Dólar tem dia volátil, mas fecha novamente abaixo de R$ 5,00

Dólar tem dia volátil, mas fecha novamente abaixo de R$ 5,00

Moeda norte-americana encerrou sessão cotada a R$ 4,96

AE

O fluxo cambial em junho está positivo em US$ 2,3 bilhões até o dia 18

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O dólar fechou abaixo de R$ 5,00 pelo segundo dia. Mas no aguardo de novos catalisadores, o câmbio teve um pregão volátil, em parte marcado por um movimento de realização de ganhos, após a moeda americana acumular queda de 7% nos últimos 30 dias, a maior dos emergentes no período. No exterior, o dólar operou sem tendência única nesta quarta-feira, o que contribuiu para a falta de direção do real. Indicadores mistos da economia americana e declarações de dirigentes do Federal Reserve reforçaram o tom de cautela nas mesas de operação.

No Brasil, o fluxo de capital externo, comercial e financeiro, tem sido forte este mês e mais recursos entram nos próximos dias, por conta de captações de empresas, o que ajuda a limitar eventual pressão de valorização do dólar, destacam os profissionais das mesas de câmbio. Nesta quarta, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que o dólar, após ter rompido o piso dos R$ 5,00 na terça, ainda pode cair mais. Ao mesmo tempo, ele disse que o presidente Jair Bolsonaro anunciará mais três meses de auxílio emergencial, o que provocou certa cautela nos investidores.

No fechamento, após bater na mínima de R$ 4,93 no começo da tarde, o dólar encerrou o dia em leve queda de 0,07%, a R$ 4,9628. No mercado futuro, o dólar para julho, que vence na próxima semana, subia 0,15%, a R$ 4,9685 às 17h40.

Para o sócio da gestora 051 Capital, Flávio Aragão, a taxa de juro muito baixa havia espantado o investidor estrangeiro do Brasil, junto com a deterioração fiscal e a atividade enfraquecida. A correção deste movimento da Selic vem ajudando o real, ressalta ele, pois ajuda a atrair capital externo. Além disso, o cenário de atividade começou a melhorar de forma importante, isso em um ambiente de melhora dos termos de troca para o país, por conta da alta das commodities no exterior.

O fluxo cambial em junho está positivo em US$ 2,3 bilhões até o dia 18, segundo dados desta quarta do Banco Central. Só pelo comércio exterior entraram US$ 1,3 bilhão. Pelo canal financeiro, entraram US$ 1 bilhão e há ainda as operações desta semana, com ao menos parcela de recursos de estrangeiros. A EcoRodovias captou na terça um total de R$ 2 bilhões e o Banco Inter pode lançar na quinta R$ 5,5 bilhões, dia em que a XP Inc deve acessar o mercado para emitir títulos de dívida.

Nos Estados Unidos, o índice dos gerentes de compras (PMI) de serviços decepcionou em junho, ajudando a enfraquecer o dólar. Ao mesmo tempo, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, que vota nas reuniões de política monetária, disse que antecipou sua previsão para o início do ciclo de aperto monetário. Ele prevê a primeira elevação da taxa básica de juros no fim de 2022 e ainda recomendou que o Fed comece já a discutir a redução das compras de ativos.

O Bradesco avalia que o Fed dará início à discussão sobre o ajuste no programa de compras de ativos a partir de agosto, com o "tapering", como é chamado o início da redução, começando entre o final de 2021 e o início de 2022. Com isso, há chance de a primeira elevação da taxa básica de juros nos EUA ocorrer em 2022, ressalta relatório nesta quarta-feira.

Juros

Os juros futuros de curto prazo fecharam com viés de alta e os longos, em leve queda nesta quarta-feira. O dia foi de continuidade no processo de perda de inclinação desencadeado pelo sinal "hawkish" (mais duro) do Copom, especialmente na ata de terça-feira, que colocou na mesa a possibilidade de acelerar o ritmo do aperto da Selic nas próximas reuniões. O mercado continuou digerindo o documento nesta quarta-feira, que foi de taxas mais comportadas na primeira parte da sessão ancoradas pelo câmbio.

Na segunda metade, o clima de maior aversão ao risco lá fora trouxe volatilidade ao dólar e uma postura defensiva dos agentes na renda fixa. Os movimentos, contudo, ao longo do dia foram, em geral, moderados pelo compasso de espera pelo Relatório de Inflação (RI) na quinta-feira e Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) na sexta.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2022 fechou a sessão regular em 5,77%, de 5,747% no ajuste anterior, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 7,278% para 7,31%. O DI para janeiro de 2025 terminou com taxa de 8,25% (8,235% na terça) e a do DI para janeiro de 2027 ficou em 8,63%, de 8,673%.

Para o estrategista da Tullett Prebon Vinicius Alves, o mercado na terça exagerou na precificação para a política monetária no curtíssimo prazo e nesta quarta tentou fazer um ajuste, o que explicaria a ponta curta mais comportada, até porque, segundo ele, é necessário aguardar para saber o que, de fato, a mensagem mais dura representa para os preços dos ativos, especialmente o câmbio. "Temos de esperar para ver como fica a inflação dos tradables", disse.

O dólar ajudou as taxas em parte do dia, tendo chegado à mínima de R$ 4,93, mas à tarde esteve volátil, chegando a operar em alta, o que impôs máximas para a curva.

O clima lá fora esteve mais pesado, com reforço nas discussões sobre quando os Estados Unidos devem reduzir os estímulos de liquidez, o que vai penalizar os mercados emergentes. Considerado da ala "dovish" (mais leve) do Federal Reserve, o presidente da distrital de Atlanta, Raphael Bostic, disse ter antecipado sua previsão para o início do ciclo de aperto monetário, esperando agora elevação da taxa básica de juros no fim de 2022 e outras duas em 2023.

O operador de renda fixa da Nova Futura Investimentos André Alírio afirma que o debate sobre a normalização dos juros norte-americanos traz muita incertezas aos ativos, mas na sua visão há ainda degraus a serem percorridos antes do efetivo aumento das taxas, entre eles o da redução no ritmo de compra de bônus (tapering) que o Fed admite já discutir. "Vejo um tom ainda moderado das autoridades", disse.

Bolsa

Assim como Nova York, o Ibovespa sentiu o peso de novos sinais "hawkish" de autoridades do Federal Reserve, que o endereçaram à tarde a terreno negativo, nas mínimas do dia, afastando-o da linha de 129 mil pontos recuperada mais cedo - no melhor momento do dia, pela manhã, o índice da B3 chegou a se reaproximar dos 130 mil pontos. Ao final, o Ibovespa mostrava leve perda de 0,26%, a 128.427,98 pontos, entre mínima de 128.182,37 e máxima de 129.900,84 pontos nesta quarta-feira, com giro financeiro a R$ 30,3 bilhões. Na semana, avança apenas 0,02%, colocando os ganhos do mês a 1,75% e os do ano a 7,91%.

A virada observada na B3 acompanhou NY após o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, prever uma elevação da taxa básica de juros dos Estados Unidos no final de 2022 e outros dois aumentos em 2023 - no momento, ele tem direito a voto no Fomc, o comitê de política monetária do Federal Reserve. Considerado um moderado, Bostic disse também que se está perto de alcançar os requisitos para iniciar o 'tapering', como é chamado o processo de redução dos estímulos monetários.

"A (nova) rodada de discursos do Fed não seguiu exatamente a liderança de Powell em minimizar os temores inflacionários", observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York, destacando também as palavras de Michelle Bowman, integrante do board do Federal Reserve, em tom "bastante agressivo com relação aos preços", embora "moderado com relação ao emprego".

Assim, nesta quarta-feira, "o Ibovespa ficou dividido entre a alta das commodities, com a recuperação do minério de ferro e do cobre, e as novas falas 'duras' de dirigentes do Fed, que pressionaram as bolsas dos EUA e se refletiram aqui", diz Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Na terça, o dia havia sido de recuperação em Wall Street, com o mercado americano reagindo bem a declarações "dovish" não apenas do presidente do Fed, Jerome Powell, mas também de outros integrantes do BC dos Estados Unidos, como John Williams (Nova York), Mary Daly (San Francisco) e Loretta Mester (Cleveland).

"Hoje, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, reiterou a natureza transitória da inflação, defendeu estímulos fiscais e a ideia de um imposto global para multinacionais", observa Betina Roxo, estrategista-chefe da Rico Investimentos, chamando atenção também, no Brasil, para discussão sobre tributação de dividendos. "No último dia 21 de junho, o Ministério da Economia definiu uma proposta que prevê tributação de dividendos em 20% com uma faixa de isenção de R$ 240 mil ao ano, equivalente a R$ 20 mil ao mês. Hoje, todos os pagamentos de dividendos são isentos de tributos", diz a estrategista.

Apesar do dólar abaixo dos R$ 5 nas duas últimas sessões, o Ibovespa tem mostrado "cansaço" nas últimas semanas, após a série de renovações de máximas históricas que o levou aos 130.776,27 pontos no encerramento do último dia 7 - e aos 131.190,30 no intradia, durante aquela sessão.

A ata do Copom, considerada mais "hawkish" do que o comunicado sobre a decisão de política monetária da semana passada, contribui desde a terça para um grau maior de cautela na B3, onde os investidores já vinham acompanhando com um pouco mais de atenção a crise hídrica, bem como os respectivos efeitos sobre as tarifas de energia, o crescimento econômico e, especialmente, a inflação. A dificuldade de se manter um fluxo regular de abastecimento de vacinas, que resultou na terça em interrupção da imunização em algumas capitais brasileiras, entre as quais São Paulo, também mereceu certa atenção, no momento em que se avança com a imunização em direção aos mais jovens, passo essencial para a normalização das atividades no segundo semestre.

Fatores pontuais, como a aprovação, no Senado, de Medida Provisória (MP) que eleva a tributação sobre bancos e a indústria química para viabilizar subsídio temporário ao diesel e ao gás de cozinha, também influenciaram o desempenho do índice, em que o setor financeiro tem o maior peso. Nesta quarta, as ações de bancos fecharam com perdas moderadas, limitadas a 0,94% (Santander), em dia positivo para as ações de commodities (Petrobras PN +0,69%, Vale ON +1,50%) e para parte do setor de siderurgia (Usiminas +2,14%, CSN +1,55%).


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