Em clima de expectativa, Ibovespa fecha em alta de 0,65% com ações de consumo

Em clima de expectativa, Ibovespa fecha em alta de 0,65% com ações de consumo

Índice Bovespa terminou dia com 103.482 pontos

AE

Dólar fechou com R$ 3,78

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O compasso de espera por uma série de fatores importantes retraiu o investidor e reduziu significativamente o volume de negócios com ações na B3 nesta segunda-feira. Decisões de política monetária no Brasil e no mundo, indicadores econômicos e resultados corporativos compõem o cenário de expectativas. Nesse ambiente, o Índice Bovespa oscilou em um intervalo estreito, com fôlego um pouco maior na última hora de negociação. Assim, terminou o pregão na máxima do dia, aos 103.482,63 pontos, em alta de 0,65%. Os negócios somaram R$ 12,1 bilhões, contra R$ 16,9 bilhões da média diária registrada pela Bolsa em julho.

O desempenho positivo do Ibovespa foi garantido em boa medida por ações dos setores de consumo, que também lideram os ganhos acumulados em julho. A alta dos preços do petróleo no mercado internacional impulsionou as ações da Petrobras, que deram contribuição importante para a alta do índice. Por outro lado, Vale e bancos tiveram desempenho pouco empolgante. Para Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da Nova Futura Corretora, esta é a semana mais pesada do ano, se consideradas as agendas do Brasil e do mundo. Em sua avaliação, a importância de cada um dos eventos aguardados será definida conforme os resultados ficarem dentro ou fora das estimativas do mercado.

"Por trás de um desempenho aparentemente fraco do Ibovespa hoje houve muitas oscilações importantes na Bolsa. Isso mostra que o investidor não está parado. O mercado está fazendo uma seleção bastante criteriosa das ações que têm potencial para subir", disse o economista.

Na análise por índices setoriais, os maiores avanços foram do Índice Imobiliário (IMOB), que subiu 1,80% e do Índice de Consumo (ICON), com alta de 1,40%. O índice financeiro (IFNC) teve ganho de 0,42%. Na contramão ficou o índice de materiais básicos (IMAT), que reúne ações como Vale, Braskem, Suzano e Klabin, com baixa de 0,27%.
Segundo Silveira, o bom desempenho de ações ligadas a consumo e imobiliário reflete as apostas do investidor em eventos dedicados ao aquecimento da economia. Entre eles está a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que na quarta-feira decide sobre a taxa Selic. No mercado futuro de juros, a aposta majoritária é de um corte de 0,5 ponto porcentual.

Para Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora, a decisão de política monetária do Federal Reserve é o evento com maior potencial para influenciar os negócios nesta semana. "As mudanças nos juros americanos têm poder de interferir nos fluxos de recursos em todo o mundo. E um corte mais forte pode impulsionar os mercados de ações de maneira geral", afirma.

Dólar

O dólar chegou a bater em R$ 3,80 hoje pela manhã, mas desacelerou o ritmo de alta na parte da tarde, em linha com o movimento da moeda americana no exterior. A forte queda da libra por conta do temor de saída não negociada do Reino Unido da União Europeia acabou contaminando outras moedas e contribuindo para fortalecer o dólar no mercado internacional, enquanto o mercado operou aqui e lá fora na expectativa pelos eventos da semana, que incluem indicadores importantes no exterior e reuniões de política monetária nos Estados Unidos, Japão, Inglaterra e do Banco Central brasileiro e ainda retorno do recesso parlamentar. O dólar à vista fechou em alta de 0,28%, a R$ 3,7831.

Em meio à prudência com os eventos da semana, o volume de negócios foi fraco hoje. No mercado de câmbio, o giro no mercado futuro estava em apenas US$ 11 bilhões às 17h15, ante média de giro de US$ 18 bilhões para esse horário. No mercado à vista, o volume somou US$ 503 milhões. Operadores relataram que tesourarias e fundos foram às compras da moeda americana. No mercado futuro, os estrangeiros reforçaram na sexta-feira as posições compradas em US$ 573 milhões, segundo dados da B3. Estas posições ganham com a alta do dólar e indicam a prudência com os próximos dias.

Mesmo o Credit Default Swap (CDS) de cinco anos do Brasil operou praticamente estável, a 123 pontos, segundo cotações da IHS Markit.

Os eventos da semana começam a ganhar corpo nesta terça-feira, quando começam as reuniões para definir os juros aqui e do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Dependendo da intensidade dos cortes no Brasil e lá fora o diferencial de juros do país com o resto do mundo, especialmente em relação aos Estados Unidos, pode ser alterado, influenciando a atratividade dos ativos brasileiros para os estrangeiros. O Société Générale espera corte de 0,25 ponto aqui e pelo Fed. O JPMorgan e o Rabobank projetam corte de 0,50 ponto aqui e 0,25 pelo Fed.

"O dólar se fortalece no começo de que parece ser a semana mais agitada do ano", ressalta o estrategista de moedas do banco de investimento Brown Brothers Harriman (BBH), Win Thin. Mesmo com o corte esperado pelo Fed, o executivo avalia que o diferencial de juros ainda favorece o dólar na economia mundial, por isso a moeda americana tende a se fortalecer no curto prazo. Para o Brasil, ele espera redução de 0,25 ponto, mas ressalta que há várias apostas no mercado de corte maior, de 0,50 ponto.

Juros

O mercado de juros futuros abriu a semana em ritmo lento. Na espera pela decisão de política monetária aqui e nos Estados Unidos na quarta-feira, dia 31, investidores adotaram uma postura cautelosa e preferiram não promover alterações relevantes nos prêmios de risco.

Sem indicadores de atividade e inflação domésticos relevantes e na ausência de movimentos bruscos lá fora, as taxas dos principais contratos futuros de Depósito Interfinanceiro (DI) pouco oscilaram ao longo do dia e terminaram a sessão regular em leve baixa, acompanhando a desaceleração do ritmo de alta do dólar pela tarde. Segundo operadores, a queda dos rendimentos da T-note de 10 anos, referência global para o mercado de renda fixa, contribuiu para o viés de queda dos DIs.

Entre as taxas curtas, o DI para janeiro de 2020 terminou o dia estável, a 5,58%. Na parte intermediária da curva, DI para janeiro de 2021 desceu de 5,45% para 5,44%, enquanto a taxa do vencimento para fechou a 6,31%, ante 6,30%. Entre os longos, o DI para janeiro de 2025 desceu de 6,87% para 6,85%.

Embora segunda-feira seja tradicionalmente um dia de menor liquidez no mercado de juros futuros, o giro hoje ficou muito aquém do costumeiro. E isso mesmo levando em conta que julho é um mês de menos negócios, por conta das férias no Hemisfério Norte e do recesso parlamentar. Foram negociados, por exemplo, cerca de 100 mil contratos com vencimento em janeiro de 2021, menos da metade da média diária da semana passada (216 mil) e no pregão da segunda-feira anterior (132,15 mil contratos).

Operadores e estrategistas de renda fixa afirmam que as apostas para a decisão do Copom já estão consolidadas, o que tira força dos negócios. Segundo operadores, a curva a termo doméstica reflete chances de cerca de 70% de corte da Selic em 0,50 ponto porcentual, para 6% ao ano. No exterior, os mercados apostam majoritariamente em redução em 0,25 ponto dos Fed funds - hoje entre 2,25% e 2,50%.

Para estrategista de renda fixa da Coinvalores, Paulo Nepomuceno, o mercado local está "tentando empurrar" o BC para um corte inicial mais forte da Selic. "Falta saber se o Copom vai sancionar isso. Eu acredito que o BC será mais parcimonioso", diz Nepomuceno, ressaltando que a reforma da Previdência ainda não foi aprovada em segundo turno na Câmara e o que um corte inicial de 0,50 ponto seria muito forte em um ciclo total de afrouxamento estimado em 1 ponto porcentual.

Seja qual for a decisão do Copom, Nepomuceno afirma que "não há motivos para o BC não baixar" a taxa de juros. "Temos uma fragilidade fiscal enorme com arrecadação muito baixa. Juros menores ajudariam na questão da dívida bruta", afirma o estrategista.

Apesar de reconhecer que o mercado se dividiu em relação ao tamanho do corte inaugural da Selic, o economista-chefe do Banco Fibra, Cristiano Oliveira, acredita que o Copom iniciará o ciclo de afrouxamento de maneira "mais comedida", com um corte de 0,25 ponto esta semana, para depois acelerar e reduzir a Selic em 0,50 ponto em setembro.

Para Oliveira, a taxa Selic deve encerrar 2019 em 5% e permanecer neste patamar ao longo de 2020 e dos primeiros meses de 2021. "Sim, a primeira alta seria apenas no primeiro de 2021", ressalta Oliveira, em relatório enviado a clientes.


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