Dólar tem quarta alta consecutiva e supera R$ 5,70

Dólar tem quarta alta consecutiva e supera R$ 5,70

Em dia de Copom, Bolsa teve leve recuou e encerrou em baixa, aos 79.063 pontos

AE

Moeda norte-americana teve dia de fortalecimento geral no mercado mundial

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O dólar engatou a quarta alta consecutiva e superou os R$ 5,70. A moeda norte-americana teve dia de fortalecimento geral no mercado mundial, após nova rodada de indicadores ruins nos Estados Unidos, especialmente o relatório mostrando perda de 20 milhões de postos de trabalho em abril, o que estimula a fuga de ativos de risco.

Mas fatores domésticos também tiveram peso importante nesta quarta-feira ,6 , incluindo a redução da economia fiscal na Câmara do projeto de socorro para Estados, isso horas após de a agência de classificação de risco Fitch Ratings mudar a perspectiva do rating brasileiro para "negativa". Há ainda a expectativa pelo final da reunião de política monetária do Banco Central, com as mesas de câmbio não descartando, mesmo com a forte piora do real, a possibilidade de redução mais forte dos juros, de 0,75 ponto porcentual. No ano, o dólar já subiu 42%.

O dólar à vista fechou em alta de 1,97%, cotado em R$ 5,7024. No mercado futuro, o dólar para junho subia 2,3%, negociado em R$ 5,72 às 17h30. Nesta quarta-feira, as moedas emergentes perderam força de forma generalizada ante o dólar, mas o real foi novamente a com pior desempenho. Em outros mercados, a divisa dos EUA subiu 1,85% na Turquia, 1,51% no México e 1,19% na África do Sul.

"Apesar da crise política, o Banco Central vai cortar os juros hoje", avalia a analista de moedas do banco alemão Commerzbank, You-Na Park-Heger. Ela prevê que o BC pode ainda deixar "as portas abertas" para novos cortes na Selic, principalmente porque neste momento ainda não se consegue ter uma dimensão mais clara dos efeitos na economia do ambiente atual, marcado não só pela pandemia do coronavírus, mas por uma crise política.

Em evento hoje pela internet do BTG Pactual, o ex-diretor do BC, Luiz Fernando Figueiredo, sócio da Mauá Capital, afirmou que um corte de 0,75 hoje é o mais adequado, mas ele também cobrou ação mais forte do BC no câmbio. "O BC deveria cuidar para que real não fosse a mais 'feia' de todas as moedas", disse ele. Hoje, porém, assim como nos outros dias da semana, o BC não fez intervenção extraordinária no câmbio. Um diretor de tesouraria destaca que o mercado até "chamou o BC" para atuar, ao forçar a moeda a superar os R$ 5,70, mas sem sucesso.

"A sustentabilidade fiscal de longo prazo está em risco no Brasil", afirma o analista de mercado financeiro da Oanda em Nova York, Edward Moya, ao comentar em relatório o desempenho do mercado local. "A pandemia de coronavírus e a turbulência política esmagaram as perspectivas de crescimento", destaca Moya. O analista da Oanda avalia que o ambiente político pode não melhorar tão cedo, já que Bolsonaro e o Congresso não se entendem.

Ibovespa

Antes da aguardada decisão de política monetária do Copom, para a qual a expectativa majoritária do mercado era de corte de 0,50 ponto porcentual na Selic (o corte foi de 0,75 ponto porcentual, de 3,75% para 3,00% ao ano) o Ibovespa teve um dia de moderado ajuste negativo, não se distanciando demais da linha psicológica de 80 mil pontos, cedida na última segunda-feira. Assim, após o ganho de 0,75% ontem, o principal índice da B3 fechou nesta quarta-feira em baixa de 0,51%, aos 79.063,68 pontos, tendo acentuado um pouco mais as perdas perto do fim da sessão, quando Dow Jones e S&P 500 operavam nas mínimas do dia. Hoje, o Ibovespa oscilou entre mínima de 78.055,82 pontos e máxima de 79.996,04 pontos, com giro financeiro a R$ 21,7 bilhões na sessão. Na semana e no mês, acumula agora perda de 1,79%, enquanto cede 31,63% no ano.

Ainda pela manhã, o Ibovespa se ajustava à decisão de ontem à noite da Fitch, que alterou de estável para negativa a perspectiva do rating "BB-" do Brasil. Ao justificar a decisão, a agência de classificação de risco de crédito citou a volatilidade do ambiente político brasileiro e a deterioração do cenário econômico e fiscal do País. No exterior, o otimismo que prevalecia no dia anterior, com a reabertura gradual da economia na Europa, na China e em parte dos EUA, deu lugar a algum pessimismo nesta sessão, quando saiu o relatório não oficial, da ADP, sobre o mercado de trabalho americano em abril, com destruição de 20 milhões de vagas no setor privado, uma retração em nível sem precedentes, a qual já havia siso sinalizada pela evolução dos pedidos iniciais de auxílio-desemprego.

A retomada das fricções entre EUA e China, em torno da responsabilidade pela origem do novo coronavírus, é outro fator que continua a ser acompanhado de perto. De acordo com relato da Reuters, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que a China "pode ou não" manter o acordo comercial bilateral. A repórteres, Trump disse que será possível saber se os chineses estão ou não cumprindo suas obrigações na fase 1 do acordo comercial "em cerca de uma semana ou duas". A declaração contribuiu para que Wall Street se posicionasse nas mínimas do dia, perto do fim da sessão.

No Brasil, analistas têm apontado que a questão fiscal, especialmente a duração e a efetividade das medidas extraordinárias adotadas para enfrentar a pandemia e socorrer Estados e municípios, são motivo de atenção, especialmente em um contexto de enfraquecimento político do Executivo e de aproximação do governo ao Centrão, para assegurar apoio no Congresso. "Numa situação como essa, a preocupação é a de sempre na política brasileira: de que benefícios transitórios sejam transformados em distorções permanentes", diz uma fonte de mercado.

Por outro lado, ao menos em um primeiro momento, o depoimento do ex-ministro Sergio Moro, que começou a chegar ao conhecimento do mercado ainda na tarde de ontem, não produziu o efeito "bomba" que se chegou a temer. "O Moro não fez preço", observa Rafael Bevilacqua, estrategista-chefe da Levante. Dessa forma, com uma agenda relativamente esvaziada aqui e no exterior, os ganhos nas ações de varejo, como B2W (+19,13%) e Magazine Luiza (+9,86%), induzidos pelo desempenho do comércio eletrônico durante a quarentena, foram o contraponto ao ajuste negativo das ações de Petrobras (ON -3,91%, e PN -3,68%) e bancos (BB -2,91% e Bradesco ON -2,31%) durante o dia.

Em sessão marcada pela volatilidade, e após uma boa semana, em alta, os contratos futuros de petróleo fecharam em queda nesta quarta-feira, reagindo aos números nada animadores da economia americana, e que contribuíram para novo aumento nos estoques da commodity no país, um fator que tem preocupado o mercado global do insumo. Na semana até 1º de maio, os estoques de petróleo nos EUA cresceram o correspondente a 4,59 milhões de barris. Assim, o contrato do WTI para junho fechou hoje em queda de 2,32%, a US$ 23,99 o barril, em Nova York, e o Brent para julho registrou perda de 4,04%, a US$ 29,72 o barril, em Londres.

Juros

Movimentações no Congresso motivaram uma reversão na tendência vista pela manhã no mercado de juros e provocaram queda nos vencimentos intermediários e longos da curva. A aprovação na Câmara, em segundo turno, da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do Orçamento de Guerra, e, principalmente, a reinclusão de categorias no congelamento de salários como contrapartida do socorro a Estados e municípios deram alívio às taxas. Na parte curta da curva, porém, os investidores aguardam a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a Selic - a maioria das apostas (60%) era de redução de 0,50 ponto porcentual.

No fim da sessão regular, enquanto a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 subia a 2,745%, ante 2,710% ontem, os demais vencimentos estavam majoritariamente nas mínimas. O janeiro 2022 terminou com a mesma taxa da véspera - 3,530%. O janeiro 2023 recuava a 4,660%, ante 4,72%, e o janeiro 2027 caía a 7,350%, ante 7,450%.

A reversão no mercado veio a partir das 14h30 e ocorreu de forma gradual. A diminuição dos prêmios teve início nos contratos de 2027 adiante, chegando até os vencimentos intermediários. Operadores pontuaram que o mercado recebeu bem a aprovação do Orçamento de Guerra em segundo turno na Câmara.

O fato de a aprovação da PEC da Guerra vir um dia depois de a própria Câmara ter desfigurado o pacote de socorro a Estados e municípios foi lido de maneira otimista com a pauta legislativa - o temor era de uma nova mudança no texto que amplia o poder fogo do Banco Central durante a crise. "O mercado deu uma melhorada com a PEC da Guerra, saiu o mau humor da manhã", afirmou o gerente da mesa de juros de uma corretora.

Mas o alívio maior veio perto do leilão de fechamento. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), incluiu os professores e os policiais legislativos no grupo de servidores que não poderão ter reajustes até o fim de 2021 no projeto de socorro a Estados e municípios. Ainda que ele tenha poupado do congelamento militares das Forças Armadas, agentes da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal e outras categorias, o profissional acima comentou que aumenta a chance de previsibilidade nos gastos públicos, o que forneceu alívio adicional às taxas.

O diretor de gestão de renda fixa e multimercados da Quantitas Asset, Rogério Braga, lembrou, porém, que os operadores do mercado de juros ficaram a sessão à espera do Copom. "A questão do Orçamento de Guerra deu um impulso para a reversão do sentimento. Mas o mercado ficou em stand-by boa parte do dia", afirmou.

A aposta da Quantitas é de redução de 0,50 ponto porcentual, embora Braga pondere que o corte de 75 pontos-base ganhou probabilidade relevante.

Nas contas do economista-chefe do Haitong Banco de Investimento, Flavio Serrano, a curva de juros precificava ao fim da sessão regular 60% de chance de redução de 0,50 pp e 40%, de 0,75 pp.

Pesquisa do Projeções Broadcast com 58 instituições mostra que 48 delas apostam em baixa da Selic de 3,75% a 3,25% e 10 veem a taxa a 3,00%.


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