Dólar sobe e Ibovespa volta aos 105 mil pontos com bancos e Petrobras

Dólar sobe e Ibovespa volta aos 105 mil pontos com bancos e Petrobras

Dólar chega aos R$ 4,16 com fortalecimento da moeda americana no exterior

AE

Índice Bovespa teve alta de 0,80% nesta quinta-feira

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Depois de uma manhã de muita instabilidade, o Ibovespa ganhou força ao longo da tarde desta quinta-feira e conseguiu não apenas se descolar do sinal negativo das bolsas americanas como superar os 105 mil pontos (no fechamento) pela primeira vez desde 11 de julho. Impulsionado especialmente pelas ações de bancos e Petrobras, o principal índice acionário da B3 encerrou o pregão desta quinta-feira aos 105.319,40 pontos, em alta de 0,80%.

Após o estresse provocado pelo adiamento da votação da reforma da Previdência no Senado, investidores se animaram a refazer posições na bolsa diante da expectativa, embora ainda tímida, de melhora da atividade econômica. Aos dados fortes da criação de vagas formais em agosto divulgados na quarta se somou o reforço das apostas de mais cortes da taxa básica de juros (Selic), na esteira da divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do terceiro trimestre.

Segundo analistas, uma redução da Selic para baixo de 5% até o fim do ano pode estimular um aumento das concessões de empréstimos. Não por acaso, as duas maiores altas entre os índices setoriais do Ibovespa foram de segmentos que se beneficiam da perspectiva de expansão do crédito - o Índice Financeiro (IFNC) subiu 1,62% e o Índice Imobiliário (Imob), 1,01%.

No setor financeiro, o papel PN do Itaú avançou 2,88%, figurando, ao lado da ON da Via Varejo, como a maior alta dentre as ações que compõem a carteira teórica do Ibovespa. Já a ação PN do Bradesco subiu 1,44%, enquanto as units do Santander avançaram 1,12%.

O Ibovespa também se beneficiou da valorização das ações da Petrobras, que ganharam fôlego extra na segunda etapa de negócios com a promulgação de trecho de emenda constitucional que autoriza a realização do megaleilão do pré-sal em novembro. Isso vai garantir o pagamento de R$ 33 bilhões da dívida da União com a petroleira. Com a alta moderada do petróleo no mercado internacional, o papel PN da empresa subiu 1,32% e fechou cotado em R$ 27,70, na máxima.

Felipe Fernandes, analista da Toro Investimentos, afirma que o aumento das tensões no ambiente externo, com a possibilidade de impeachment do presidente dos EUA, Donald Trump, foi, de certa forma, ofuscado pela expectativa de melhora da economia local. "Apesar do adiamento da votação, a Previdência deve ser aprovada. O Caged surpreendeu e as projeções de inflação estão baixas, o que vai permitir mais queda de juros e estimular a economia", afirma.

Fernandes ressalta, contudo, que a alta do Ibovespa se deu em um ambiente de liquidez muito reduzida, o que mostra falta disposição para apostas mais contundentes. O volume negociado na B3 foi de R$ 13,67 bilhões, em linha com os pregões anteriores, mas bem abaixo da faixa usual entre R$ 16 bilhões e R$ 20 bilhões "Não há razões para o investidor que está alocado desfazer posições e quem ainda está fora espera sinal de uma tendência mais consistente de alta para retornar ao mercado", afirma o analista da Toro Investimentos.

Um experiente operador de uma corretora no Brasil ressalta que os investidores locais - institucionais, fundos e pessoas físicas - já têm parcela grande de suas carteiras alocada em bolsa. Para que o Ibovespa rompa o teto informal dos 106 mil pontos é preciso que o investidor estrangeiro volte a mostrar apetite pelos ativos domésticos. "Os números de setembro mostram que o estrangeiro está voltando, mas o volume de entrada ainda é muito baixo", afirma.

De fato, em setembro, até a última terça-feira, o saldo de investimentos estrangeiros na bolsa é positivo em R$ 808,619 milhões. No acumulado do ano, contudo, há saída líquida de R$ 20,420 bilhões.

Dólar

Dólar sobe para R$ 4,16 com fortalecimento da moeda americana no exterior. O dólar começou o dia em queda, mas o movimento não se sustentou na tarde desta quinta-feira, e a moeda americana acabou fechando o dia em alta. A quinta-feira foi de valorização do dólar no mercado internacional, tanto ante divisas fortes como na maioria dos emergentes. No mercado doméstico, a tramitação mais lenta da reforma da Previdência no Senado segue causando mal estar nas mesas de operação e pressionando o câmbio.

Na mínima do dia, o dólar à vista chegou a cair para R$ 4,12, com otimismo dos investidores sobre as negociações comerciais entre China e Estados Unidos. Mas o processo de impeachment do presidente americano, Donald Trump, segue provocando cautela nos investidores. O diretor de um banco americano avalia que a chance é baixa de Trump ser impedido de governar, mas até que o processo se encerre, deve causar muita volatilidade no mercado e fuga de ativos de risco, o que tende a fortalecer o dólar e enfraquecer as moedas emergentes. Em Washington, a discussão sobre o impeachment pode ainda atrasar projetos de Trump e a atrapalhar a agenda legislativa, ressalta este executivo.

Em meio à cautela do investidor, que também está preocupado com a desaceleração da economia mundial, o índice DXY, que mede o comportamento do dólar ante uma cesta de divisas fortes, é negociado atualmente em patamares próximos a maio de 2017. Naquele mês, o índice bateu em 100 com a sinalização de altas mais rápidas de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Nesta quinta, na máxima, foi a 99,276 pontos.

"O cenário externo está complicado e a história do Brasil neste momento não está ajudando", afirma a economista e estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte. Ele ressalta que a reforma da Previdência "encrespada no Senado" é um dos fatores que contribuem para pressionar a moeda, pois se esperava que a tramitação das medidas na casa fosse ser rápida.

Com o exterior mais adverso e o Brasil sem notícias positivas, a economista do Ourinvest não vê fluxo de recursos externos vindo para o país neste momento. Para o diretor de tesouraria de um banco estrangeiro, sem capital do exterior, o dólar não cai abaixo de R$ 4,00 no curto prazo. Desde 16 de agosto a moeda americana se firmou acima deste nível.

Taxas de juros

O mercado de juros encontrou um pouco mais de espaço para alívio de prêmios nesta quinta-feira, em meio ao Relatório Trimestral de Inflação (RTI) e à repercussão positiva da promulgação de parte da proposta de emenda à Constituição que permitirá ao governo a realização do megaleilão do pré-sal. O relatório, juntamente com as entrevistas do presidente Roberto Campos Neto e do diretor de Política Econômica, Carlos Viana, mesmo não trazendo grandes novidades em relação à mensagem da ata do Copom, deu conforto para o mercado voltar a reforçar apostas na Selic abaixo de 5% no fim do ciclo. Nesse contexto, os juros fecharam com ligeira queda, ainda que o câmbio tenha passado a tarde levemente pressionado.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2020, que melhor capta as apostas para a Selic ao longo de 2019, fechou na mínima de 5,08%, de 5,09% na quarta no ajuste, e a do DI para janeiro de 2021 voltou a fechar abaixo de 5%, em 4,98%, de 5,009% no ajuste. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 6,09%, ante 6,121% no ajuste. A taxa do DI para janeiro de 2025 terminou em 6,69%, de 6,731%.

As preocupações com o exterior e o andamento da reforma da Previdência estiveram de lado, com o mercado voltando a se concentrar na política monetária. "O RTI e as declarações não trouxeram novidades em relação ao que o mercado já tinha, mas elevaram a confiança sobre o espaço para redução maior dos juros. O BC parece tranquilo com o nível de 5% e poderia ir até abaixo", disse o trader da Quantitas Asset, Matheus Gallina, segundo o qual a curva projetava nesta quinta taxa básica de 4,75% no encerramento de 2019. Para o Copom de outubro, vai se consolidando a ideia de nova redução de 0,5 ponto porcentual da atual taxa de 5,5%. Segundo precificação divulgada pela a Quantitas, as chances de um corte desta magnitude avançaram de 68% na quarta para 78%.

"Infere-se no cenário com a Selic da Focus (5,0%) e o câmbio constante (R$ 4,05) que há um conforto para o BC com a Selic em 5,0%. Acredito que pode ir abaixo de 5,0%, porque a inflação corrente está muito tranquila e a recuperação da atividade segue bastante gradual", disse a economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, que vê Selic a 4,50% no fim do ciclo.

Já a sinalização do BC é de que não há estresse com o câmbio no atual contexto. Carlos Viana, na entrevista, pontuou que com o hiato de produto nos níveis de hoje, "a transmissão do câmbio para inflação fica mitigada". Foi sua última coletiva do RTI, pois permanecerá nos quadros do BC somente até segunda-feira.

Na ótica do mercado, se a agenda econômica avançar haverá entrada de fluxo externo, o que limitaria a pressão sobre o real. Nesse sentido, foi bem recebida a promulgação de parte da PEC da cessão onerosa no Congresso, que permitirá a realização do megaleilão do pré-sal marcado para novembro. A outra parte, que trata da divisão do bônus de assinatura com Estados e municípios, continuará em tramitação na Câmara. É uma boa notícia também pelo lado fiscal, uma vez que pelo texto R$ 106,5 bilhões podem ser arrecadados.


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