Dólar volta a cair e fecha em R$ 5,27 nesta quinta-feira

Dólar volta a cair e fecha em R$ 5,27 nesta quinta-feira

Bolsa vira no fim e fecha em leve alta de 0,05%, aos 122.700,79 pontos

AE

Dólar fechou a R$ 5,62

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O Ibovespa emendava a segunda sessão em sinal negativo, vindo de quatro ganhos que o haviam reaproximado dos 123 mil pontos, marca tocada nas três sessões anteriores, no intradia, pela primeira vez desde meados de janeiro. Nesta quinta-feira, 20, o índice da B3 virou nos ajustes finais e fechou bem perto da estabilidade (+0,05%), a 122.700,79 pontos, após discreta perda de 0,28% ontem, quando prevaleceram temores sobre ajuste na orientação da política monetária dos Estados Unidos, na ata do Federal Reserve. Nesta quinta-feira, os juros longos americanos se acomodaram em níveis mais baixos, assim como o dólar à vista, a R$ 5,27 no fechamento, tendo chegado a R$ 5,32 na máxima de ontem - hoje, não foi além de R$ 5,3066 na sessão.

Em Nova York, o dia também foi de recuperação, com destaque para o Nasdaq (+1,77%). Aqui, os ganhos abaixo de 1% para o setor de bancos (à exceção de Santander, -0,51%) foram contrabalançados por novo dia negativo para as commodities e mineração, entre as quais Petrobras ON (-1,37%), Vale ON (-1,02%) e Gerdau PN (-3,30%). Na ponta positiva do Ibovespa, BRF (+5,18%), Locamérica (+5,12%) e Localiza (+4,53%). No lado oposto, Suzano cedeu 4,19% e Yduqs, 3,06%, com Gerdau PN entre as duas. O giro financeiro da B3 foi de R$ 33,3 bilhões nesta quinta-feira, entre mínima de 122.136,16 e máxima de 122.733,95 pontos na sessão.

Faltando pouco mais de uma semana para o encerramento do mês, o Ibovespa acumula ganho de 3,20% em maio - na semana, avança até aqui 0,67% e, no ano, 3,09%. O índice da B3 manteve-se sem quebra na faixa de 122 mil pontos nos últimos quatro fechamentos, tendo ficado bem perto dos 123 mil no de anteontem, quando foi a 122.979,96 pontos, o melhor nível de encerramento desde 14 de janeiro (123.480,52 pontos). Após a recuperação de 6% em março e de 1,94% em abril, o índice da B3 segue a caminho do terceiro ganho mensal consecutivo.

"Houve uma descompressão nos preços dos ativos brasileiros desde fevereiro, quando estávamos entre os patinhos feios, em Bolsa e no câmbio. Em maio, estamos no Top 10 global, e com fundamentos muito bons: 77% das empresas que reportaram resultados do primeiro trimestre vieram em linha ou acima do esperado. As empresas estão conseguindo entregar resultados e o Brasil está sendo negociado a 10 vezes, contra 12,5 vezes da média histórica (para a razão preço/lucro). Houve avanço nos últimos 30 dias muito por conta do câmbio", diz Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head de research da XP, casa que projeta o Ibovespa a 145 mil pontos no fim de 2021.

"O Brasil ainda está muito barato, a expectativa é de lucro para o Ibovespa em 12 mil pontos, contra 4 mil do ano passado - e também bem acima do de 2019, então na faixa de 5,5 mil a 6 mil pontos. O índice brasileiro tem grande exposição, de 35% a 36%, em commodities, e o mercado segue comprador, com o avanço dos preços dos insumos", acrescenta

Por outro lado, ele considera que o dinamismo da recuperação, mais contido nas últimas sessões, decorre do pico observado nos preços de commodities, como o minério de ferro, e o que poderá ocorrer se este ciclo virar. Ainda assim, Ferreira chama atenção para os preços das ações de Vale embutirem cotação do minério a US$ 120-130 por tonelada, bem abaixo do nível superior a US$ 200 observado na China - nesta quinta-feira, a tonelada fechou em queda de 1,99%, a US$ 211,85, no porto de Qingdao.

Além disso, o estrategista destaca que a aproximação do momento de iniciar a discussão sobre a retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos, sinalizada ontem de forma ainda muito cautelosa na ata do Federal Reserve, tem potencial para trazer volatilidade ao mercado à medida que avançar. Em Brasília, embora ainda não tenha causado efeito sobre os preços dos ativos, a CPI da Covid no Senado está sendo monitorada com atenção pelo mercado, especialmente quanto a efeitos sobre as pautas de interesse no Congresso, acrescenta Ferreira.

Dólar

A influência externa predominou novamente no mercado local de câmbio e o dólar operou em queda ante o real em todo o pregão desta quinta-feira. Após subir forte ontem com a divulgação da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve, apontando para o começo do debate sobre reduzir as compras mensais de ativos, a moeda americana voltou a cair hoje mundialmente, retornando para as mínimas desde fevereiro ante divisas fortes, como o euro. Investidores internacionais comentam que a quinta-feira foi dia de corrigir excessos de ontem. Os juros longos americanos cederam e houve uma melhora geral dos ativos de risco, incluindo as moedas de emergentes e os criptoativos, que haviam desabado ontem.

No noticiário doméstico, operadores destacam que ajudou a retirar pressão do câmbio a aprovação da Medida Provisória (MP) da privatização da Eletrobras. Os números surpreendentes da arrecadação de abril, com o mês batendo recorde histórico e apontando para atividade mais aquecida, também foram bem recebidos. Já a CPI da covid ficou no radar das mesas, em novo dia do depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mas não afetou os preços do dólar hoje.

Após começar o dia novamente na casa dos R$ 5,30, o dólar fechou a quinta-feira em baixa de 0,73%, a R$ 5,2771, perto das mínimas do dia. No mercado futuro, o dólar para junho cedia 0,49% às 17h40, cotado em R$ 5,2890.

Há um ambiente no Brasil neste momento para "otimismo cauteloso", avalia o analista da consultoria inglesa TS Lombard, Wilson Ferrarezi. A atividade tem dado várias mostras de estar melhor do que inicialmente se esperava e os números hoje da arrecadação de abril reforçaram essa visão. "A perspectiva para as reformas melhorou", ressalta Ferrarezi em relatório, destacando que se estas medidas avançarem de fato neste ambiente de preços das commodities em alta, o Brasil pode entrar em um "ciclo virtuoso". Com isso, o real tende a se fortalecer.

"Achamos que a janela para a aprovação de algumas reformas é agora", ressalta Ferrarezi. Ele observa que o próprio Congresso está mostrando disposição em avançar com algumas medidas, incluindo a privatização da Eletrobras, aprovada ontem à noite na Câmara. A consultoria americana de risco político Eurasia vê chance de 65% de a MP avançar também no Senado.

No exterior, a ata do Fed ontem fez o dólar se recuperar das mínimas em três meses ante moedas como o euro e a libra e subir em todos os emergentes. "O Fed meramente pensando sobre quando considerar os planos de reduzir as compras de ativos foi uma sinalização sutil, mas notável, de mudança", avalia o analista de mercados sênior do Western Union, Joe Manimbo. Ele ressalta que em meio a recuperação hoje do apetite por risco, o dólar voltou a testar mínimas em meses ante moedas como euro e libra, refletindo também a queda dos juros longos dos EUA.

 


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