala a confiança dos investidores. Rumores de que o governo poderia aproveitar brecha na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) para reajustar salário de servidores sem estabelecer a fonte de financiamento ajudaram a azedar ainda mais o humor do mercado.

Com mínima de R$ 5,4661, registrada pela manhã, e máxima a R$ 5,5332 (+0,61%), o dólar à vista encerrou a sessão cotado a R$ 5,5242, alta de 0,45% - o que reduziu a queda acumulada no mês para 2,16%. O giro com o contrato futuro de dólar para dezembro foi bem reduzido, refletindo pouco apetite para formação de posições. Embora o dia lá fora tenha sido misto para divisas emergentes e de países exportadores de commodities, como destaque negativo para o peso chileno e a lira turca, não dá para atribuir a depreciação do real hoje apenas ao ambiente externo. Entre os principais pares do real, o peso mexicano ganhou força e o rand sul-africano trabalhou perto da estabilidade.


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