Dólar termina dia a R$ 4,10 com noticiário externo mais positivo

Dólar termina dia a R$ 4,10 com noticiário externo mais positivo

Moeda chegou a encostar em R$ 4,16, mas terminou quarta-feira em queda de 1,76%

AE

Ibovespa fecha acima dos 101 mil pontos

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A onda de apetite ao risco no exterior e a alta firme das ações da Petrobras, em meio ao avanço das cotações do petróleo e a aprovação da cessão onerosa, levaram o Ibovespa a se recompor das perdas de terça-feira e superar novamente o patamar dos 101 mil pontos. Com uma arrancada das ações da Vale na reta final do pregão, o principal índice da B3 encerrou a sessão desta quarta-feira aos 101.200,89 pontos, na máxima, com alta de 1,52%.

Segundo operadores, o principal condutor dos negócios na sessão foi o ambiente externo. Bolsas americanas e moedas emergentes ganharam terreno em meio a trinca formada por dados positivos da economia da China, aprovação de uma lei no parlamento britânico que impede um Brexit sem acordo e arrefecimento dos atritos entre Hong Kong e o governo chinês. Trata-se de um conjunto de notícias que reduz pontualmente os temores de uma desaceleração mais aguda da economia mundial, abalada pela perda de fôlego da atividade nos Estados Unidos.

Discursos de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ao longo do dia deixaram a porta aberta para nova redução dos juros por lá, o que tende a aumentar a liquidez e ampliar o apetite por ativos de risco. Isso, ressalta-se, caso o afrouxamento monetário ocorra em um quadro de desaceleração moderada da economia americana. Uma contração severa da atividade americana ensejaria aversão ao risco e um movimento de correção nas bolsas em Nova York.

O gestor de renda variável Rafael Weber, da gestora de recursos gaúcha RJI, ressalta que os indicadores nos EUA não respaldam um cenário catastrófico de recessão aguda, a despeito da guerra comercial. "Temos um cenário-base de mais corte de juros nos Estados Unidos, apesar dos ruídos provocados pela comunicação de Powell (Jerome Powell, presidente do Fed)", diz Weber, ressaltando que realizações de lucros pontuais nas bolsas americanas não podem ser descartadas. "Mas não vemos um cenário de queda mais forte que possa contaminar os mercados ao redor do mundo."

Investidores também monitoraram os trabalhos da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, que aprovou no fim da tarde o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) para a reforma da previdência. Weber, da RI Gestora, ressalta que, a despeito do crescimento ainda modesto do PIB, o avanço das reformas sugere que uma melhora gradual e contínua da atividade, o que dá sustentação a previsões de uma alta do Ibovespa para a casa dos 110 mil pontos até o fim deste ano. "Depois da aprovação da Previdência, vem a reforma tributária e a administrativa. Estamos fazendo a lição de casa e podemos crescer na faixa de 2% no ano que vem", afirma Weber.

No âmbito corporativo, papéis da Vale e, sobretudo da Petrobras, foram os destaques entre as blue chips. A petroleira foi beneficiada pela alta de mais de 4% dos contratos futuros de petróleo e, no âmbito doméstico, pela aprovação, terça à noite, no Senado da PEC da cessão onerosa. O texto prevê bônus de assinatura de R$ 106,561 bilhões, dos quais R$ 33,6 bilhões vão reforçar o caixa da petrolífera. O papel PN fechou em alta de 2,58%, e o ON, de 2,53%.

Dólar

O dólar fechou nesta quarta-feira em queda de 1,76%, o maior recuo diário desde 8 de outubro do ano passado (-2,40%), terminando a quarta-feira em R$ 4,1053. O noticiário externo mais positivo, tanto na China como no processo de saída do Reino Unido da União Europeia, estimulou a procura por ativos de risco, o que acabou enfraquecendo o dólar e favorecendo as moedas de emergentes. O real foi uma das que mais se valorizaram, perdendo apenas para o rand, da África do Sul. A votação da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça do Senado também foi bem vista pelas mesas de câmbio.

Na máxima, a moeda chegou a encostar em R$ 4,16, mas ampliou o ritmo de queda na parte da tarde e, na mínima, baixou a R$ 4,09.

O dólar caiu de forma generalizada, tanto ante divisas de emergentes como de países desenvolvidos. O índice DXY, que mede o comportamento da moeda americana ante uma cesta de divisas principais, como a libra e o iene, teve uma das maiores quedas das últimas semanas, de 0,54%. A libra subiu mais de 1% ante o dólar, com o aumento da percepção de que o Brexit não vai ocorrer sem acordo.

Na China, avanço de indicadores da atividade, incluindo um número do setor de serviços mais forte que o previsto, aliviou temores de piora da economia. Ainda na Ásia, a decisão de Hong Kong de retirar a polêmica lei de extradições, que foi estopim dos protestos nos últimos meses, também ajudou a trazer alívio aos mercados internacionais.

"Depois de uma sequência de altas do dólar, o dia foi de alívio para moedas de emergentes, influenciado por dados positivos da China", afirma o gerente de tesouraria do Travelex Bank, Felipe Pellegrini, que também mencionou a ajuda de discursos de dirigentes do Federal Reserve, que corroboram a percepção de cortes de juros pela frente. Apesar da trégua, para o executivo, neste momento é difícil o dólar cair abaixo de R$ 4,00. Só notícias domésticas positivas sobre o crescimento da economia ou da agenda do governo ajudariam a valorizar mais o real.

Os economistas do Bradesco calculam que, pelo "valor justo", o câmbio deveria estar atualmente mais próximo de R$ 3,80. O banco observa ainda que os indicadores externos da economia, como o déficit em conta corrente e as reservas não são compatíveis com uma grande depreciação da moeda brasileira, principalmente para níveis acima de R$ 4,00. Mas a tendência é que o real continue com "maior sensibilidade ao cenário externo em relação aos pares", ressalta relatório nesta quarta-feira. "Se houver alguma normalização do ambiente externo, a moeda pode apreciar mais do que os pares", avalia o Bradesco.

Taxas de juros 

Os juros futuros engataram nesta quarta-feira a segunda sessão seguida de queda, influenciados pelo bom desempenho das moedas de economias emergentes em meio à melhora no apetite pelo risco no exterior. A trajetória descendente das taxas já era vista pela manhã e ganhou força à tarde, quando chegaram às mínimas no momento em que aqui o dólar recuava abaixo dos R$ 4,10 nas mínimas intraday. Apesar da permanência das incertezas com a guerra comercial entre a China e os Estados Unidos, a quarta-feira teve um pacote de notícias a encorajar o investidor. Com o alívio nos prêmios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2025 voltou a fechar abaixo de 7% pela primeira vez em dez dias.

A do DI para janeiro de 2021 fechou a sessão regular em 5,42%, de 5,499% na terça no ajuste, e a do DI para janeiro de 2023 em 6,46%, de 6,561%. O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 6,99%, de 7,091% no ajuste. A última vez em que a taxa deste contrato havia encerrado abaixo de 7% foi em 23 de agosto (6,94%).

O dia começou com PMIs benignos na China e a informação de que o governo de Hong Kong retirou a lei de extradição, que causava os protestos no país nas últimas semanas. À tarde, vários diretores do Federal Reserve deram declarações indicando que o processo de suavização monetária nos Estados Unidos pode ser um pouco mais agressivo. Ainda, o parlamento britânico aprovou lei que impede um Brexit sem acordo.

O recuo é visto sem muita empolgação pelos profissionais nas mesas, ainda que mantidas as condições para um desaperto monetário. "O mercado vem de um período de bastante estresse, então é natural que num dia com noticias positivas haja esse ajuste, mas o clima deve seguir mais deteriorado. Os ruídos externos vão continuar pesando, em função da guerra comercial e desaceleração global", afirmou o estrategista-chefe da CA Indosuez Brasil, Vladimir Caramaschi. "Ok, o quadro global deve fazer com que os bancos centrais reduzam juros e isso achata as curvas, mas o papo de recessão também traz junto aversão ao risco", completou.

Mesmo o que ocorreu no Reino Unido tem de ser visto com cautela, na medida em que nos últimos meses a ex-primeira-ministra britânica Theresa May tentou sem sucesso um acordo para a saída da União Europeia.

No Brasil, a boa notícia é que o relatório do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), sobre a reforma da Previdência, foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, por 18 a 7. Por outro lado, o secretário especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho, calculou em R$ 63 bilhões o nível de desidratação da reforma após o relatório. Com isso, o potencial de economia cairia de R$ 933,5 bilhões, do texto aprovado na Câmara, para R$ 870,5 bilhões em uma década.


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