Dólar tem dia de alta e fecha em R$ 5,26

Dólar tem dia de alta e fecha em R$ 5,26

Em recuperação pelo segundo dia, Ibovespa fechou em alta de 2,16%, aos 95.547,29 pontos

AE

Foi o sexto dia seguido de valorização da moeda norte-americana

publicidade

O dólar teve um dia de volatilidade alta, enquanto os investidores aguardam a decisão do Banco Central sobre juros. Em sessão marcada por poucos negócios, o que acentuou as oscilações, profissionais das mesas de câmbio ressaltam que, mais do que o esperado corte de juros hoje, a expectativa é ver o que o BC sinaliza pela frente. Um novo corte pode ajudar a enfraquecer ainda mais o real. No exterior, o dia foi marcado por fortalecimento da moeda americana, ainda em meio ao temor de uma segunda onda de contágios do coronavírus.

No fechamento desta quarta, terminou em R$ 5,2608, em alta de 0,51% no segmento à vista. Foi o sexto dia seguido de valorização da moeda norte-americana, que acumula ganho de 8% no período. No mercado futuro, o dólar para julho era cotado em R$ 5,2345, em queda de 0,27% às 17h30.

"Hoje foi dia de oscilação grande, e lá fora também teve volatilidade", afirma o responsável pela mesa de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagem. Ele ressalta que a expectativa pelo Copom e o temor de nova onda de coronavírus deixou o mercado sem muita âncora, fazendo os preços oscilarem mais que a média.

O sócio gestor da Ibiuna, Mario Torós, ex-diretor do BC, ressalta que o Brasil ainda nem terminou a primeira onda de coronavírus e quanto mais tempo demorar para ela passar, maior os efeitos na atividade econômica. Ele prevê corte de 0,75 ponto porcentual hoje na taxa básica de juros e acha que é mais provável o cenário em que o BC deixe as portas abertas para novo corte pela frente, de 0,50 ponto, levando a Selic para 1,75%, disse em Live do BTG Pactual.

Para Torós, se não houver uma segunda onda de infecções, o dólar pode se enfraquecer no mercado internacional, mas a tendência é que o real siga com desempenho pior que outras moedas emergentes, por conta da forte piora fiscal do Brasil.

Na avaliação do analista de mercado financeiro da Oanda em Nova Iorque, Edward Moya, as perspectivas econômica para o Brasil só pioraram desde a última reunião de política monetária. Nesse ambiente, o BC deve sinalizar que provavelmente haverá mais cortes de taxas. Já no exterior, ele ressalta que as bolsas tiveram dia de ganhos em Nova York, mas a cautela persiste com a piora de casos de coronavírus nos EUA, sobretudo em estados como Flórida, Nevada, Texas e Arizona. Nesse ambiente, crescem as preocupações de excesso de oferta por petróleo e perspectiva de baixa demanda no curto e médio prazo.

Em meio aos juros baixos, o Brasil segue perdendo recursos externos. Embora com entradas para a Bolsa, o fluxo financeiro está negativo em junho em US$ 463 milhões até o dia 12. No acumulado do ano, a saída líquida por este canal soma US$ 33,8 bilhões.

Ibovespa

Em recuperação pelo segundo dia, o Ibovespa fechou nesta quarta no maior nível das últimas cinco sessões, buscando se reaproximar do fechamento de 9 de junho (96.746,55 pontos), o segundo mais alto desde 6 de março (97.996,77 pontos) - no último dia 9, iniciou uma série de quatro perdas, após sequência de sete altas, a mais longa desde fevereiro de 2018. Nesta quarta-feira de vencimento de opções e futuros sobre o Ibovespa, o índice encerrou em alta de 2,16%, aos 95.547,29 pontos, em dia que se mostrou misto nas bolsas do exterior, em parte contidas por tensões fronteiriças na Ásia - entre China e Índia, e entre as Coreias - bem como pela cautela sobre segunda onda de covid-19 e o efeito que poderá ter na retomada econômica.

Na máxima, o índice foi hoje aos 96.611,40 pontos, com ganhos superiores a 3%, saindo de mínima a 93.531,17 pontos na sessão. O giro financeiro totalizou R$ 69,4 bilhões, reforçado pelo vencimento de opções e futuros sobre o índice. No mês, o Ibovespa acumula ganho de 9,32% e, na semana, de 2,97%.

A partir das 14h, o Ibovespa passou a renovar máximas, em momento no qual as bolsas de Nova Iorque se firmavam em alta, ainda que transitoriamente, e bem mais moderada do que a observada na B3. No exterior, o sentimento chegou a melhorar com novas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que sinalizou hoje que ainda levará um tempo para se começar a reduzir o volume de ativos no balanço da instituição, ampliado para disponibilizar liquidez em meio ao impacto econômico da pandemia. No Brasil, o mercado aguarda daqui a pouco corte de até 0,75 ponto porcentual na Selic, que levaria a taxa de juros de referência a nova mínima histórica, desta vez a 2,25% ao ano.

"Tendo as iniciativas de liquidez nos EUA e a redução da Selic por aqui, o mercado continua a ser movido pelo fluxo, com deslocamento de recursos da renda fixa para a variável em busca de rentabilidade. Se o Copom surpreender e vier com corte acima do consenso, antecipando ajuste nos juros que viria depois, o movimento para a Bolsa pode se fortalecer", diz Ari Santos, operador de renda variável da Commcor.

"No exercício de opções sobre o Ibovespa hoje, prevaleceram as calls, muito mais compras do que vendas", o que pode ser visto como expectativa de que o índice continuará subindo, observa Santos. Ele acrescenta que os preços das ações já embutem uma perspectiva ruim para os balanços do segundo trimestre, e que o mercado passa a olhar para o segundo semestre, especialmente sobre o que pode ocorrer com relação à pandemia e a reabertura das economias.

Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, vê com cautela o comportamento de hoje do Ibovespa no vencimento de opções. "Para mim não é sinalização de alta, acredito que entrou fluxo de compra para acerto de posição em função do vencimento do índice futuro", diz. "Contra fluxo não há resistência. Quando terminar o fluxo hoje, o mercado tende a se ajustar à realidade", conclui.

Nesta quarta-feira, Eletrobras ON (+9,99%) registrou o maior avanço dentre os componentes do Ibovespa, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizar planos de privatização da empresa ainda em 2020.

Em outro desdobramento bem recebido pelo mercado, o secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, disse que o programa de reformas estruturais e de responsabilidade fiscal do governo seguirá em curso enquanto Guedes permanecer como o comandante da área econômica. No domingo, Mansueto anunciou que está de saída do governo; no dia seguinte, o ministério informou que Bruno Funchal será o substituto, a partir de 31 de julho.

As ações de commodities fecharam o dia em terreno positivo, com Petrobras ON e PN em alta respectivamente de 0,23% e 0,33%, enquanto Vale ON avançou 1,46%. Entre os bancos, também em alta na sessão, destaque para BB (+2,99%). Logo após Eletrobras na ponta do Ibovespa, Yduqs subiu hoje 7,12% e Cyrela, 6,73%. No lado oposto, Minerva caiu hoje 3,66% e CVC, 1,52%.

Juros

O mercado de juros encerrou esse dia "D" da política monetária no Brasil com taxas curtas de lado e as demais, em baixa, com a curva, ao contrário de ontem, perdendo inclinação. O mercado operou em compasso de espera pelo comunicado do Copom, que deixou a porta aberta para um corte "residual" da Selic. Isso abriu espaço para uma correção nos vencimentos longos, que ontem subiram em função do aumento das apostas no corte da Selic e da pressão no câmbio. Hoje, o dólar passou a avançar no meio da sessão, mas muito em função das expectativas para a Selic e, ainda assim em níveis considerados comportados. Desse modo, não interferiu no ajuste da curva.

O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para julho de 2020, o primeiro a vencer após o Copom de hoje, novamente foi o mais líquido, fechando com taxa de 2,247%, de 2,262% ontem. O DI para janeiro de 2021 fechou com taxa em 2,095%, de 2,094% ontem, e a do DI para janeiro de 2025 caiu de 5,773% para 5,66% (mínima). A do DI para janeiro de 2027 também fechou na mínima, a 6,62%, de 6,742% ontem.

Mesmo com as atenções voltadas ao Copom, houve espaço para a queda da ponta longa. "A curva estava aberta demais ontem", disse Vitor Carvalho, sócio-gestor da Laic-HFM, acrescentando ainda que declarações do ministro Paulo Guedes sobre as reformas, como as de hoje, normalmente acabam encorajando a busca por risco. "Estamos terminando as medidas emergenciais e retornaremos às reformas econômicas nas próximas semanas. Vamos continuar reformando o País em uma direção liberal", disse o ministro.

Além disso, o secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, em entrevista ao UOL, reiterou que uma "virada" na política econômica não ocorreria com Guedes no governo, tipo de fala que sempre agrada ao mercado. O secretário também reforçou que o órgão não está tendo problema para financiar a dívida pública e que o foco tem sido no curto prazo porque a curva longa de juros está alta.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895