Dólar sofre alta e termina o dia cotado em R$ 5,34

Dólar sofre alta e termina o dia cotado em R$ 5,34

Real só não foi novamente a divisa com pior desempenho porque a lira turca despencou para nível recorde de baixa

AE

Bolsa fechou em alta de 1,29%, aos 104.125,64 pontos, com bancos e elétricas

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O dólar ganhou força nesta quinta ante moedas emergentes e o real só não foi novamente a divisa com pior desempenho porque a lira turca despencou para nível recorde de baixa, em meio a desconfiança do mercado sobre a recuperação econômica do país e após o governo turco gastar bilhões para tentar conter a sangria de sua moeda. No mercado doméstico, o fato de o Banco Central ter deixado a porta aberta para futuro corte da taxa básica de juros ajudou a pressionar o câmbio, assim como o aumento da preocupação com a questão fiscal brasileira. A expectativa agora é para o relatório de emprego da economia americana, que será divulgado nesta sexta-feira.

No mercado comercial, o dólar à vista fechou em alta de 0,95%, cotado em R$ 5,3432. No mercado futuro, o dólar para setembro subia 0,93%, cotado em R$ 5,3495 às 17h. O giro de negócios hoje foi o menor dos últimos dias, ficando em US$ 10,7 bilhões.

Na avaliação do gestor da Kinea Investimentos, Marco Freire, há chance de novo corte de juros se o governo sinalizar que vai honrar o teto da dívida. Ele avalia que a atividade ainda estará enfraquecida no final do ano, com desemprego alto e inflação abaixo da meta. "Nesse cenário, se honrar o teto, tem hipótese razoável de novo corte", disse ele em live do BTG Pactual hoje, ressaltando que o fiscal do Brasil está "muito desafiador". Para Freire, o governo não vai conseguir equacionar de uma vez todo o esforço fiscal feito este ano para contornar os efeitos da pandemia do coronavírus. Ele acredita que o auxílio emergencial deve ser prolongado.

Para o gestor da Absolute Investimentos, Fabiano Rios, a tendência é que o BC mantenha os juros na próxima reunião, mas pode cortar novamente até final do ano. Sobre o real, ele observa que os participantes do mercado se acostumaram a ver, durante muito tempo, a moeda brasileira muito valorizada, mas por causa da taxa de juros elevada no Brasil. "O real está desvalorizado, mas os fatores que fizeram com que ele se desvalorizasse ainda estão presentes", disse Rios na live do BTG, destacando que o ponto de equilíbrio do câmbio é com a divisa brasileira um pouco mais valorizada do que agora, mas não muito.

Com a Selic em nível histórico de baixa e o juro real ao redor de zero, gestores alertam para a chance de saída de capital do Brasil dos próprios brasileiros, em busca de maior retorno no exterior, o que vai contribuir para pressionar ainda mais o câmbio. Na avaliação do sócio e economista-chefe da Apex Capital, Alexandre Bassoli, a taxa de juros é baixa de forma inédita, ao mesmo tempo em que o Brasil tem que conviver com nível elevado de risco fiscal. "De fato, podemos ter uma dinâmica de investidores brasileiros decidindo alocar parte do patrimônio fora do Brasil."

Ibovespa

Tendo mantido sem interrupções a faixa de seis dígitos desde o último dia 15, o Ibovespa sacolejou um pouco, por dinâmica própria, entre as duas últimas sessões de julho e as duas primeiras de agosto. Com a porta deixada aberta nesta quarta-feira, 5, pelo Copom para juros abaixo de 2% após este corte de 0,25 ponto porcentual, o índice volta a ganhar alguma força, emendando nesta quinta, a segunda sessão de retomada, embora em grau um pouco inferior ao observado no início da tarde, quando alcançou a marca de 104.523,28 pontos na máxima da sessão.

Ao fim, o índice de referência da B3 apontava ganho de 1,29%, aos 104.125,64 pontos, saindo de mínima a 102.794,76 pontos na abertura. Invertendo a lógica que prevalecia até o comunicado de ontem à noite do Copom, o Ibovespa operou à frente do exterior na maior parte da sessão, com Nova York mostrando indecisão entre perdas e ganhos mais cedo, embora sustentando alta no fim, com Nasdaq em nova máxima histórica, após sessões negativas na Europa e na Ásia. A incerteza sobre o ritmo de recuperação global colocou o ouro, mais tradicional ativo de proteção, em nova máxima histórica, a US$ 2.064,4 por onça-troy, no fechamento de hoje da Nymex para os contratos de dezembro.

Muito vinculadas ao cenário externo, as ações de commodities, que contribuíram para dar impulso ontem ao Ibovespa, perderam ímpeto hoje, assim como as de siderurgia, mas o desempenho positivo do índice nesta quinta-feira foi assegurado pelas ações do setor elétrico e de bancos. As ações de elétricas, em especial as de transmissoras, aceleraram alta no início da tarde, após a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovar edital do leilão de transmissão a ser realizado no mês de dezembro. Outro desdobramento positivo para o segmento foi o arquivamento da MP 950, ontem, na Câmara dos Deputados, o que contribui para diminuir a burocracia para liberação de ajuda ao setor, assunto já regulamentado pela Aneel.

Destaque para Copel, em alta de 5,19% no fechamento, à frente de Cemig (+4,01%), Eletrobras ON (+3,65%) e Cesp (+1,11%). Na ponta do Ibovespa, BR Malls (+11,20%), Totvs (+10,85%) e Cielo (+10,67%), após ter sido contida recentemente, como outras ações do setor financeiro, pelos ruídos em torno da recriação de um imposto como a CPMF e pela expectativa para a votação no Senado de proposta de tabelamento de juros para o cartão de crédito e o cheque especial até o fim de 2020, em 30% ao ano. A sessão começou às 16h20 e, até o fechamento da B3, a matéria não havia sido votada, mas a perspectiva é de que, ainda que seja aprovada, dependerá de aval da Câmara e da sanção presidencial - um percurso ao longo do qual pode ser alterada ou mesmo rejeitada.

Assim, em dia de balanço do Banco do Brasil, divulgado antes da abertura de hoje, o setor, de maior peso no índice, contribuiu para o avanço do Ibovespa. BB ON subiu 3,06%, à frente de Bradesco ON (+1,39%) e de Itaú PN (+1,40%), assim como da unit do Santander (+2,76%). Entre as baixas do Ibovespa, destaque para Gerdau PN (-2,48%), Gerdau Metalúrgica (-2,46%) e Via Varejo (-2,05%). Ao fim, Petrobras PN subiu 0,17% e a ON, 0,34%, com Vale ON ainda em baixa de 0,58%. O giro financeiro da sessão totalizou R$ 26,3 bilhões, e o Ibovespa passa a acumular ganho de 1,18% nesta primeira semana de agosto, após perda acumulada de 0,11% até ontem - no ano, cede agora 9,96%.

"Com o Ibovespa a 105 mil pontos, estamos a preço justo. Mas o índice pode ir além dos 120 mil pontos se houver percepção de melhora dos fundamentos, o que inclui a progressão de reformas, como a tributária, em meio ao fluxo propiciado pela redução de juros", diz Eduardo Cavalheiro, sócio-gestor da Rio Verde Investimentos.

A questão fiscal permanece no centro da atenção dos investidores, em meio a sinais de que o governo pretende criar um novo mecanismo permanente de transferência de recursos à população, o Renda Brasil, mas reconhece dificuldades para estender ao fim do ano o auxílio emergencial de R$ 600, que tende a ser reduzido nos próximos meses. A transferência de renda aos mais pobres é considerada essencial para manter algum nível de funcionamento da economia, ante a progressão do desemprego, reiterada em novos dados divulgados hoje.

"Os gastos necessários feitos nesta época de pandemia demandam cortes de custos para o Estado, ou seja, reformas", diz Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. O cenário de riscos apontado ontem pelo BC foi "para os dois lados", tanto a possibilidade de inflação muito baixa, por conta da ociosidade da economia, como de um descontrole de gastos e desequilíbrio fiscal, que, para serem evitados, dependem de reformas que resultem em redução de custos do Estado, observa o estrategista da Levante.

Taxas de Juros

A leitura do comunicado do Copom e o leilão do Tesouro com oferta menor de títulos derrubaram os juros futuros até os vértices intermediários e inflaram o volume de contratos negociados nesta quinta, na B3. As taxas longas também caíram, mas menos que as demais, o que levou a curva a inclinar mais um pouco, dando sequência à trajetória vista nos últimos dias. As taxas, em especial as curtas, se ajustaram à sinalização do Banco Central de que a porta continua aberta a um eventual novo corte da Selic, ainda que a autoridade monetária tenha subido a régua para voltar a reduzir, contrariando a expectativa de que o comunicado indicaria interrupção no processo de distensão monetária.

Na curva a termo, as apostas de Selic em 2% em setembro continuam, assim como já eram nos últimos dias, amplamente majoritárias, mas, dada a surpresa do comunicado, a aposta de novo corte de 25 pontos-base na taxa reconquistou o espaço perdido nas últimas sessões. No fechamento, a curva projetava 25% de probabilidade para esta opção, ante 20% ontem no fim do dia. Já os vencimentos do miolo reagiram à indicação do comunicado de um ciclo longo de Selic estável depois que for encerrada a atual sequência de cortes que começou em julho de 2019.

O destaque da sessão foi o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 que fechou com taxa de 2,57% ante 2,772% ontem no ajuste, queda de 20 pontos e cerca de 480 mil contratos negociados. A taxa do DI para janeiro de 2021 fechou a 1,865%, de 1,953% ontem no ajuste. O DI para janeiro de 2023 encerrou com taxa de 3,64%, de 3,813% ontem no ajuste, e a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 6,273% para 6,20%.

O Copom referendou o consenso de queda da Selic para 2%, mantendo na linguagem do comunicado algum grau de abertura para seguir cortando, o que surpreendeu boa parte do mercado que, em função da piora do risco fiscal, esperava a porta fechada a novas flexibilizações. Tanto que apostas de corte para setembro vinham caindo nos últimos dias, saindo de 30% de chances no fim da semana passada para 20% ontem. Pela manhã, ainda caíram um pouco mais, para 15%, mas à tarde já estavam em 25%.

De todo modo, a curva segue apontando nada menos do que 75% de probabilidade de manutenção da taxa em setembro. Também nos Departamentos Econômicos, a maioria dos economistas acredita que o ciclo de queda acabou. Pesquisa relâmpago do Projeções Broadcast sobre o Copom mostrou que 27 entre 32 instituições veem Selic estável no mês que vem.

No Banco Inter, a percepção é de que, ainda que o Copom não tenha fechado a porta, a evolução do cenário e a discussão sobre o ajuste fiscal devem ser impeditivos para futuras reduções. "A volta do crescimento de gastos fiscais permanentes poderia implicar aumento dos juros estruturais da economia impactando o crescimento de longo prazo", afirma a economista-chefe Rafaela Vitória, que assina relatório do banco.

O recuo das taxas, com mínimas em toda a curva, foi ampliado à tarde após leilão do Tesouro, cuja oferta de LTN caiu drasticamente, de 28,5 milhões na semana passada para 8,5 milhões hoje e absorvida integralmente. A oferta menor é atribuída ao chamado "período de hiato" no qual os dealers do Tesouro não precisam negociar nos leilões, que vai até 10 de agosto. Mesmo sem essa demanda cativa, profissionais nas mesas afirmam que houve muito apetite pelos papéis, mas a oferta menor não conseguiu atender a todos, que, nesse caso, acabaram por montar suas posições aplicadas em DI.


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