Dólar tem maior alta em sete meses e fecha em R$ 4,08

Dólar tem maior alta em sete meses e fecha em R$ 4,08

Com frustração de cessão onerosa, Ibovespa encerra em baixa de 0,33%

AE e Agência Brasil

Moeda americana teve alta de 2,22%

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Num dia marcado por tensões no mercado financeiro, a moeda norte-americana teve a maior alta diária em sete meses. O aguardado fluxo de dólares com o leilão do excedente da cessão onerosa, que pressionou a divisa americana para baixo nos últimos 10 dias, não se concretizou no certame realizado nesta quarta-feira. Não só dois dos campos não despertaram interesse, como a Petrobras acabou abocanhando uma fatia muito maior do que o esperado, frustrando a expectativa de entrada da moeda americana no País por meio de investidores estrangeiros. A decepção custou mais de R$ 0,11 entre a mínima, logo após a abertura e no auge das expectativas, e a máxima do dia.

No fim do pregão, o dólar terminou cotado em R$ 4,0826, uma alta de 2,22%. O câmbio não via uma variação positiva tão alta desde 27 de março deste ano, um dia depois de a Câmara dos Deputados aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento impositivo.

O economista-chefe e sócio da Garde Asset, Daniel Weeks, explica que o mercado ainda interpreta o que está por trás do baixo interesse pelos campos de petróleo. "O resultado foi ruim. A dúvida que fica é se o leilão foi mal feito (mal precificado) ou se tem um significado que vai além disso e mostra um mau humor maior dos investidores estrangeiros com o Brasil", aponta.

Na máxima do dia, o dólar tocou os R$ 4,0882, já no fim da tarde. Na mínima intraday - registrada logo após a abertura do mercado e ainda na expectativa com a venda dos campos de petróleo - o dólar tocou os R$ 3,9766.

A moeda virou, no fim da manhã, já após o resultado da primeira área, de Búzios. A Petrobras arrematou 90% do lote, junto às chinesas CNOOC e CNODC. O mercado esperava que a estatal pedisse algo próximo de 30% e que o restante do campo - o mais atrativo deles - ficasse nas mãos de estrangeiros. A estatal também foi a única a apresentar proposta pelo campo de Itapu.

Juntas, as três empresas pagaram 66% dos R$ 106 bilhões de bônus de assinatura cobrados dos vencedores - R$ 69,96 bilhões. Deve caber às chinesas cerca de US$ 1,7 bilhão, bem longe dos US$ 8,5 bilhões esperados de fluxo estrangeiro com o leilão para 2019, segundo projeção do Rabobank.

Nos últimos dias, o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP), Décio Oddone, vinha tentando calibrar as expectativas com o leilão. Ele já havia apontado que os dois campos que acabaram sem nenhum interessado - Atapu e Sépia - tinham mais risco e poderiam não ser atraentes. Os dois devem ser leiloados de novo em 2020. Após o certame, Oddone admitiu que a compensação que deveria ser dada à Petrobras (pelos benefícios que já realizou nos campos da cessão onerosa) pode ter afastado as petroleiras do leilão.

Tanto Oddone quanto o secretário especial de Fazenda do Ministério da Economia, Waldery Rodrigues, tentaram colocar panos quentes e diminuir a percepção de que o leilão não teve sucesso. Oddone afirmou que as áreas devem gerar royalties entre R$ 40 bilhões e R$ 80 bilhões. O governo também afirmou que, com os recursos, a União poderá descontingenciar recursos que estão hoje bloqueados no Orçamento.

Com a frustração, a notícia da aprovação, pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, da proposta que permite a inclusão de Estados e municípios na reforma da Previdência, chamada de PEC paralela, não conseguiu animar os investidores. O texto deve ser votado em primeiro turno ainda nesta quarta no plenário.

Ibovespa

O cenário mais volátil predominou na sessão de negócios desta quarta-feira, em especial entre os principais ativos da carteira teórica do índice Bovespa por conta do sentimento de frustração dos investidores com o leilão do excedente da cessão onerosa. Mas, para analistas, o desfecho do pregão desta quarta-feira não muda a tendência positiva para a bolsa em uma conjuntura melhor das variáveis econômicas, como juros em queda, melhora das condições de crédito e retomada, mesmo que lenta, da economia.

O índice à vista variou mais de dois mil pontos na parte da manhã para depois seguir em queda e ir em direção ao piso dos 108 mil já quase eliminando os ganhos na semana. De acordo com analistas, pesou sobre o comportamento dos ativos o exterior com notícias de que a assinatura do acordo entre Estados Unidos e China pode ser adiada para dezembro.

A análise negativa para o resultado do certame se sobrepôs, inclusive, à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) paralela, que envolve Estados e municípios na reforma da Previdência. O texto foi aprovado com folga na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado com rejeição de tentativas de alteração pedidas pela oposição.

Até o momento do fechamento deste texto, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), dizia que o plenário da Casa poderia fazer a votação em primeiro turno ainda nesta quarta.

Régis Chinchila, analista Terra Investimentos, afirma que, em um ambiente pós-aprovação da reforma da Previdência, o leilão da cessão onerosa era um marco que serviria como termômetro da atratividade do Brasil ao capital estrangeiro.

Do ponto de vista corporativo, o resultado do leilão foi bom para a Petrobras, que acabou ficando com um campo de petróleo que seria vendido para algum concorrente. Mas, por outro lado, o governo acaba perdendo receita e isso pesa pelo lado fiscal. De fato, as expectativas dos recursos que seriam repartidos entre os governos estaduais caíram à metade com o resultado desta quarta.

O Ibovespa encerrou em baixa de 0,33%, aos 108.360,22 pontos. As ações da Petrobras fecharam com sinais mistos, sendo que as preferenciais tiveram alta de 0,20% e as ordinárias, baixa de 0,43%. Vale ON recuou 0,36%. Itaú Unibanco PN e as Units do Santander, que na sessão da véspera tiveram altas expressivas, recuaram 1,35% e 1,42%, respectivamente.

Na contramão das blue chips, as ações do setor de varejo se destacaram em alta com expectativas de melhoras nas condições de crédito. Nesta terça o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que o crédito livre tem crescido a um ritmo bastante desejável, mas admitiu que ainda há um sentido - compartilhado pela autoridade monetária - de que os juros cobrados dos tomadores deveriam estar caindo mais rapidamente. Ele disse também que, com a consolidação do cenário benigno de inflação, deve haver novo corte de juros.

Taxas de juros

A curva de juros voltou a ganhar inclinação nesta quarta-feira, com as taxas de médio e longo prazos em alta e as curtas oscilando entre a estabilidade e viés de baixa. No fechamento, as curtas estavam nos ajustes de terça e as demais avançavam cerca de 10 pontos-base. A frustração com o resultado do leilão do óleo excedente da cessão onerosa de quatro campos do pré-sal foi estopim para a incorporação de prêmios na maioria das taxas, tanto pela pressão produzida no câmbio quanto pela piora da percepção de risco fiscal em função da arrecadação abaixo da esperada.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,490% tanto a etapa estendida quanto a regular, de 4,489% terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 subiu de 5,471% para 5,57% na regular, mas voltou a 5,54% na estendida. O DI para janeiro de 2025 fechou com taxas de 6,12% (estendida) e 6,14% (regular), de 6,021%, e a do DI para janeiro de 2027 avançou de 6,341% para 6,47% (regular) e 6,44% (estendida).

Um dos eventos mais esperados dos últimos tempos, o leilão tinha arrecadação estimada em R$ 106 bilhões e expectativa de grande participação de empresas estrangeiras. Porém, dos quatro campos, apenas dois foram vendidos, Búzios e Itapu - Atapu e Sépia não tiveram lances. A Petrobras, com a ajuda das chinesas CNOOC e CNODC, foi a única a apresentar ofertas. Ao todo, a estatal e as sócias pagaram 66% dos R$ 106 bilhões de bônus de assinatura que seriam cobrados dos vencedores - R$ 69,96 bilhões.

Desse valor, R$ 34 bilhões serão pagos à Petrobras e R$ 11,7 bilhões para Estados e municípios. Restaram R$ 23,5 bilhões para a União.

Se todos os campos fossem vendidos, a União ficaria com R$ 49 bilhões dos R$ 106 bilhões estimados. Ainda, os cerca de R$ 11,7 bilhões que Estados e municípios vão receber representam cerca de R$ 12 bilhões a menos do que esperavam. A expectativa inicial era maior: R$ 23,747 bilhões. Os cálculos foram feitos pelo Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

"Houve frustração do ponto de vista fiscal com os cerca de R$ 70 bi. Outro componente de pressão na ponta longa foi quem arrematou: a Petrobras. Havia expectativa de que entraria dinheiro estrangeiro que pressionaria dólar para baixo, o que não aconteceu", disse o estrategista de Mercados da Harrison Investimentos, Renan Sujii. O dólar subiu mais de 2% e voltou a R$ 4,08.


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