Dólar vai a R$ 3,77 e Ibovespa fecha em queda de 0,24%

Dólar vai a R$ 3,77 e Ibovespa fecha em queda de 0,24%

Real foi moeda que mais perdeu valor perante dólar entre 34 divisas

AE

Ibovespa fechou dia com 103.704 pontos

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O mercado de ações teve uma sessão de negócios morna, com liquidez reduzida e oscilações contidas. Sem notícias de grande relevância e ainda à espera de eventos futuros, o Índice Bovespa terminou o dia com baixa de 0,24%, aos 103.704,28 pontos. A queda foi na contramão das bolsas de Nova York, que se animaram na expectativa de entendimento nas relações comerciais entre Estados Unidos e China. Os negócios somaram R$ 14,2 bilhões.

Durante o pregão, o Ibovespa oscilou em um intervalo não muito extenso, de 911 pontos. Pela manhã, chegou à máxima de 104.429,57 pontos (+0,46%), mas não teve fôlego para sustentar esse patamar. No cenário econômico, o destaque ficou por conta do resultado do IPCA de julho, de 0,09%, que ficou abaixo da mediana das expectativas colhidas pelo Projeções Broadcast e incentivou apostas em um corte de 0,5 ponto porcentual na taxa Selic já neste mês. A notícia, que em tese favorece o investimento em renda variável, teve efeito limitado e pontual nos preços das ações.

Para Pedro Coelho Afonso, economista da PCA Capital, as sucessivas saídas de recursos externos da Bolsa em julho dificultam o avanço do Ibovespa, uma vez que, em sua avaliação, o investidor local não tem mais força para levar o índice adiante. Segundo ele, o investidor estrangeiro mostra resistência ao mercado brasileiro porque as incertezas com o País seguem relevantes.

"Mercado financeiro e incerteza não combinam. O investidor vê a reforma da Previdência avançar, mas sabe que não é só isso. Além do avanço de outras questões fiscais, ele quer ver segurança jurídica e política e os dois aspectos mostram problemas. O cenário político vem gradativamente se deteriorando com questões como a indicação do filho do presidente para a embaixada nos Estados Unidos", diz o economista.

Na análise por grupo de ações, as maiores baixas ficaram com o Índice de Materiais Básicos (IMAT), que caiu 0,93%, e o Índice de Consumo (ICON), que perdeu 0,37%. No caso do primeiro, pesou a perda de 1,32% das ações da Vale e de siderúrgicas, acompanhando nova queda nos preços do minério de ferro no mercado chinês.

No caso do índice de consumo, as baixas foram atribuídas a uma correção após a sinalização de que os saques do FGTS a serem liberados pelo governo serão limitados a R$ 500. Na ponta contrária, papéis do setor imobiliário avançaram, após pressão para restringir os saques do Fundo e evitar comprometimento do uso dos recursos para o financiamento da casa própria. Cyrela ON subiu 2,34% e Tenda ON avançou 2,01%.

Dólar

O real foi a moeda que mais perdeu valor nesta terça-feira perante o dólar entre 34 divisas, em dia que a moeda dos Estados Unidos ganhou força no mercado global e operadores relataram saídas de capital externo do Brasil. A moeda americana subiu ante divisas de países fortes e emergentes após Washington fechar acordo para suspender o teto da dívida americana até 2021 e autoridades sinalizarem avanço das conversas comerciais entre a China e os Estados Unidos. O dólar à vista fechou em alta de 0,92%, a R$ 3,7728, nível mais alto desde o último dia 9.

Com a agenda local novamente fraca e as mesas de câmbio aguardando os eventos dos próximos dias, que inclui o anúncio de medidas de estímulo do governo para a economia e a reunião de política monetária do Banco Central Europeu, foi o mercado internacional que guiou as cotações do dólar aqui. A moeda americana chegou a operar em R$ 3,74 na mínima do dia, pela manhã, mas um movimento de saída de recursos acelerou a compra de dólares e levou a moeda para as máximas, em R$ 3,7763.

"Sem o político, o mercado está se guiando pelo exterior", ressalta o gerente da mesa de câmbio da corretora Tullet Prebon, Italo Abucater. "Com o recesso no Congresso, perdemos também o volume de negócios", acrescenta. Hoje, a liquidez aumentou um pouco, mas ainda ficou abaixo da média de pregões normais. No mercado futuro, o giro estava em US$ 15 bilhões até às 17h15, ante US$ 18 bilhões da média. A expectativa é que o volume volte a crescer na semana que vem, quando vencem os contratos futuros de dólar de agosto e é definido o referencial Ptax do mês. No mercado à vista, o giro foi de somente US$ 712 milhões.

No mercado doméstico, a inflação fraca do mês, medida pelo IPCA-15 divulgado hoje, e que veio abaixo do esperado, também acabou influenciando as mesas de operação de câmbio. Ao reforçar a aposta de corte mais forte de juros, a avaliação dos operadores é que o real pode ser tornar uma moeda ainda menos usada para o chamado "carry trade" (tomar dinheiro em país de juro baixo e aplicar em país de juros alto). "O BC vai cortar os juros em 0,50 pontos", prevê o economista para América Latina da Pantheon Macroeconomics, Andres Abadia, ao comentar os dados do IPCA-15.

O Bank of America Merrill Lynch revisou as projeções para o câmbio e espera que o dólar fique agora em R$ 3,70 no final deste ano, se mantendo neste nível em 2020. Antes, o banco esperava a moeda americana em R$ 3,80 e 3,90 para este ano e no próximo. Menos incerteza sobre o cenário doméstico, bancos centrais cortando juros na economia mundial e a expectativa de várias ofertas de ações no Brasil devem elevar a entrada de dólares no país, fortalecendo o real. Já a aprovação da reforma da Previdência está precificada nas cotações. Para o real se valorizar mais, é preciso progresso em outras frentes, destaca o banco em relatório nesta terça-feira.

Juros

O mercado de juros futuros se apoiou no IPCA-15 de julho abaixo da mediana das expectativas para ampliar as apostas de que Copom inicie o ciclo de afrouxamento monetário com uma redução da taxa Selic em 0,50 ponto porcentual no fim do mês (dias 30 e 31). Também contribuiu para a maré a favor de um corte inaugural mais forte a possibilidade de o governo limitar os saques do FGTS neste ano a R$ 500, o que não traria impactos relevantes no consumo das famílias e, por tabela, na trajetória dos índices de preços.

Além disso, o mercado monitora ainda as mudanças no mercado de gás, que pode reduzir os preços de energia e contribuir para manter a inflação abaixo da meta.

Cálculos da gestora Quantitas mostram que, de acordo com as taxas futuras, as chances de corte de 0,50 ponto subiram de 57% ontem para 67% nesta terça-feira. No fim da semana passada, estavam em 46%. Também houve alteração da estimativa para o ciclo total de afrouxamento monetário, de cerca de 1 ponto porcentual no dia 19 para 1,25 ponto hoje. A queda das taxas futuras na sessão desta terça-feira se deu em um ambiente de boa liquidez, o que, segundo operadores, mostra um realinhamento significante das expectativas para a política monetária.

Entre os contratos mais curtos, o DI para janeiro de 2020 - mais ligado ao rumo da Selic até o fim do ano - fechou a 5,60%, ante 5,64% ontem. Na parte intermediária da curva, o DI para janeiro de 2021 caiu de 5,48% para 5,42%, em um pregão de 356,7 mil contratos negociados, bem superior ao observado ontem (132 mil) e à média da semana passada (204 mil). O DI para janeiro de 2023 encerrou o dia a 6,31%, ante 6,36%. Na parte longa da curva, o contrato com vencimento em janeiro de 2025 desceu de 6,94% para 6,87%.

A redução dos prêmios começou já pela manhã com a divulgação do IPCA-15 de julho. Depois de alta de 0,06% em junho, o índice subiu 0,09% em julho, abaixo da mediana (0,13%) das expectativas dos analistas do mercado financeiro consultados pelo Projeções Broadcast. Nos 12 meses encerrados em julho, o indicador ficou em 3,27% - também abaixo da mediana de 3,31%.

Para o economista Victor Candido, sócio da Journey Capital, a despeito do nível elevado da ociosidade da economia e da boa ancoragem das expectativas inflacionárias, os investidores "estão indo longe demais" ao apostar que o Banco Central possa iniciar o processo de redução da Selic com um corte de 0,50 ponto. "É fato que existe espaço para reduzir juros faz algum tempo. Mas o mercado parece que não leu as últimas atas do Banco Central. Um corte de 0,50 não estaria em linha com a comunicação recente do BC", diz Candido, ressaltando que, pelas últimos documentos da autoridade monetária, até a manutenção da Selic em 6,50% na reunião deste mês não seria surpresa.


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