Dólar tem maior queda semanal desde janeiro

Dólar tem maior queda semanal desde janeiro

Moeda americana teve o terceiro dia seguido de queda, fechando o dia em R$ 4,05

AE

Após manhã de instabilidade, B3 encerrou em alta de 1,02%

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O dólar teve o terceiro dia seguido de queda, acumulando desvalorização de 2,4% na semana. Foi a maior perda desde a semana final de janeiro, quando a divisa recuou 2,8%. O enfraquecimento da moeda americana no exterior e a perspectiva de entrada expressiva de recursos no Brasil fizeram a divisa baixar do nível de R$ 4,15, na segunda-feira, para R$ 4,05 nesta sexta-feira. No mercado à vista, o dólar terminou a sexta-feira em R$ 4,0563 (-0,80%), o menor nível desde 21 de agosto.

Após meses de perdas de recursos externos, os bancos de investimento trabalham com a possibilidade de entrada expressiva de capital este mês, com ofertas de ações, e em novembro, com o leilão da cessão onerosa. Só em operações na B3, reportagem do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, estima potencial de R$ 20 bilhões em outubro, das quais a maior é da venda de papéis do Banco do Brasil, que deve ficar em R$ 5,7 bilhões. Há ainda operações da joalherias Vivara, da varejista C&A e do Banco BMG, este último podendo captar R$ 2,1 bilhões. Além das ações, em novembro, o leilão do excedente da cessão onerosa deve movimentar R$ 106 bilhões. Com a expectativa dos ingressos de recursos, os agentes não compraram dólares à vista na oferta feita nesta sexta pelo Banco Central.

Para o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, não havia motivos para o dólar estar perto de R$ 4,20 e, mesmo assim, a moeda estava demorando a ceder. Mas com a queda da divisa americana no exterior, a possibilidade de entrada de recursos e o noticiário mais positivo após a aprovação da Previdência no primeiro turno do Senado, investidores começaram a desmontar posições defensivas.

Na semana que vem, um evento que tem o potencial para provocar novas quedas do dólar é a reunião bilateral entre China e Estados Unidos em Washington, dias 10 e 11, para discutir um acordo comercial. "Após uma pausa de mais de dois meses, representantes chineses a americanos retornam à mesa de negociação. Dedos cruzados", afirmam os estrategistas do grupo financeiro holandês ING. Eles observam que riscos relacionados à questão comercial permanecem um catalisador essencial para as moedas da América Latina.

"O real tem se beneficiado nos últimos dias da fraqueza do dólar", afirma o economista-chefe do ING para a América Latina, Gustavo Rangel, em relatório. A previsão do banco é para o dólar em R$ 3,90 em 12 meses. Mas passadas as operações previstas para as próximas semanas, para o Brasil atrair mais capital de fora, será preciso a economia crescer de forma mais consistente, ressalta o banco.

Nesta sexta, também contribuiu para a queda do dólar a divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos, com dados de setembro. O documento veio com números mistos, mas reforçou a visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) vai cortar os juros este mês, o que enfraqueceu o dólar ante moedas emergentes. A taxa de desemprego caiu para o menor nível em 50 anos, mas a criação de postos de trabalho decepcionou. Em discurso nesta tarde, o presidente do Fed, Jerome Powell afirmou que a economia americana está "em um bom lugar", mas ponderou que a tarefa do BC é mantê-la "crescendo o máximo de tempo possível".

Bovespa

Após uma manhã de instabilidade, o Ibovespa pegou carona na aceleração dos ganhos das bolsas americanas ao longo da tarde e conseguiu emendar o segundo dia consecutivo de valorização. Com renovação de sucessivas máximas na última hora de negócios nesta sexta-feira, o principal índice da B3 encerrou a sessão desta sexta-feira em alta de 1,02%, aos 102.551,32 pontos. A despeito da recuperação de quinta e desta sexta, o Ibovespa amargou desvalorização de 2,40% na primeira semana de outubro.

No exterior, os índices em Wall Street renovaram máximas ao longo da tarde, com altas superiores a 1%, em meio à expectativa de que o Federal Reserve adote mais estímulos monetários. Em evento nesta tarde, o presidente do BC americano, Jerome Powell, afirmou que a economia americana está em um "bom lugar" e que a tarefa da autoridade monetária é mantê-la "crescendo o máximo de tempo possível".

Mais cedo, o relatório de emprego dos Estados Unidos, o chamado 'payroll', mostrou que foram geradas 136 mil vagas em setembro, abaixo da mediana das estimativas, de 150 mil. A taxa de desemprego, contudo, caiu para 3,5%, o menor nível desde dezembro de 1969. Os números do mercado de trabalho desautorizaram a avaliação de que a economia americana caminha fatalmente para a recessão, como poderiam sugerir dados da indústria e serviços divulgados nos últimos dias.

"Com esse número do mercado de trabalho, o Fed poderia ter um tom mais neutro. Mas Powell fez um discurso que animou as bolsas em Nova York", afirma um experiente gestor de recursos, que prefere não ter seu nome citado.

Para o gerente da mesa de renda variável da corretora H. Commcor, Ariovaldo Ferreira, o comportamento do Ibovespa não representa uma tendência firme de valorização.

Trata-se mais de uma recuperação parcial das perdas nos primeiro três pregões da semana. "A alta mais forte de NY ajudou o Ibovespa e fez muita gente correr para zerar posição vendida", diz.

Ferreira ressalta que não há notícias positivas no front interno para dar impulso aos negócios. Investidores ainda seguem ressabiados com o possível atraso da votação da reforma da Previdência em segundo turno no Senado e o impasse em torno da divisão dos recursos do leilão do pré-sal entre Estados e municípios.

O mercado acionário local foi sustentado nesta sexta-feira por ganhos de 2,53% das ações ON da Vale, além da alta firme das siderúrgicas, na esteira da assinatura, quinta à noite, do acordo comercial para o setor automotivo entre Brasil e Argentina. Ações de consumo e varejo também contribuíram para a valorização do índice, sobretudo o papel da PN da Ambev, com alta de 3,39%. Outras empresas do setor também tiveram ganhos expressivos, caso da Raia Drogasil (+6,22%) e do ON do Magazine Luiza (+3,97%).

O desempenho do Ibovespa poderia ser ainda melhor não fossem as perdas das ações da Petrobras (PN -0,86% e ON, -0,93%), mesmo diante da valorização do petróleo no mercado internacional. Entre as razões para o tombo da Petrobras, segundo analistas, estaria a ação popular de funcionários da empresa pedindo que a petroleira cubra rombo de quase R$ 3 bilhões em seu fundo de pensão, o Petros.

Taxas de juros 

A primeira semana de outubro terminou com otimismo nos mercados em relação a uma atuação firme dos bancos centrais, em especial o Federal Reserve, na política monetária para se contrapor ao risco de desaceleração econômica reforçado por dados fracos de atividade nos Estados Unidos nos últimos dias. Na curva de juros doméstica, essa percepção deu ainda mais conforto para apostas na Selic abaixo de 5% no fim do ciclo de afrouxamento monetário e as taxas terminaram a semana com alívio nos prêmios.

Nesta sexta-feira, o ritmo de queda foi mais limitado ante o de quinta, com as taxas encerrando perto dos ajustes anteriores.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 fechou em 4,86%, de 4,878% no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 fechou em 5,97%, de 5,981%. A do DI para janeiro de 2025 recuou de 6,611% para 6,58%.

Na semana, as principais taxas renovaram mínimas históricas e terminaram com alívio em torno de 10 pontos-base, assegurado, em boa medida, pela apreciação do câmbio. O dólar recuou 2,4% nesta semana, encerrando em R$ 4,0563, menor valor desde 21 de agosto. "Quem tinha o dólar como variável que pudesse limitar a queda da Selic tem esse risco agora mitigado", afirmou Rogério Braga, diretor de Gestão de Renda Fixa e Multimercados da Quantitas Asset. Com a moeda de volta a este patamar - fechou em R$ 4,0563 -, não por acaso, precificação para a Selic no fim de 2019 está "no meio do caminho", segundo Braga, entre 4,75% e 4,50%.

Esse contexto acabou prevalecendo nos últimos dias à piora da percepção de risco do cenário político e fiscal trazida pela tumultuada aprovação da reforma da Previdência no primeiro turno no Senado.

Nesta sexta-feira, foi o cenário externo que deu o tom, diante da agenda interna esvaziada. Os fracos dados do ISM na semana ampliaram a expectativa para o relatório de emprego nos Estados Unidos de setembro, mas o documento não autorizou aumento do pessimismo sobre a economia. O ajuste também foi endossado pelas declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, esta tarde. "Ele não demonstrou preocupação com a economia mesmo após os dados. Em certa medida, não embarcou na apreensão que o mercado vinha adquirindo", disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.


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